XI.

1.2K 95 22
                                    

*Observação: passou de forma despercebida um erro ortográfico nos últimos capítulos. É rinQue e não rinGue. Me perdoem, foi uma tremenda falta de atenção.

Nora Willians.

— Dia lindo, parece você. – Daniel se encostou no armário ao lado do meu.

— Está frio e chovendo. – falei, grossa, e continuei mexendo nos meus materiais.

— Dias chuvosos são lindos. Eu acredito que os dias chuvosos sejam os melhores. – ele disse. — Que armário organizado... – Daniel falou, quase que enfiando a cabeça dentro do meu armário para ver o que tinha dentro.

— Pelo amor de Deus, moleque! – afastei a cabeça dele e fechei a porta. — Por que você não me deixa em paz? – falei e saí andando.

— Porque, atualmente, meu prazer é te irritar. – ele falou enquanto andava ao meu lado. — Você viu que tem alerta de furacão e tempestade hoje? – perguntou, curioso.

— Sim, Daniel, eu vi. Por que você está me perguntando sobre o clima? – fiz uma careta.

— Porque preciso te algum assunto pra poder falar com você... E perguntar se você quer sair comigo. – ele parou em minha frente e se apoiou na parede, me impedindo de entrar na sala.

— Não. – respondi e tentei desviar dele, mas o mesmo me segurou. — Preciso entrar na sala. – resmunguei, quase perdendo a paciência.

— Um encontro. Apenas um. – ele disse, me olhando.

— Não. É sério, eu preciso ir para a aula. Me deixa entrar. – falei, com raiva.

— Eu não vou desistir. – ele disse e saiu da frente, liberando a passagem. Revirei os olhos de forma grotesca e fui para o meu lugar.

Quanto mais a manhã passava, mais preto o céu ficava. Não ventava muito, mas o frio estava insuportável. A chuva que caía era fina, parecia que logo acabaria.

Mark tinha me dado folga no dia de hoje porque ele teria de ir ao médico e não abriria o restaurante. Isso, na verdade, me deixou feliz, porque eu teria tempo de estudar e ainda treinar.

Almocei um pouco de salada no refeitório do colégio e fiquei lá mesmo até às 3pm, que foi quando fui para o ginásio para poder treinar.

Quando cheguei lá, todas as luzes estavam acesas e os garotos do time de hóquei estavam no rinque. Alexia e suas amigas, obviamente, estavam presentes observando o treino. Na real, elas estavam ali mais pela atenção dos garotos.

.Me sentei em uma arquibancada bem distante de Alexia e observei o treino dos garotos. Daniel era muito ágil com os patins, mas o amigo dele, Zach, era mais forte.

Daniel parecia ter mais noção de jogo que os garotos, talvez por isso fosse capitão do time. Até eu que não entendia nada de hóquei pude perceber.

O técnico apitou e o primeiro a sair do ringue foi Zach, bufando. Ele parecia mal humorado ou algo do tipo. Alexia desceu as escadas das arquibancadas batendo salto e eu não pude evitar de revirar os olhos observando aquele furacão loiro, barulhento e irritante.

Ela agarrou Daniel e eu desviei o olhar. Que cena horrível. As mãos dele, que levavam grandes luvas, seguravam a cintura dela. Ela, por sua vez, estava com os braços envolvidos no pescoço do loiro. Ugh.

Não demorou muito para que todos esvaziassem o ringue e eu pudesse entrar. Naquela manhã, decidi que a música a qual eu apresentaria seria Havana. A primeira fase era livre, logo, cada um poderia escolher algo que preferisse. Desci as escadas animada e me sentei no banco de reservas, que foi quando Daniel me viu e tentou vir falar comigo. Felizmente, Alexia o impediu.

Não consegui ouvir, mas eles estavam discutindo. Alexia me olhava com ódio e eu estava de cabeça baixa, concentrada em vestir meus patins. Daniel bufou e gritou algo como um "vai se foder" e saiu do ringue jogando suas coisas no chão. Eu respirei fundo e fingi que nada tinha acontecido. Alexia saiu batendo salto - pra variar - e provavelmente me jogando muito ódio. Problema era dela, não? Ela que cuidasse do próprio namorado. Eu mesma não tinha nenhum interesse naquele loiro aguado.

Meu celular e minha JBL já estavam posicionados e a música no repeat.  Fiz alguns alongamentos básicos e dei algumas voltas no rinque, tentando acostumar as lâminas. A música era animada, mas, de certa forma, um pouco sexy. Os primeiros passos foram criados e consegui decora-los com facilidade. O problema maior chegou quando tentei realizar um Camel spin - um giro de um pé só, onde o meu torso e perna livre deveriam ficar perpendiculares, ou seja, formando a letra T.

Caí como uma maçã madura que cai do pé.

Não sei o que foi mais forte: o barulho do meu tombo ou o trovão do lado de fora do ginásio.

— Você tá bem? – Daniel entrou no rinque, usando tênis. — Eu te vi cair. – ele se ajoelhou em minha frente e segurou meus braços.

— Estou ótima. – respondi seca e senti meu rosto queimar de tanta vergonha.

— Você precisa de um treinador, Nora. Você não pode fazer isso sozinha. – ele falou, intrometido.

— Não pedi conselhos. – apoiei minha mão no gelo e me levantei. Daniel fez o mesmo.

— Ei, eu não estou falando por mal. Estou falando porque acho que você tem talento e deveria ter alguém para te ajudar a aperfeiçoar isso. – o loiro falou com calma.

— Agradeço os elogios, mas não preciso. Não vindo de você. – disse e deslizei até a borda do rinque. Nesse momento, mais um estrondo. Um raio fez um barulho assustador.

E, de repente, as luzes do ginásio se apagaram. Estava completamente escuro.

— Nem fodendo... – Daniel exclamou, já procurando o celular no bolso e ligando a lanterna.

— Só pode ser brincadeira... – resmunguei enquanto tentava tirar os patins. — Não tem mais ninguém além da gente aqui?

— Eu acho que não... – Daniel disse enquanto se aproximava de mim. — O ginásio tem algo como uma iluminação secundária, um gerador ou algo assim. Logo as luzes voltam.

— Ótimo, porque não tem condição nenhuma de ir embora com essa chuva. – falei baixinho, enquanto tentava colocar as coisas na mala. Ao mesmo tempo, estava surtando internamente. Eu tinha medo de escuro.

— Que merdaaa! – Daniel gritou. — Eu tinha coisas pra fazer.

— Tipo o que? Transar com sua namorada? Uau, que evento importante. – falei, debochada.

— Não que seja da sua conta... – Daniel se aproximou mais de mim. — mas não é transar com Alexia. Era um jantar de família. – ele respondeu bravo. — Quem você acha que é pra falar assim comigo?

— Eu já falei uma vez, quem você acha que VOCÊ – falei em ênfase — é para eu não falar assim com você? – levantei do banco e fiquei cara a cara com ele.

— Por que você é tão estúpida comigo? – ele perguntou e fez uma careta.

— Porque você é só mais um egocêntrico que acha que o mundo é Danicentrista. Você acha que todo mundo quer ficar perto de você, que todo mundo te quer.

— E isso não é a verdade? Vamos, Nora, você sabe que você mesma daria tudo para ficar comigo. – ele falou e tentou colocar a mão na minha cintura. Puxei a mão dele para longe.

— Você não vai conseguir transar comigo. – suspirei.

— E quem disse que eu quero isso? Eu só quero conhecer você melhor. Quero falar com você.

— Você não tem um monte de gente atrás de você? Por que você não me deixa em paz? – franzi o cenho e cruzei os braços.

— Porque não são tão interessantes quanto você. – ele falou e eu suspirei.

Nesse momento, mais um raio caiu e fez um estrondo. A luz ainda não tinha voltado e a chuva ficava cada vez mais forte. Soltei um longo suspiro e olhei no fundo dos olhos de Daniel.

— Eu só vou falar com você porque estamos fechados aqui até essa chuva passar. – suspirei e ri irônica.

Daniel levava um sorriso vitorioso nos lábios.

cold as ice ⌗ daniel seavey.Onde histórias criam vida. Descubra agora