XXXII.

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Nora Willians.

Os meninos estavam no rinque e o ar parecia até mais pesado do que o normal. Zach usava a camiseta número 7 e Daniel a número 1. Quando o juiz apitou o início do jogo, senti meu estômago revirar de nervoso.

Daniel começou o jogo com o disco. Ele era ágil e pensava muito rápido. Meu coração palpitou quando um garoto de Northwest bateu nele com tanta força que ele acabou por parar no chão. Anna colocou a mão em meu ombro e olhou em meus olhos.

— Calma, é normal. – a loira disse e eu concordei, com a perna tremendo completamente.

O jogo rolou por mais quinze minutos e Jack fez um gol. A torcida da escola pulava contente e eu só conseguia ver Daniel, que levava uma expressão completamente pesada no rosto. Ele estava contente pelo gol mas eu sabia que tinha algo errado com ele.

Mais alguns minutos e o primeiro tempo acabou. Meu coração acalmou-se e eu respirei fundo.

— É sempre assim? – perguntei para Anna, que se deliciava com um pacote de pipocas.

— Às vezes pior. – ela deu de ombros e eu levei a mão até o peito.

Olhei para baixo, na área do rinque, e vi Kaia encostada na borda do mesmo. Ela passava as mãos pelo cabelo de Daniel e ele mantinha a expressão triste em seu rosto. Eu nunca senti uma dor tão forte como essa. Kaia segurou o rosto de Daniel e ele olhava no fundo dos olhos dela, concordando com tudo o que ela dizia. Logo após isso, Kaia juntou os lábios dos dois em um beijo calmo e delicado.

Anna, imediatamente, levou sua mão até meu braço. Meus olhos encheram-se de lágrimas e eu infelizmente não consegui as controlar. Meu coração estava partido em mil pedacinhos. Senti meu mundinho desmoronar.

Daniel levantou seus olhos e os manteve em mim por alguns segundos. Balancei a cabeça negativamente para ele, com os olhos cheios de lágrimas, e saí correndo da arquibancada.

Procurei um dos banheiros mas parecia nunca mais encontra-lo. Quando finalmente achei, entrei em uma das cabines e me sentei no chão. Coloquei minhas mãos em meu rosto e me perdi em lágrimas.

Eu me sentia fraca, frágil, estúpida. Eu me sentia uma idiota por ter me entregado para Daniel de uma forma que eu nunca fiz com ninguém. Meu coração estava partido.

O barulho do jogo ecoava em minha mente e eu não conseguia me concentrar em mais nada. Tirei o celular do bolso e liguei para Katherine.

— Kath?

— Amiga? Por que você tá chorando?

— Por favor vem me buscar.

— Nora? Meu Deus? Eu estou indo. Aonde você está?

— No ginásio.

Kath desligou e eu enxuguei algumas lágrimas. Levantei-me e fui até a saída do ginásio, que agora vibrava, provavelmente por conta de mais algum gol.

A rua estava escura e era iluminada apenas pelos postes. O carro de Katherine se aproximou e eu entrei. Rapidamente ela puxou um saco do McDonalds e colocou no meu colo.

— Você está precisando. – quando Kath disse isso, comecei a chorar descontroladamente no ombro dela.

— Ele beijou a Kaia em minha frente... – falei, entre soluços.

— Ele é um babaca. – ela me abraçou. — Você vai superar isso, Nora. Ele é só um idiota que não merece nada de você.

— Eu sou uma burra por ter me entregado pra ele. – disse e Kath deu a partida. — Eu nunca devia ter feito isso... – falei, enfiando umas batatinhas na boca.

— Para de se culpar. Ele que é um burro por ter te deixado desse jeito. Você é foda pra caralho, Nora. Inteligente, bonita, talentosa. Ele é um loiro aguado que acha que as pessoas são substituíveis.

— Obrigada... – falei e mordi um pedaço do hambúrguer. — Isso aqui ajudou. – disse, apontando e Nora riu.

Quando chegamos em casa, fui direto para o quarto tomar banho e colocar o maior moletom que eu tinha. Decidi que não iria para a aula amanhã e nem sairia com Zach. Minha mãe chegaria no domingo, então eu passaria o fim de semana trancada no quarto, fingindo que estava estudando ou algo assim.

Apaguei a luz e me joguei na cama, na qual eu fiquei com os olhos fixos no teto por alguns minutos. Eu chorei por muito tempo, pensei em Daniel um milhão de vezes. Eu acho que nunca tinha sentido aquilo antes. Minhas inseguranças foram de um nível alto para extremamente alto. Eu era uma idiota.

Pulei da cama quando percebi que minha porta tinha sido aberta. Daniel invadiu meu quarto sem mais nem menos.

— Me deixa te explicar, eu imploro. – ele suplicou.

O loiro ainda estava com o uniforme de jogo e com o cabelo suado, o que mostrava que ele sequer tinha passado pelo vestiário antes de vir para casa. Inevitavelmente, meus olhos encheram-se de lágrimas.

— Sai do meu quarto. Agora, Daniel. – falei apontando para a porta.

— Nora, você precisa me escutar.

— Sai da porra do meu quarto antes que eu dê um grito e faça um escândalo. – disse e sai da cama, indo na direção de Daniel. — Eu odeio você, eu quero que você suma da minha vida e eu preferia nunca ter te conhecido Daniel. Você é um mentiroso, um falso. – disse e senti algumas lágrimas rolarem por meu rosto.

Daniel engoliu seco e percebi os olhos azuis perderem aquela cor forte e límpida que tinha. Agora era um azul escuro, um azul triste.

— Me desculpa, Nora. – Daniel falou, trêmulo.

— Some da porra da minha vida. Eu não quero ver você nunca mais perto de mim. Eu odeio você, Daniel. – falei e ele deixou algumas lágrimas escaparem.

Daniel saiu do meu quarto e bateu a porta, com força. Fechei os olhos com o estrondo e sentei no chão do quarto. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar e minha cabeça já doía.

Eu odiava Daniel Seavey, odiava de verdade.

cold as ice ⌗ daniel seavey.Onde histórias criam vida. Descubra agora