Cicatrizes Doem Mais Que Feridas

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Vamos começar com as esperadas cartas? Pulei as de algumas pessoas pois não consegui pensar muito bem em algo relevantekkkkkk

Votem e comentem!

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Gizelly Bicalho.

Não sabia que Marcela ainda tinha tanto efeito sobre mim até o ocorrido no quarto, caso quisesse eu seria dela naquele momento sem problema algum e se não fossemos interrompidas não teria noção de onde tudo acabaria. Saí do cômodo um tanto desnorteada, não fazia ideia de como encararia o Gustavo e contaria o que aconteceu, me deixava ainda mais perdida o fato de eu achar que o beijo não foi errado.

A chuva caía lá fora e conseguia trazer um sentimento de nostalgia. Sabe quando sentimos falta de algo que nem mesmo aconteceu? É essa sensação que eu tinha ao lembrar de nós, de mim e Marcela. Fiquei pensando em como seria se tudo tivesse sido diferente; como seria se ela tivesse sido inteira para mim, se estaríamos juntas naquela altura. Foi muito fácil gostar de Mc Gowan, foi fácil me entregar, e deixá-la entrar no meu lar.

Às vezes, me perguntava como pude mergulhar tão profundo em alguém em tão pouco tempo e porquê deixei isso acontecer. Acho que era tão exagerada, tão intensa e insana, que acabei não tendo medo da dor. É como se ela fosse meu combustível, talvez eu tenha vício de me machucar. Mas com Marcela não foi somente como um ralado no joelho que logo sara, ela me destruiu como um tiro que vai dilacerando tudo por dentro. É... era isso. Mesmo naquele tempo tendo a certeza de que no final eu podia quebrar a cara, continuei indo em frente sem medir as consequências e meu estado final. Creio que esse foi o meu maior erro, me doar demais.

- Onde você estava? - Gustavo sussurrou em meu ouvido.

- No quarto colocando Alessia na cama. - Respondi virando-me para olhá-lo. - Por que? 

- Esse tempo inteiro para colocar uma criança na cama? - Questionou cruzando os braços. - Parece até que não foi só a Alessia.

- O que está querendo insinuar? - Franzi o cenho. - Se quisesse realmente me achar teria ido lá.

- Não estou querendo dar a entender nada, quero que você me diga. - O duplo sentido no que falava me deixou confusa e envergonhada. - Por que estava chorando?

- Eu não estava chorando.

- Aprenda a mentir melhor. - Disse dando-me as costas. - Quando quiser me contar o que aconteceu saberá me encontrar.

- Ei, volta aqui. - Fui em sua direção segurando o seu braço. - Vamos embora, estou me sentindo mal.

- Vou chamar a todos para lermos logo as cartas e iremos. - Estava sério, não havia o sorriso que sempre era direcionado a mim. - Espere aqui na sala.

- Não quero saber dessas cartas, Gustavo! - Exclamei o vendo arquear uma sobrancelha. - Esquece essas porcarias, vamos para o nosso apartamento, estou te pedindo. - Na verdade praticamente implorava. - Deixa isso para lá.

- Quero saber o motivo de toda essa sua recusa em abrir o baú, iremos ficar e ponto final. - Deu a última palavra. - Eu não tenho mais paciência para ver você ficar desestabilizada toda vez que encontra a Marcela, então acabaremos logo com isso colocando as cartas na mesa.

- Gustavo, por favor... - Foi tudo o que disse enquanto ele se afastava. - Quero ir para... - O vi sair do meu campo de visão.

Octeto, essa era a regra que regia meu grupo de amigos. No início éramos oito, e por ser amizades construídas dentro de uma sala de aula decidimos por procurar algo que aprendemos dentro dela para simbolizar nosso afeto. Foi quando em uma aula de química nos foi informado que o carbono precisa de oito elétrons para estar estabilizado, daí que tomamos para nós a teoria de que precisaríamos das oito pessoas que formavam o grupo para estarmos estáveis.

Entrelinhas | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora