XII.

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Daniel Seavey.

— E minha mãe... ela superou. Só agora, sabe? Mas tudo bem, meu pai continua presente em nossos corações. – Nora disse enquanto mordiscava uma barrinha de cereal que eu havia encontrado em minha mala.

— Ele deve ter sido um grande homem.

— Ele foi. – ela sorriu fraco e deu de ombros. — Mas e sua vida? Mãe, pai? Irmãos? – Nora perguntou olhando em meus olhos.

Ela tinha isso de olhar no fundo dos olhos e saber de tudo o que a gente estava pensando ou sentindo.

— Separados desde que eu era muito pequeno. Tenho três irmãos, mas um deles é mais próximo do meu pai. Christian e Anna são os mais próximos de mim. Anna é praticamente minha gêmea, nos parecemos muito. – sorri fraco e fiquei encarando meus pés. — Minha mãe... bom... você conheceu ela. Ela é muito ocupada pra mim e pra minha irmã mas tudo bem, eu a entendo. – dei de ombros.

— Eu sinto muito... – Nora suspirou.

— Nah. – fiz um sinal com a mão, para que Nora não ligasse. — Meu pai mora em Toronto com a família nova dele. Ele só aparece pra me dar dinheiro.

— Oh. Eu não sabia que ele tinha outra família.

— Tem. E a mulher é 20 anos mais nova que minha mãe. – ri nasalado, em tom de ironia. — Mas cá entre nós... Minha mãe é muito mais linda. – falei e Nora riu. — Você patina desde pequena?

— Basicamente. – ela ofereceu a barrinha de cereal e eu peguei o último pedaço. — É muito importante pra mim ganhar essa competição, sabe? – ela abaixou a cabeça.

— Mas por que?

— Por causa do dinheiro. – Nora suspirou, talvez um pouco envergonhada. — Quando meu pai morreu, a família dele pegou todo o dinheiro que ele tinha deixado para mim. Eu e minha mãe ficamos muito tempo sem praticamente nada. Ela até tentou ir atrás do que era nosso, mas os irmãos dele eram advogados então... – ela deu de ombros. — Eu preciso muito do dinheiro pra faculdade. Eu estudei por esses anos todos pra conseguir um bolsa, mas ainda sim não seria uma 100%. Eu precisaria do dinheiro pra pagar, pelo menos nos primeiros anos.

— Eu não sabia... – mordisquei meu lábio inferior. — Mas não tem nenhuma chance da bolsa 100%?

— Até tem... Mas não sou inteligente o suficiente. Quer dizer, eu estudo muito. Mas ainda sim não o suficiente. – ela disse, desanimada.

— Eu duvido. Você vai conseguir sim. E você vai ganhar essa competição. Eu confio em você. – falei e um breve sorrisinho nasceu nos lábios da morena.

— Você não é tão egocêntrico. Talvez eu tenha te julgado errado. – ela riu fraco.

Havia uma mecha de cabelo caída no rosto de Nora. Afastei a mesma, a colocando atrás da orelha da garota. Estávamos perto o suficiente para um beijo. Seus olhos estavam vidrados nos meus.

O celular dela gritou. Sim, estavam ligando pra ela.

— Meu Deus... preciso atender... desculpa. – ela disse, completamente corada e revirando a mala atrás do celular. — Alô? Sim mãe, estou bem. Que? A chuva já passou? Que? Que horas são? – Nora me olhou e eu tirei o celular do bolso. Eram quase nove da noite. — Não, não. Estou indo pra casa. Ok. Também te amo.

— Eu te levo. – falei, já me levantando.

— Não precisa, eu vou andando. – ela ajeitou a calça que parecia estar suja.

— Que? Nunca. Você não vai andando pra casa durante a noite mas nem fodendo. Vamos, meu carro está ali em frente. – ajeitei a minha mala com as coisas do treino no ombro e saímos andando lado a lado.

Nora me fez ouvir ZAYN durante todo o trajeto. A sorte dela, é que Zayn sempre foi meu favorito. Não falamos praticamente nada o caminho todo.

— Na próxima esquina, vira à direita. É a primeira casa branca. – ela disse e eu assenti com a cabeça.

Logo, enxerguei a casa da garota. Estacionei em frente.

— Entregue. – falei e ela riu fraco.

— Obrigada pelo papo hoje. Você é divertido. – Nora disse e deixou um beijo em minha bochecha, logo saindo do carro.

Sorri fraco ao ver ela acenando e entrando em casa. Ela era uma garota legal.

cold as ice ⌗ daniel seavey.Onde histórias criam vida. Descubra agora