Charlie

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Voltamos para o bar afim de acalmarmos os ânimos e tomar uma água. Nunca havia saído do sério dessa maneira, mas ouvir aquele babaca falando aquelas coisas sobre Addie me deixou cego, eu quis protege-lá, quis que ele parasse, quis proteger ela do seu próprio passado. Depois que a adrenalina passou me lembrei que Addie havia ido ao banheiro mas já fazia um tempo, pedi para que Carolyn fosse olhar se ela estava bem. Não muito depois ela volta correndo.
-Chama a ambulância, agora! -ela estava desesperada.
Não pensei, corri para o banheiro me deparando com ela desmaiada no chão ensangüentada, em uma fração de segundos ela estava no meu colo, e a adrenalina voltou, o caos se instaurou novamente.
Colocamos ela na ambulância e eu entrei para ir com ela, que acabou acordando já na maca. Segurei sua mão suada e pequena.
-Eu perdi o meu bebê? -ela me perguntou em meio a lágrimas.
-Não, vai ficar tudo bem, mas você precisa de acalmar. -acariciei seu rosto.
-Charlie está doendo muito -ela soluçava tentando puxar o ar.
Meu coração estava em pedaços.
Chegamos ao hospital e ela foi direto para um quarto que eu não podia entrar. Owen e Jeremy chegaram logo atrás, foi quando me rendi as lágrimas e ao cansaço.
Um tempo depois quando a ansiedade já estava me matando pela falta de notícias finalmente um médico se aproxima.
-Qual de vocês é Charlie?
-Eu -me levanto
-Pode me acompanhar?
Assenti e o segui.
-Olha, ela está medicada agora, com remédio para dor e para o sangramento, ela vai ficar bem. -ele disse calmamente.
-E o bebê? E o meu filho? -perguntei
-Já não havia mais nada quando ela chegou aqui, ela sofreu um aborto espontâneo, eu sinto muito.
As palavras dele ecoaram em meu cérebro repetidas vezes "não havia mais nada". Não havia mais bebê. Meu filho está morto.
Meu coração se despedaçou novamente, me sentei no chão daquele corredor frio pois meus corpo não possuía forças para ficar em pé. E chorei. Chorei tanto que achei que não fosse conseguir parar. Depois que me recompus minimamente, limpei o meu rosto e me dirigi ao quarto dela, observei primeiro pelo vidro, ela estava tão pequena naquela cama, tão pálida, tão frágil. Ela já havia passado por tanta coisa e agora mais essa.
Tomei coragem e entrei.
-Oi linda -caminhei até ela e me sentei na cadeira ao lado da maca.
-Eu perdi, não foi? -uma lágrima escorreu pelo canto de seu olho.
-Sim -falei - Sinto muito amor.
Ela fechou os olhos e os apertou, eu entendia, também gostaria que fosse a droga de um pesadelo. Tomado de euforia e raiva, muita raiva, eu queria sair dali e bater em qualquer coisa, mas eu precisava ficar com ela. Infelizmente nosso filho agora estava no céu, mas eu ainda precisava cuidar dela.

ALWAYS BEEN YOU | CHARLIE GILLESPIEOnde histórias criam vida. Descubra agora