Naquele dia, os soldados das trevas levantaram, com a mesma arrogância de sempre. Gabavam-se de que venceriam mais um combate sem o mínimo esforço. Trovas, primeiro capitão da guarda de Baruk, caminhou pelo meio dos homens com olhar flamejante, e, parando no meio do arraial, levantou a voz e exclamou:
- Preparem-se homens! Hoje destruiremos de uma vez por todas a Caleb e seus fracos soldados! Provaremos que ninguém pode parar diante do exército de Baruk, o grande. EM NOME DE BARUK! - gritou.
- EM NOME DE BARUK! - gritaram os soldados em resposta ao seu capitão.
Imediatamente todos se dirigiram ao rio de águas cristalinas, que havia próximo ao acampamento, para encherem seus cantis. Muniram-se de suas armas, e ajuntaram-se em formação. Trovas montou em seu cavalo, e ordenou que marchassem. E assim partiram ao campo de batalha.
Havendo ainda uma distância de quatro estádios entre os dois exércitos, um mensageiro que Trovas havia mandado para espionar a situação no arraial de Caleb, retorna.
- Capitão! - saúda o mensageiro.
- Diga o que sabe, soldado. - responde Trovas.
- Capitão, eles enlouqueceram. Caleb vem avançando contra nós com apenas trezentos homens!
- O quê?! - exclama o capitão indignado, porém com um sorriso perverso nos lábios - Nós somos o exército mais poderoso da península, composto por mais de trezentos mil homens, e eles avançam contra nós com apenas trezentos homens?!
- Ouvi dizerem que o Deus deles deu esse mandamento a Caleb - explica o mensageiro.
Além de extremamente violentos, os habitantes das Províncias do Leste são adeptos à idolatria. Por isso, ao ouvir o que mensageiro acabara dizer, Trovas exclamou em alta voz.
- Pois mostraremos a eles que os nossos deuses são muito mais poderosos, e que Baruk, semideus encarnado, em breve terá todo o poder na terra e nos céus.
Todos os soldados também gritaram, e aumentaram o ritmo de sua marcha. Estavam com sede de sangue, e mais violentos do que nunca; nada os faria recuar naquele momento. Ou, pelo menos, era o que pensavam.
Do outro lado, Caleb e seus homens avançam em silêncio. O rei vai clamando em seu coração, para que Deus, de alguma maneira, os livre daquele mal.
Os soldados de Enderlik pareciam sentir a aflição de seu rei, então seguiam clamando, também em silêncio. E mesmo aqueles que não tinham tanta força para clamar, avançavam sem pronunciar palavra alguma, respeitando a comunhão dos demais.
Porém, em certo momento, a preocupação acaba falando mais alto, e maus pensamentos tomam conta da mente de Caleb, perturbando seu coração e seu espírito.
Será que ele realmente tinha ouvido a Voz de Deus? Ou aquilo fora apenas um delírio de sua mente? Avançar com uma quantidade tão pequena era a melhor escolha? Estaria levando trezentos de seus homens para uma morte certa?
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A Saga de Suria: Em Busca da Verdade
AventuraUma princesa, uma caverna e muitos segredos. Suria é uma jovem monarca que vê seu mundo virar de cabeça para baixo. Seu próspero reino agora parece um cenário de lendas de terror, seu pai já não se importa com a família e com o reino, e sua amada mã...