A Saga de Suria: Em Busca da Verdade

Capítulo 27 - Reconciliação

- O QUE? - Exclama Caleb - MALDITO! VOCÊ ME DEU SUA PALAVRA!

- Ora, amigo... Depois de todos esses anos você ainda não me conhece? - Baruk diz, sarcástico, e depois ordena ao príncipe - Zared! Acabe com isso!

Zared está confuso; perdido, na verdade. A tempestade de sentimentos que sente dentro de si parece prestes a afogá-lo. Seguir as ordens de seu pai sempre foi sua prioridade, por que essa hesitação agora? Acabar com a vida de pessoas inocentes é... normal... não é?

- ZARED! O QUE ESTÁ ESPERANDO?! - Baruk grita - FAÇA O QUE MANDEI!

- NÃO! - o príncipe o encara, e exclama - O que estamos fazendo não é certo! Essa não é a melhor opção!

Os soldados negros, que estavam presentes no local, ficam espantados. Nunca ninguém desafiara o rei antes; mesmo sabendo que não estavam seguindo o melhor caminho, todos temiam em contrariá-lo. Mas agora, o príncipe herdeiro fizera o que todos apenas sonhavam.

Baruk, por sua vez, fica cheio de ira. Seu coração perverso está fervendo, destilando ódio, e seus olhos pareciam lançar dardos inflamados na direção de Zared.

- COMO OUSA ME DESAFIAR?! QUEM VOCÊ PENSA QUE É?! INGRATO, MALDITO!! MERECE O MESMO FIM QUE ELES!! LEVEM TODOS PARA O CÁRCERE, INCLUINDO ESTE TRAIDOR! - o rei ordena aos guardas, que levam Caleb, Suria e Zared aos calabouços.

Na prisão, ambos são lançados na mesma cela. O velho rei, empurrado pelos soldados, cai com rosto em terra. Suria, então, o ajuda a se levantar; e ele, enquanto põe-se de pé, observa sua jovem filha; como está bela... Por que ela o estava tratando com carinho depois de tudo o que lhe fizera?

- Suria... - Caleb diz, com hesitação - Filha... me perdoe.

Ao ouvir isto, a princesa fica atônita. Há anos ele não a chamava de filha... Muito menos pedia perdão por algo.

- Está... está tudo bem... papai, eu te perdoo. Nós nos afastamos de Deus, por isto este mau nos sobreveio. - diz Suria.

- Não... Eu me afastei de Deus, e afastei você e sua mãe também. Espero que ela consiga me perdoar também.

- Todos nós erramos - a princesa, com lágrimas nos olhos, tenta consolá-lo - Tenho certeza que a mamãe já te perdoou.

- Obrigado, filha - diz o rei, já aos prantos, abraçando a jovem.

- Princesa... - Zared os interrompe.

- Sim? - Suria responde, virando o olhar ao rapaz.

- Por que... por que o arqueiro fez aquilo? - ele indaga.

Os olhos da princesa se enchem de lágrimas. Por que Sarim fizera aquilo? Essa é uma excelente pergunta... Ela, então, respira profundamente, e profere, em doces palavras, uma simples explicação:

- Por amor... Ele sentiu que Deus ainda tem uma obra pra fazer em sua vida.

- Mas por quê?! Eu sempre ofendi e blasfemei contra O Deus que vocês servem... Eu queria matar vocês! Ele não devia ter feito aquilo - Zared exclama.

- Nós não temos o direito de julgar ninguém. Se Deus decidiu te perdoar, quem somos nós para não fazermos o mesmo? - diz a jovem, com sabedoria.

De repente, um silêncio profundo se instaura no ambiente. Zared, em um canto da cela, reflete sobre o que Suria acabara de explicar... Mesmo depois de tantos anos vivendo na escuridão, Deus ainda É capaz de perdoá-lo? Ainda é possível mudar, e trilhar um novo caminho? E por onde começar?

Já Caleb, por sua vez, refaz todos os seus passos ao longo dos anos... Como pôde aceitar tamanha loucura? Como se já não bastasse ele próprio ter se afastado de Deus, ainda fez com que seu povo caísse em ruína, por pura ganância. O rei, então, lança mão de seu pequeno mapa dourado, que carregava consigo, e passa a observá-lo, mas desta vez com desprezo.

- Onde conseguiu isto? - Suria o desperta de seus pensamentos.

- Há anos encontrei um dos livros de Melchior, meu avô... Na verdade, você o encontrou - ele faz uma pausa - E lá havia um enigma sobre a localização de Zaruach Gachar - estende o pequeno objeto de ouro em diração à jovem, para mostrar o mapa entalhado.

Surpresa, a princesa desata o colar de seu pescoço, pega o amuleto que Sarim lhe entregara, e o compara ao de seu pai.

- Eles são... - ela sussurra.

- Completamente... iguais. - completa Caleb.