2 - Chegadas e partidas

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Helena narrando -

Cheguei em casa super cansada e fui dormir. Nem comi, e como já tinha tomado banho no hospital nem precisei tomar outro em casa.
No outro dia, fui mais tarde, pois ia ficar só na emergência.
Assim que cheguei, o Doutor Alex ( da neurologia) foi falar comigo. Eu o conheço a mais ou menos uns dois anos. Ele já foi meu melhor amigo praticamente nesse hospital, principalmente no primeiro ano.

Dr Alex: Bom dia, minha pediatra favorita!

Helena: Bom dia doutor. Tudo bem?

Dr Alex: Graças a Deus! Você tá fazendo alguma coisa a noite?

Helena: Não não. Agora minha vida é esse hospital. Passo o dia todo e só chego à noite pra dormir mesmo. As provas tão chegando também é, o medo fica cada vez maior.

Dr Alex: Que pena! Você podia se matricular no curso da doutora Karoline e do doutor Bruno, sobre algumas técnicas cirúrgicas e especializações.

Helena: Sei lá, não fui muito com a cara daquele Médico lá. Ele é muito intrometido.

Dr Alex: Ele não era assim, até conhecer a Karoline. Aquela lá.... Eu estudei com ela no ensino médio. Sempre quis ser tudo e mais um pouco.

Helena: Pois é. Mas to de boa por enquanto.

Dr Alex: Bom, vou indo porque tenho cirurgia daqui a pouco. Tchau Heleninha.

Helena: Tchau.

Telefone toca ——

Helena: Olá! Emergência do Hospital Universitário de São Paulo, tudo bem?

S/n: Doutora? Tenho um parto normal pra daqui cinco minutos, mas não vou conseguir chegar a tempo. Ela já está dilatando, então se puder você faz o parto pra mim?

Helena: Residente de terceiro ano pode?

S/n: Ah, deixa pra lá. Chama alguém da obstetrícia por favor.

Helena desliga o telefone ——

Liguei pra doutora Livya, dava fora de área. Provavelmente estava em cirurgia e tinha deixado o celular desligado. Liguei para outros obstetras e nenhum atendia. Como tinha tempo, fui procurar o Doutor Francisco, na neonatal, que também fazia partos. Mas logo escutei o botão de emergência chamando. Era a gestante que já estava pra ganhar o bebê. Então chamei a enfermeira da obstetrícia e perguntei se ela podia me ajudar, ela concordou então subimos para o quarto e a moça já estava com muita dor.
Só tive tempo de me posicionar e esticar os braços. A enfermeira foi pegando as toalhinhas e logo a gestante fez mais força e o neném nasceu! Era lindo, um menininho branco do cabelo bem preto. Foi o meu primeiro parto, e foi maravilhoso. Foi tudo muito rápido, então assim que peguei o neném no colo entreguei-a para a enfermeira dar o banho e vestir a roupinha dele.
Levei a mãezinha para um quarto mais aconchegante e fui ver o neném dela. Ela não queria ver até o seu Marido chegar, então fiquei encarregada de cuidar dele, e consegui oque mais amo: passar o dia na neonatal pediatra!

Ele é lindo demais! Pelo que a mamãe dele falou, vai se chamar Théo!
Depois de todos os exames do Théo estarem prontos, fiquei apenas admirando aquele pequenininho, até o pai dele e os avós chegarem para vê-lo.
Depois de tudo prontinho, fui tirar o uniforme da obstetrícia e voltei com o meu uniforme normal. Peguei o elevador pra descer pra poder ir embora. Quando cheguei no primeiro andar, fui ao banheiro feminino, que fica ao lado da ex clínica do Trauma. Logo comecei a escutar uns gritos e sem querer (mas já querendo) coloquei a cabeça na parede pra ouvir oque estava havendo.

- ..... Você não liga pra mim, esse é o problema.
- É claro que eu ligo, mas fica difícil compreender uma pessoa bipolar igual você. Poxa, não era o seu sonho ser pedida em casamento?
- Era, mas não já. Eu não o amo o suficiente pra casar com você.
- Você oque? Karol, tá falando sério??

Meu Deus! Era a Karoline e o Bruno, os doutores mais renomados do hospital estava brigando feio. Vi que logo os gritos pararam e alguém entrou no banheiro chorando, provavelmente era ela. Ainda bem que deu tempo de me esconder. Esperei ela sair e depois de uns dez minutos, sai também.
Estava caminhando em direção ao meu táxi, quando vi o Doutor Bruno sentado num banquinho próximo ao estacionamento do hospital. Resolvi me aproximar, afinal como o Dr. Alex falou, ela o tornou grosso desse jeito. E ele não tem culpa de ter se deixado levar...

Helena: Oi...

Bruno: Oi.

Helena: Dia difícil hoje?

Bruno: Mais do que eu esperava.. já ta indo pra casa?

Helena: Já.. Hoje o dia foi bem corrido. Fiz meu primeiro parto normal, e fiquei o dia todo na Neonatal. Foi um dia bom pra mim. Sinto muito que o seu não tenha sido tão bom...

Bruno: Imagina. Sei como é a sensação de estar cada vez mais perto de ser o médico responsável por seus próprios pacientes. Ser residente é meio chato as vezes né?

Helena: Pois é. -risadas-

Bruno: Faz dois anos que terminei minha residência e todo dia é uma surpresa nova, uma nova jornada.

Helena: Você e a Karoline namoram a quanto tempo? Desculpa se for muito pessoal, só pra saber mesmo.

Bruno: Namorávamos a dois anos. No dia em que me formei pedi ela em namoro. E hoje ela teve coragem de olhar na minha cara e dizer que não me ama mais. Só porque a pedi em casamento.

Helena: Eu sinto muito.

Bruno: Imagina. Ela que siga o caminho dela e seja feliz.

Helena: É.. Eu tenho que ir agora, daqui a pouco minhas irmãs chegam pra passar as férias delas comigo.

Bruno: Você tem irmãs? Nem sabia disso.

Helena: Tenho duas. Uma mais velha e uma mais nova.

Bruno: Bom, então vai lá. Aproveita o final de semana. E até segunda.

Helena: Até. Toma cuidado.

Bruno: Eu ? Toma cuidado você, residente! -risadas-

Por trás das paredes do hospitalOnde histórias criam vida. Descubra agora