Capítulo 3 - Eles enlouqueceram

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          Naquele dia, os soldados das trevas levantaram, com a mesma arrogância de sempre. Gabavam-se de que venceriam mais um combate sem o mínimo esforço. Trovas, primeiro capitão da guarda de Baruk, caminhou pelo meio dos homens com olhar flamejante, e, parando no meio do arraial, levantou a voz e exclamou:

          - Preparem-se homens! Hoje destruiremos de uma vez por todas a Caleb e seus fracos soldados! Provaremos que ninguém pode parar diante do exército de Baruk, o grande. EM NOME DE BARUK! - gritou.

          - EM NOME DE BARUK! - gritaram os soldados em resposta ao seu capitão.

          Imediatamente todos se dirigiram ao rio de águas cristalinas, que havia próximo ao acampamento, para encherem seus cantis. Muniram-se de suas armas, e ajuntaram-se em formação. Trovas montou em seu cavalo, e ordenou que marchassem. E assim partiram ao campo de batalha.

          Havendo ainda uma distância de quatro estádios entre os dois exércitos, um mensageiro que Trovas havia mandado para espionar a situação no arraial de Caleb, retorna.

          - Capitão! - saúda o mensageiro.

          - Diga o que sabe, soldado. - responde Trovas.

          - Capitão, eles enlouqueceram. Caleb vem avançando contra nós com apenas trezentos homens!

          - O quê?! - exclama o capitão indignado, porém com um sorriso perverso nos lábios - Nós somos o exército mais poderoso da península, composto por mais de trezentos mil homens, e eles avançam contra nós com apenas trezentos homens?!

          - Ouvi dizerem que o Deus deles deu esse mandamento a Caleb - explica o mensageiro. 

          Além de extremamente violentos, os habitantes das Províncias do Leste são adeptos à idolatria. Por isso, ao ouvir o que mensageiro acabara dizer, Trovas exclamou em alta voz.

          - Pois mostraremos a eles que os nossos deuses são muito mais poderosos, e que Baruk, semideus encarnado, em breve terá todo o poder na terra e nos céus.

          Todos os soldados também gritaram, e aumentaram o ritmo de sua marcha. Estavam com sede de sangue, e mais violentos do que nunca; nada os faria recuar naquele momento. Ou, pelo menos, era o que pensavam.

          Do outro lado, Caleb e seus homens avançam em silêncio. O rei vai clamando em seu coração, para que Deus, de alguma maneira, os livre daquele mal.

          Os soldados de Enderlik pareciam sentir a aflição de seu rei, então seguiam clamando, também em silêncio. E mesmo aqueles que não tinham tanta força para clamar, avançavam sem pronunciar palavra alguma, respeitando a comunhão dos demais.

          Porém, em certo momento, a preocupação acaba falando mais alto, e maus pensamentos tomam conta da mente de Caleb, perturbando seu coração e seu espírito.

          Será que ele realmente tinha ouvido a Voz de Deus? Ou aquilo fora apenas um delírio de sua mente? Avançar com uma quantidade tão pequena era a melhor escolha? Estaria levando trezentos de seus homens para uma morte certa?

A Saga de Suria: Em Busca da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora