VI.

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Nora Willians.

O técnico do time da escola saiu e eu me sentei num banco bem no meio do vestiário. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para minha mãe, avisando que não iria para casa tão cedo.

— Quem é você? – uma voz masculina falou e eu pulei, assustada. — Oh, a menina do corredor. – o loiro que estava apenas com uma toalha na cintura respondeu e eu coloquei a mão em frente aos meus olhos, com a intenção de não olhar para ele.

— Você pode vestir uma roupa? O que você está fazendo aqui? – perguntei, de rosto virado.

— Não e o que VOCÊ está fazendo aqui? Eu treino aqui todos os dias tem pelo menos quatro anos. Esse é meu lugar. – ele disse e passou andando por mim, indo até o armário que parecia ser dele.

— Eu também vim treinar. A dona do ginásio disse que eu poderia. – falei, revirando os olhos. — Sério, coloca uma roupa.

— Treinar pra que? – o loiro indagou enquanto revirava o próprio armário. — Vai dizer que não gosta do que vê. – ele se encostou na parede.

— Que? Ai, por Deus menino, deixe de ser convencido. – falei e senti minhas bochechas corarem. — Não, não gosto do que vejo. – respondi encarando ele.

Sim, eu gostava do que eu via. O corpo dele conseguia ser completamente esculpido. O tanquinho perfeito com uma V line marcada. Os braços eram musculosos, mas não exageradamente. O cabelo loiro bagunçado e molhado... sem explicação. Ele era muito bonito. Mas a questão não era essa.

— Que seja. – ele revirou os olhos e virou de costas, tirando a roupa de dentro do armário. Logo, se vestiu e voltou a falar comigo. — Você vai participar da competição de patinação?

— Se estou aqui para treinar, é porquê vou. – respondi seca e tirei meus patins brancos de dentro da bolsa. — Se você me dá licença, preciso treinar. – sorri irônica e peguei minha caixinha JBL, logo saindo do vestiário.

Sentei-me para colocar meus patins e logo entrei no ringue. Sem perceber, meus lábios abriram um enorme sorriso. Dei uma volta completa no gelo e pude sentir como se estivesse flutuando. Eu amava aquela sensação de poder fazer o que eu quisesse em cima dos patins.

Quando estava perto da saída do ringue, vi o garoto encostado me olhando.

— Vem cá, garoto que não sei o nome, você não vai embora não? – perguntei e coloquei minhas mãos no apoio do lado de fora.

— Meu nome é Daniel e sim, eu vou embora. Só quis ver você patinando e na verdade não vi nada além de você correndo igual uma boboca pelo gelo. – ele falou e riu.

— Eu sequer comecei a patinar de verdade. Vai embora, Daniel, e me deixa em paz. – respondi e coloquei música na caixinha.

— Tudo bem, Nora. – ele disse e eu olhei para ele com uma cara de dúvida, querendo saber como ele sabia meu nome. — O colar. Tá escrito Nora. – ele apontou e eu balancei a cabeça negativamente, deslizando até o centro do ringue.

A música começou e eu deixei o meu corpo me guiar. Fazia giros e passos de dança impulsivamente, pois toda vez que eu dançava eu deixava meu corpo me controlar. Eu não pensava em nada além de seguir a música. Quando terminei de dançar, ouvi palmas. Daniel ainda estava ali.

— Você não é ruim. É muito boa, na verdade. Mas precisa de prática.

— Eu não te perguntei nada. – falei ofegante, enquanto tirava meus patins.

— Quanta delicadeza, Nora. Uma verdadeira dama. – ele respondeu irônico. — Qualquer menina daria tudo pra falar comigo pelo menos uma vez.

— Mas eu não sou qualquer menina. – falei vestindo meus calçados e sem olhar para o loiro. — Se você me dá licença, preciso ir embora. – falei e desviei dele para sair dali.

Voltei para o vestiário e peguei minha bolsa. Voltei para pegar minha JBL e meu celular que eu tinha esquecido ali e encontrei ambos os eletrônicos em cima do banco. Meu telefone estava aberto na chamada de emergência e tinha um número.

Sim, o número de Daniel. Pensei em apagar, mas copiei o mesmo e desbloqueei meu celular, logo colando o número e salvando o contato como "Loiro chato". Eu tinha certeza que esse moleque ia me infernizar por muito tempo ainda.

cold as ice ⌗ daniel seavey.Onde histórias criam vida. Descubra agora