Capítulo 11 - Rumores de guerras

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          - O que?! - exclama Suria espantada.

          A data no pergaminho indica que foi escrito há três meses atrás.

          - Então é por isso que ele está tão furioso... - a jovem pondera - sua posição e riqueza estão ameaçadas.

          Apesar de ser evidente que havia em Enderlik uma inacreditável fonte de metais preciosos, Suria nunca soubera a verdade sobre a mina. Não até aquele momento. Mas e quanto a essa água milagrosa? O que mais se esconde nessa caverna? Ela precisava de respostas.

          A jovem esquadrinha todos os livros que estão sobre a mesa, mas não encontra nenhuma explicação. O único que ela ignora é uma Bíblia, empoeirada, e deixada no canto da escrivaninha.

          Além da personalidade áspera, Suria desenvolveu uma extrema descrença; há anos deixara de acreditar na existência de Deus. Afinal, se Ele realmente existisse, não teria deixado seus pais e seu reino chegarem àquele estado.

          Sem as respostas que tanto precisava, ela deixa o quarto. Questionar o rei sobre Zaruach Gachar não era uma opção. Como ela poderia descobrir a verdade?

          A noite avançava, mas Suria não conseguia dormir, nem sequer fechar os olhos. A cada segundo, um novo pensamento vinha à sua mente. As ideias eram ínumeras. Ela poderia partir em uma busca sozinha; ou quem sabe pedir ajuda a Osnã...

          Não, não adianta. O capitão da guarda jamais a ajudaria às escondidas de Caleb; e como sair em uma busca sozinha se ela não tinha sequer uma pista da localização da mina?! O sono acaba a vencendo, e Suria adormece.

          No dia seguinte, como de costume, o café da manhã foi em silêncio. Pai e filha sentam-se distantes um do outro, cada um em uma extremidade da gigantesca mesa. Caleb parece não se importar com a presença de Suria ali, e muitos menos com a ausência de sua esposa, que já não consegue juntar-se a eles para as refeições.

          A princesa também demonstra desinteresse, mas seu coração dói intensamente ao se lembrar das manhãs de sua infância, quando seus pais brincavam com ela, e todos riam juntos depois, é claro, de orarem agradecendo pelo alimento.

           De repente, o silêncio é interrompido por um soldado que chega às pressas:

          - Majestade! - exclama o soldado.

          - Por que me incomoda à essa hora, soldado? - indaga o rei com toda a sua grosseria.

          - Majestade, há um mercador que veio nos procurar. Ele diz que Baruk está se preparando para avançar contra nós com um exército de quinhentos mil homens!

          - O QUÊ?! - grita Caleb - ISSO É IMPOSSÍVEL! NÓS OS ANIQUILAMOS HÁ DEZESSETE ANOS!

          O rei levanta-se e sai da sala sem dar explicações, deixando o mensageiro e a princesa atônitos. Suria sabe que essa reação é comum quando ele está furioso, mas aquela notícia a deixa em pânico. Contudo, ela não demonstra sua preocupação, e apenas retira-se.

          Em seus aposentos, a princesa caminha de um lado para o outro. Uma guerra agora? AGORA?! Como ela protegerá sua mãe? E o povo? Todos vão perecer. O desespero toma conta de seu coração, e ela corre ao quarto dos pais, para desabafar com sua mãe.

A Saga de Suria: Em Busca da VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora