Capítulo 1 - A Guerra

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           - VOCÊ NÃO ENTENDE NADA! CONTINUA SENDO EGOÍSTA, NUNCA VAI MUDAR!

           - CUIDADO COM SUAS PALAVRAS! ALÉM DE SER SEU PAI, SOU SEU REI!

           - UM PAI QUE NÃO SE IMPORTA COM SUA FAMÍLIA NÃO É UM BOM PAI, ASSIM COMO UM REI QUE NÃO SE IMPORTA COM SEU POVO NÃO É UM BOM REI!

           - JÁ CHEGA! VOLTE PARA OS SEUS APOSENTOS!

           Ah, olá! Não tinha te visto aí. Sinto muito por isso; eles brigam assim há anos. Mas aqui não é um bom lugar para conversar... Venha, vamos dar um passeio pelo reino; eu explicarei tudo.

           Plantações de trigo secas e malnutridas, atacadas pelas pragas e pelo sol ardente. Cães magros e famintos vagueiam pelas ruas, farejando restos de qualquer coisa que lhes sirva de comida.

           Crianças marcadas pela pobreza, com roupas velhas e rasgadas, passam suas tardes sentadas na velha ponte que cruza o impetuoso rio Saar, observando ao longe as fortificações do suntuoso palácio onde vivem o rei Caleb e sua família.

           Triste... não é mesmo? Sabe, Enderlik nem sempre teve este cenário tão cruel. Anos atrás, logo após o nascimento da princesa, todo o reino estava jubiloso. Havia abundância de mantimentos, a terra era fértil, as crianças corriam pelas ruas, e por toda a parte o povo exultava pela chegada da jovem monarca.

           Mas, como nem tudo são flores, a alegria logo se esvaiu do reino, e foi substituída por pavor. Tomado pela inveja por nossa prosperidade, Baruk, autodeclarado rei das Províncias do Leste, convocou seu gigantesco exército e o enviou a Enderlik com um único e latente propósito: matar a família real e conquistar nossas terras.

           O rei Caleb não teve outra escolha senão enviar sua esposa, rainha Aylla, e sua recém-nascida filha, princesa Suria, para uma fortaleza ao norte do Reino. Ele, porém, ficou com seus soldados, para pelejar contra a invasão inimiga que adentrava pelos portos de Enderlik (única rota marítima que possuímos).

           O ataque converteu-se numa terrível guerra que perdurou por 3 infindáveis anos. Milhares de habitantes, incluindo crianças e idosos, foram cruelmente mortos a fio de espada pelos soldados das trevas (como foram apelidados os invasores).

           E mesmo aqueles que conseguiam fugir dos ataques, acabavam perecendo pela fome, já que todas as nossas plantações foram completamente devastadas. O cenário era como que saído da mais terrível lenda; o choro nas casas era nítido a qualquer um que passasse pela região, e o temor estampado no rosto do povo era desesperador. Não havia saída. Não havia socorro. Não havia luz.

           "Porque sucedia que, semeando Israel, subiram os midianitas e os amalequitas; e também os do Oriente contra ele subiam.
           E punham-se contra eles em campo, e destruíam a novidade da terra, até chegarem a Gaza: e não deixavam mantimento em Israel, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos."
                                (Juízes 06: 03 e 04)

A Saga de Suria: Em Busca da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora