Capítulo 31 - Nova chance

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           Naquele momento, não só o sangue obscuro de Baruk escorria pela terra, mas também uma suave chuva, que começara a cair sobre o reino, levando toda a imundícia trazida pelos inimigos. Pelas ruas, ainda se ouve choro e grande alvoroço, mas desta vez de alegria e regozijo. Caleb lança-se sobre seus joelhos, e lágrimas lavam-lhe a face, enquanto agradece a Deus em alta voz. Suria também ajoelha, e o abraça em prantos.

           - Deus Altíssimo e Santo... Obrigado!! BENDITO SEJA DEUS!! - exclama o rei.

           - BENDITO SEJA DEUS!! - respondem os demais.

           Em meio aos louvores, então, eles observam ao longe os soldados negros, confusos, cegos, e desesperados. No íntimo de sua alma, Caleb sentiu da parte de Deus que eles ainda mereciam uma chance de conhecer O Verdadeiro e Santo Caminho, tal qual seu maligno líder teve, apesar de não O ter aceito. Ele dirige-se ao grupo e, alçando a voz, chama a atenção para si.

           - Meus irmãos, escutem! Baruk os vinha guiando por um caminho sombrio por todo este tempo, e agora a cegueira espiritual na qual se encontravam agora manifestou-se em sua carne. Mas Deus, O Verdadeiro Deus, ainda quer dar a vocês a chance de reconciliarem-se com Ele.

           Naquele momento, todos que ali estavam sentiram fortemente a Presença de Deus, e os soldados negros, agora não mais adeptos às trevas, aceitaram a Belíssima e Santa Oportunidade que lhes fora ofertada. E, tão logo receberam Deus em seus corações, aqueles homens foram libertos da cegueira, o que os fez aumentar ainda mais a Fé. Finalmente, havia paz nos corações, e em todo o reino de Enderlik.

           Por onde passam, os aldeões exultam, e louvam a Deus com toda a alma por tão grande vitória. Suria, andando um pouco mais atrás de Caleb, também traz consigo uma imensa alegria; porém, seu coração ainda guarda uma aflição: sua mãe. Como estaria ela? Será que Baruk a assassinara com os demais inocentes? Os esforços para se livrar destes pensamentos são grandes. Até que seu pai, atentando para ela e sentindo que algo não ia bem, a puxa para mais perto, e ambos passam a andar abraçados.

           - Você acha que a mamãe está bem? - ela pergunta baixinho.

           - Tenho certeza de que Deus não a desamparou. - responde o rei com um sorriso.

           A princesa, então, se lembra de Sarim. Ele teria amado ver a conversão de todos aqueles homens, assim como amou quando ela se reconciliou com Deus. Seu coração dói profundamente, e uma lágrima lhe escorre pela face; desta vez, Suria reconhece o sentimento que habita no íntimo de sua alma desde que conhecera aquele jovem arqueiro. Um amor puro e genuíno, plantado e cultivado pelO Próprio Amor Supremo, Deus. O choro, porém, é enxugado antes que alguém sequer perceba; sabemos, porém, que Deus percebeu. 

           Chegando no palácio, pai e filha correm aos aposentos reais, a ver o estado de Aylla. Felizmente, a rainha ainda está viva, mas ainda continua deitada; em seu rosto é possível ver um leve sorriso ao perceber a presença dos dois. E, num sussurro quase inaudível, ela pronuncia:

           - Caleb... Suria... Deus trouxe...

           - Sim, querida - responde o rei - Deus nos trouxe em segurança. E o melhor, Ele nos trouxe para Sua Presença novamente! Nos reconciliamos com Deus, meu amor! - ele diz, lançando-se sobre o leito, e abraçando sua esposa aos prantos.

           Suria, chorando, também vai até os pais, e os abraça. Finalmente estão reunidos sob as Asas de Deus.

A Saga de Suria: Em Busca da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora