Addie

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Acordo às sete de manhã com o barulho do despertador, reúno uma quantidade de força suficiente para desliga-lo, olho no celular e confirmo a data. 30 de junho. Sinto meu estômago revirar, não quero sair da cama, não quero viver o dia de hoje. Mas contrariando o que meu corpo, mente e coração pedem, me arrasto para fora da cama, depois me arrasto até o banheiro e me arrasto até o meu trabalho.
Percebo que o dia será longo apenas repassando a agenda de Lorelay, que para minha sorte e para completar, havia acordado com humor péssimo e estava despejando tarefas encima de mim.
Anotei todas elas e me sentei para começar.
-Você está bem ma belle? -Elliot coloca um copo de café na minha mesa - você está pálida...
Respiro fundo antes de responder.
-Estou, devo só estar precisando de café -aperto a mão dele - obrigada...
-Addie, o que foi? Você pode conversar comigo -insistiu
Bebi um gole do café formulando mentalmente alguma resposta que fosse o fazer ir embora e me deixar sozinha. Mas involuntariamente minhas mãos começaram a tremer, meu corpo todo começou a tremer. Uma dor agonizante tomou conta do meu peito e um nó se formou na minha garganta. Coloquei o café encima da mesa que trepidava sob o meu corpo. Eu não conseguia falar nada.
-Addie? -Elli perguntou com preocupação.
Fechei meus olhos e os apertei, tentando controlar minha respiração.
-Eu vou chamar alguém, espera aí, você vai ficar bem.
Seguro a mão dele rapidamente para que ele não saía do lugar. Isso já aconteceu tantas vezes que estou aprendendo controlar, ou pelo menos fingir. Acalmo ele e insisto que não precisa chamar ninguém. Ele não parece convencido mas é vencido pelo cansaço. Finjo o resto do dia que estou bem e tento ficar mesmo.
Mas eu sei que não consigo. Não hoje. Na volta para a casa passo no mercado e compro duas garrafas de vodka aproveitando que Charlie só volta amanhã. Tomo um banho, coloco uma roupa confortável e me rendo ao que o álcool me proporciona. Anestesia. Bebo até não sentir o meu nariz, minhas mãos; até não sentir a dor que fuzila de dentro para fora. Até não sentir nada.

ALWAYS BEEN YOU | CHARLIE GILLESPIEOnde histórias criam vida. Descubra agora