ALWAYS BEEN YOU | CHARLIE GILLESPIE

Addie

A última vez que Charlie e eu nos vimos ele não sabia que seria a última. Eu nunca gostei de despedidas, e sinceramente, não queria dizer para o meu melhor amigo que estava indo embora na manhã seguinte. Não sei se ele me perdoou por isso, eu não me perdoei.
E acho que é por esse motivo que eu estou tão nervosa agora.
-Quando tempo... -ele se levantou para me cumprimentar e der repente parte do meu nervosismo foi embora com o abraço apertado que ele me deu. Estar envolta nos braços dele depois de tanto tempo é bom. É realmente reconfortante. É como estar em casa novamente.
-Esse é Owen -me apontou para o loiro alto que também se levantou - E Owen, essa é Addie, minha antiga vizinha do Canadá.
Nos cumprimentamos e eu perguntei se eles queriam mais alguma coisa. Intencionalmente ou não, Owen foi ao banheiro deixando Charlie e eu sozinhos.
-Faz o que? Sete, oito anos? -ele coçou a cabeça e me olhou meio sem graça
-É -forcei um sorriso - acho que mais ou menos isso.
-É muito bom te ver -ele sorriu e dessa vez um sorriso também apareceu nos meus lábios, um sincero dessa vez.
-É bom te ver também.
Silêncio.
-Você, hã... quer sair daqui, sei lá, para a gente colocar esses oito anos em dia?
-Agora não posso, eu preciso ajudar a Casseis a fechar aqui. -respondi e ele assentiu meio decepcionado.
-Mas -continuei - uma outra hora? Vai estar por aqui?
-Vou, estou morando aqui agora... Pode me passar o seu número?
-Claro -peguei uma caneta e o bloco de notas que eu usava para anotar os pedidos, coloquei o meu número de telefone e entreguei para ele - aqui. Me liga.
Nos despedimos novamente com um abraço e eu voltei para os meus afazeres. Quando a noite terminou eu estava tão cansada que mal conseguia parar em pé quando cheguei em casa, apenas apaguei.
No outro dia, decidi ir no mercado comprar algumas coisas para passar o fim de semana, cortei caminho da sessão de bebidas para não precisar me decidir entre o inevitável e acabei comprando apenas uma lasanha para o almoço e suco. Estava andando por aqueles corredores escuros do prédio, com cheiro de podridão me perguntando como foi que eu fui parar ali até que ouvi uma voz me chamando, virei para trás e era Robert, o síndico do prédio.
-Bom dia Robert -sorri
-Addie, eu não tenho boas notícias.
Droga.
-Eu sei que você disse que ia acertar os aluguéis atrasados, mas...
-Eu ia. Eu vou -interrompi ele - Eu só estou esperando meu pagamento cair e juro que vai receber o seu dinheiro.
-Addie eu sinto muito, mas você tem uma semana para desocupar o apartamento. Desculpa.
Fechei meus olhos assim que entrei no meu apartamento e me sentei no chão, minhas pernas estavam tremendo assim como o resto do meu corpo, lágrimas brotaram sem aviso prévio. O que eu ia fazer agora? Eu não tenho para onde ir, porra. Minha mente estava a milhão, uma ansiedade já tomava conta de mim quando ouço meu celular tocar na bolsa. Limpo as lágrimas, respiro fundo e atendo.
-Alô?
-Addie?
A voz era familiar, oi Charlie, bem na hora. Como sempre.
-Charlie?
-Escuta -ele mudou para um tom apressado - O que vai fazer daqui meia hora?
-Meia hora? -pensei um pouco- Teria que olhar na minha agenda, por que?
-Ótimo, te encontro The Rooster para um almoço, ok?
-Quarenta minutos, talvez uma hora, ok?
-Até lá, Addie. -ele desligou