XXXV.

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Nora Willians.

— E como você descobriu que ele me traria aqui? – falei, pegando a garrafa de vinho das mãos da loira.

Eu e Kay tínhamos saído juntas do restaurante e resolvemos sentar em uma praça, para conversar um pouco, já que a noite de nós duas tinha sido arruinada. Compramos uma garrafa de vinho para acompanhar a nossa tristeza.

— Quando eu estava com ele... Ele me trouxe aqui também. Eu era a amante. Mas eu sabia. – ela disse e encolheu-se. — Eu nunca devia ter me prestado a esse papel. Mas eu gosto dele, Nora. Gosto muito.

Os lábios da loira estavam completamente vermelhos de vinho. Seus olhos já pareciam sonolentos e tristes.

— Eu te entendo... – falei e dei um gole na garrafa. — Entendo muito bem.

— Me conte sua história, agora. – ela pegou a garrafa de minhas mãos e eu suspirei.

— Eu estava conhecendo um garoto. Na verdade, conhecendo não, eu o conheci muito bem. Achei que conhecia. – falei olhando para o nada. — E no fim das contas ele era só mais um babaca. Nesse meio tempo, Zach me chamou para sair e eu aceitei, na inocência e eu sinto muito por isso, eu realmente não sabia.

— Já te disse, você não tem culpa. – ela deu de ombros e se encostou no banco, tentando achar uma posição confortável. — Pelo menos ganhei uma nova amiga. – ela disse, com um sorriso fraco.

— Sorte da noite. – falei e ela riu.

Passamos mais algumas horas ali, bebendo aquele vinho que parecia nunca acabar. Quando era perto da meia-noite, trocamos nossos números e cada uma pediu um uber. Cheguei em casa um pouco tonta. Um pouco tonta não, muito tonta. Eu era muito fraca para bebida. Abri a porta, tentando evitar fazer qualquer tipo de ruído.

— Chegou tarde. – Daniel saiu da cozinha, com um copo d'água e sem camisa.

— Eu não quero falar com você. – falei, com a língua enrolada.

— Você está bêbada? – ele riu. — Eu jamais pensei que veria essa cena.

— Vai pro inferno, eu odeio você! – falei e fui, quase de arrasto, para a escada. Tropecei no primeiro degrau e Daniel correu até mim.

— Você está bem? – ele perguntou, preocupado.

— Não preciso da sua ajuda! – falei e senti meus olhos fecharem, um tanto quanto pesados.

Daniel Seavey.

— Nora! – balancei os ombros da morena e ela abriu os olhos. Estávamos cara a cara.

— Por que você tinha que me machucar? – ela perguntou, com a língua pesada. Acho que ela nem percebeu que aquelas palavras saíram de sua boca.

— Nora, se você ao menos me escutasse vo... – ela colocou a mão nos meus lábios, praticamente me mandando ficar quieto.

— Quero ir pra cama. Quero dormir. – ela esticou os braços, indicando que eu a pegasse no colo.

Como pedido, o fiz. Coloquei a morena em meu colo e subi as escadas com ela, a levando até seu quarto. Coloquei-a na cama e tirei os coturnos da mesma, os deixando jogados num canto do quarto. Observei ela por alguns segundos e fui em direção até a porta do quarto.

— Eu gosto de você. – ela resmungou e eu sorri fraco.

— Boa noite, Nora. – apaguei a luz e fechei a porta.

Amanhã seria outro longo dia.

cold as ice ⌗ daniel seavey.Onde histórias criam vida. Descubra agora