Por trás das paredes do hospital

6 - Uma longa noite

Helena narrando —

Levantei ás 7h40 da manhã e logo fui me vestir. Nem esperei o despertador tocar. Como sempre tomei uma coca e fui arrumar o cabelo. Depois decidi que estava na hora de chamar o Bruno.

Helena: Bruno? Já deu a hora.

Bruno: Ah, ok. Vou me vestir e já vamos, pode ser?

Helena: Não não, eu vou a pé. Não quero que desconfiem de nada. Ninguém pode saber oque aconteceu. Principalmente a Karol.

Bruno: Não, eu te levo até a esquina e você desce, pode ser?

Helena: Pode.

Entramos no carro e ele me levou até a esquina da rua do Hospital. Parou no estacionamento, pra evitar que alguém que estivesse passando pela rua nos visse. Eu olhei pra trás e não vi ninguém conhecido vindo. Então,

Helena: Bom, acho que posso ir. Tchau.

Bruno: Vai ter coragem de descer sem me dar um beijo?

Helena: É sério?

Bruno: Bom, sei que o nosso "relacionamento" é o mais curto do mundo, mas isso não quer dizer que não possamos nos beijar?!

Helena: Engraçadinho.

Encosto a porta e vou mais perto dele, dou-o um beijo na boca e um selinho na bochecha.

Helena: Posso ir?

Bruno: Agora pode!

Desço do carro e dou a volta para sair pelo outro lado. Chego no hospital em 10 minutos. Logo vejo que o carro do Bruno já estava ali. Entrei como se nada tivesse acontecido, passei por ele e para evitar qualquer tipo de desconfiança não o cumprimentei. Fui para o vestiário e coloquei meu uniforme. Me chamaram pra tomar café mas eu disse que não queria por conta de ter comido em casa já. Logo após o café teria uma reunião, então esperei o horário da reunião e desci até a sala de palestras e reuniões.

Chegando lá encontrei o Bruno, a Sarah e todos os meus amigos internos numa mesa só.

Sarah: Helena! Senta aqui.

A única cadeira disponível era a do lado do Alex, de frente pro Bruno. Então me sentei e logo começamos a conversar sobre assuntos aleatórios.

Sarah: Essa técnica cirúrgica é incrível!

Dr Henrique: Bruno, onde você foi ontem a noite? - ele disse baixo, dando apenas para as pessoas que estarem próximas escutar. -

Bruno: Não fui pra lugar nenhum, porquê?

Dr Henrique: Liguei no seu telefone fixo mas ninguém atendia..

Bruno: Sai com uns amigos que fazia tempo que não os via e acabei ficando por lá mesmo.

Helena: Vocês sabem sobre o que é a reunião? - tentei cortar o assunto -

Dr Henrique: Parece que são algumas novas regras aqui do hospital.

- O segundo chefe do Hospital entra na sala, doutor João Pedro. -

Dr João: Primeiramente um bom dia a todos vocês e obrigado por comparecerem aqui hoje. Essa reunião, como todos os anos, tem como objetivo esclarecer as regras e novidades do hospital. Será lhes dado uma ficha falando sobre todas elas, mas eu só quero falar de cinco delas. A do uniforme, a do celular, a dos relacionamentos amorosos, a dos plantões e a clássica regra geral do pessoal da área da saúde.

Helena narrando ——

Ele levou em torno de duas horas pra explicar todas, certamente se tivesse um trauma agora essa pessoa morreria por falta de médicos. A regra que mais me deixou um pouco incomodada foi a dos relacionamentos amorosos, que deixa claro que um interno não pode ter relacionamento com ninguém dos outros postos (médicos, residentes, enfermeiros), e que fora isso, qualquer relacionamento entre pessoas do hospital deve ser apenas "demonstrado e vivido" fora do hospital. Qual o problema de demonstrar o amor aqui dentro? Credo!