15 - Vai ficar tudo bem

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Esperei a comida ficar pronta e então coloquei na mesa. Amélia acordou gritando, quando ela acorda assim, significa que dormiu tudo!
Peguei ela do ninho e peguei no colo.

Bruno: Essa neném tá muito grande! Tem que crescer mais devagar! Daqui uns dias já ta andando! Ela é tranquila?

Helena: É! Demais. Ela fica bem de boa só comigo ou só com o Alex.

Bruno: Bonequinha! Eu vi ela nascer, era um tico de pequena!

Helena: Era! A mãe dela nem entra em contato pra ver ela, desde que o Alex assinou os papéis.

Bruno: Eu tenho dó da mãe dela, mas não podemos fazer nada a respeito...

Helena: Pois é! Mas ela é muito amada, e cuidada por nós!

Bruno: Isso eu acredito, a vida do Alex é falar dela pros enfermeiros - risos -

Helena: Isso é porquê você quase não opera com ele, é a cirurgia toda falando dela.

Bruno: Imagino!

Helena: Bruno, você pega ela pra eu colocar essa louça na pia e pegar o mousse?

Bruno: Pego sim! Vem cá bebê!

— entreguei Amélia pra ele —

Helena: Você não falou mais com a Karol?

Bruno: Falo sempre. Ela tá melhorando.  Já já volta a trabalhar. Mas ela disse que tá querendo ir trabalhar no exterior, pra se aprofundar nas pesquisas.

Helena: Ainda bem. Foi difícil pra todo mundo essa perda. Mas foi a vontade de Deus, ela descansou.

Bruno: É...

Helena: Vamos ali pra sala, pra assistir alguma coisa?

Bruno: Vamo.

Levei o mousse e os copos numa bandeja até a sala. Coloquei na Netflix e o Alex escolheu uma série. Colocamos a Amélia no meio, deitada no ninho.

Já era mais ou menos 00h quando Alex chegou, e nós ainda estávamos assistindo e conversando dobre coisas aleatórias.

Alex: Boa noite pessoal, como foram de noite?

Bruno: Boa noite amigão, até que voltou cedo.

Helena: Deu bom o rolê, Alex?

Alex: Deu sim, fazia muito tempo que eu não saia assim pra me divertir.

Helena: Que bom! A Amélia dormiu faz uns 40 minutos já, quer colocar ela no berço?

Alex: Coloco sim.

Bruno: Bom gente, eu acho que já vou indo. Já ta tarde né? E amanhã tenho plantão as 10h.

Alex: Mas já? Nem vamos conversar um pouquinho?

Bruno: Fica pra outro dia, beleza? Tchau cara, se cuida.

Alex: Tchau Bru.

Helena: Eu acompanho vocês até a saida.

Descemos pelo elevador, conversando sobre como o Alex parece estar feliz de alguma maneira, coisa que ele não aparenta sempre.

Quando chegamos lá, dei tchau pro Bruno, e ele entrou no carro. Fiquei esperando ele ir para eu subir.
Mas ele não foi, e o carro fez um barulho estranho.

Bruno: Droga! Acho que esse carro tá com algum problema. Agora não pega... e esses dias tava assim já.

Helena: Nossa, que coisa... Quer que eu te leve de carro? Eu pego a chave e levo, não sou boa motorista, mas to pegando jeito - risos -

Bruno: Será? Eu posso chamar um táxi.

Helena: Não, que isso. Deixa que eu pego as chaves lá e levo. Me espera aqui.

Subi novamente e peguei as chaves do meu carro, avisei ao Alex que estava indo levar o Bruno.

Alex: Cê sabe voltar sozinha?

Helena: Sei, claro. E qualquer coisa te ligo.  Não tenho medo não.

Alex: Se cuida hein. Vou tomar um banho e fico te esperando.

Helena: Ok.

Desci e funcionei o carro, e o Bruno logo entrou.

Helena: Vai deixar o carro aqui mesmo?

Bruno: Vou, chego lá em casa e já ligo pro guincho vir pegar.

Helena: Ah, sim.

Funcionei o carro e fomos, Bruno foi me guiando, já que eu não sabia bem ao certo onde era. No meio do caminho, ele pergunta:

Bruno: o Alex não namora faz tempo, né?

Helena: Que pergunta é essa? - risos -

Bruno:  Sei lá, não vejo ele falar dessas coisas.

Helena: O sonho dele é ter alguém sabe, uma namorada ou algo mais, mas ele não liga. É o tipo de pessoa que... só segue a vida.

Bruno: entendi. Você é assim também pelo jeito né? Vejo outras residentes se jogando pra cima dos médicos, e você não é desse jeito.

Helena: É. Não sou não - risos -

Bruno: Aconteceu alguma coisa, pra você ser assim?

Helena: Aconteceu, mas foi bom. Eu aprendi muito com oque houve.

Bruno: Eu aprendi várias e várias vezes também . - risos - É aqui.

Helena: Bom, o doutor está em casa. - risadas -

Bruno: Obrigado mesmo, não precisei gastar meu dinheiro pra chamar um táxi. - risos -

Helena: É verdade! Bom, eu vou indo, se não o Alex fica louco.

Bruno: Então tá, obrigado por tudo hoje, tava muito bom. Não sabia que além de uma ótima futura médica você também cozinha bem assim!

Helena: - Risos - Obrigada. Quando quiser ir lá em casa pode ir, não preciso chamar não, tá?

Bruno: Beleza. Boa noite Helena. Nos vemos amanhã?

Helena: Nos vemos sim. Se cuida.

Bruno: Se cuida também..... Então, tchau.

Ele desceu e entrou. Eu logo fui pra casa, e no caminho fui pensando se o Bruno queria me dizer mais alguma coisa, ele parecia estar querendo falar algo, mas talvez fosse apenas impressão.
Eu sei que eu não deveria estar ficando tão íntima de um cirurgião, aliás, do cirurgião que quase me colocou numa emboscada. Mas.. ao mesmo tempo é tão bom ter alguém novo, alguém que me faça querer ser melhor no que faço.

Eu sei que eu não devo confundir as coisas, e que não quero passar pelo que passei novamente. Mas por outro lado, um trauma não me define. Nem todo relacionamento é como era o meu com o Carlo, e quem nem todos vão me abandonar... mas é difícil. É algo que me faz me desconcentrar totalmente dos estudos... E fora que as pessoas iriam falar demais, garanto que iam ter aquelas pessoinhas que iam dizer que é por interesse na cirurgia geral. Mas é a vida

Calma! Só respira, Helena. Tudo tem o tempo certo. Eu digo a mim mesma sempre, e funciona. Vai ficar tudo bem.

Por trás das paredes do hospitalOnde histórias criam vida. Descubra agora