Canto das Fadas

962 91 122
                                    

Marcela Mc Gowan.

Na infância eu amava ouvir histórias de finais felizes, posso lhe dizer de maneira exata quantas vezes foram que minha mãe não se deitou ao meu lado e me contou histórias onde o príncipe encantado e a princesa ficavam juntos no final, toda noite o ritual era o mesmo, eu deitava e minha mãe se deitava ao meu lado e lia intermináveis histórias de amor. Eu acreditava em finais felizes, mas vivia na pele que meu final feliz não significava casar com a minha princesa.

Até porque minha princesa estava de casamento marcado e apesar de sua incrível teimosia em assumir que o amor, o qual jurava que havia adormecido, estava plenamente acordado e vivia intensamente dentro de si, preferia se casar com outro alguém. Eu sabia de tal fato, porém não havia como converter sua constatação errônea e em nossa última ligação apenas me certifiquei que havia perdido a luta, mas não a guerra. Não estava disposta a desistir tão fácil. Um amor que sobrevive a marcas do tempo de forma inteira e pulsante era a certeza que sobreviveria eternamente afinal apenas o amor verdadeiro é único a esse ponto.

- Marcela, vocês estão prontas? – Perguntou Alana afobada pelo telefone. - Estou chegando em cinco minutos, quero todas vocês lá na portaria.

- Me dê mais dez minutos, Alana. – Pedi tentando arrumar o laço perfeitamente no cabelo de Alessia enquanto Liz colocava o sapato. - Não entendo o motivo de sair conosco no dia do aniversário da Alessia dessa maneira, e outra Alana, pode me explicar o porquê da roupa de princesa?

- Surpresa. – Disse gargalhando. - Se apresse que não posso esperar.

Um dia antes do aniversário de Alessia, Alana apareceu praticamente de madrugada em nosso apartamento, eu havia me mudado há alguns dias, meu mais novo lar ainda parecia uma zona de guerra, entretanto as meninas mesmo que limitadamente estavam me ajudando a arrumar em seus devidos lugares algumas coisinhas.

Ela estava com uma cara de cansada e um pouco desleixada para o meu gosto, seu rosto abatido demonstrava que necessitava de uma boa noite de sono, mas não ousei perguntar quando vi em suas mãos sacolas, milhares de sacolas diferentes. Quando questionei o que era, a ruiva me ignorou e chamou pelas meninas distribuindo presentes.

Eu podia imaginar o que Alana estava aprontando, era realmente estranho o fato dela aparecer assim, mas apenas aceitei ao ver minhas filhas sorrindo feito bobas ao olharem seus presentes. Alessia havia ganhado um vestido amarelado idêntico ao da Bela do filme "A bela e a Fera". Já Maria Liz tinha sapatilhas brilhantes nas mãos e seus olhos brilhavam feito ouro e diamantes ao puxar um vestido rosa, dizendo que parecia com o da Aurora. O sorriso que elas tinham eram os mais bonitos já vistos por mim.

- Mamãe, ela já está pronta e tia Lana já está na portaria. – Liz me informou enquanto me puxava a força dos meus devaneios e lembranças.

- Alessia, você está linda, minha filha. – Beijei sua testa. - Você também, meu amor. - Acariciei a Liz. - Minhas princesas.

- Somos as mais belas princesas do reino! - Gritavam e pulavam animadas.

Caminhei com as duas saltitantes a minha frente e vi a felicidade contagiante que tinham. Naquele dia Bianca só havia sido pauta duas vezes o que era uma grande evolução. Vi minhas filhas saírem em disparada ao enxergar o carro de Alana estacionado perto da portaria e pararem no mesmo instante se dando conta que poderiam e levariam uma grande bronca da minha parte se saíssem sem dar a mão.

- Desculpa, mamãe. – Liz continha um sorriso envergonhado no rosto e Alessia um sorriso sapeca.

Posicionei as duas no banco de trás e depois de prendê-las no cinto devidamente me sentei ao lado de Alana.

Entrelinhas | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora