XXIII.

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Daniel Seavey.

Acordei naquela manhã de domingo com muita dor de cabeça. Puxei a gaveta da cômoda para pegar um remédio e, junto a cartela, encontrei o recibo das flores que mandei para Nora no dia anterior.

— Um tremendo burro... – resmunguei e larguei o recibo no chão. Suspirei fundo e passei a mão pelos cabelos, encarando o teto.

Eu tinha terminado com Alexia. Tinha mandando flores para Nora. Tinha visto Nora beijar Zach. Eu jamais pensei que fosse tão difícil ver aquilo. Eu não estava apaixonado por Nora, não mesmo. Eu só não esperava ver Zach a agarrando em minha frente.

Peguei meu celular e virei-me de bruços na cama, aonde fiquei por um tempo até ouvir três batidas em minha porta.

— Pode entrar! – gritei e Anna entrou como um furacão.

— Saia dessa cama! Teremos um almoço especial hoje. – ela disse, puxando meus pés.

— Não quero. – resmunguei e enfiei a cabeça dentro do travesseiro.

— A Nora vem.

Nesse momento, tirei a cabeça do travesseiro e olhei para Anna.

— Agora você olha, moleque! – ela puxou um travesseiro e me bateu com o mesmo. — Vai, levanta, ela vem almoçar aqui.

— Ninguém liga pra Nora. – falei e dei de ombros.

— Você quer enganar quem? – Anna fez uma careta.

— Ela está com Zach. – respondi e coloquei um travesseiro na cara. — SÉRIO, COM O ZACH?

— Ei, não que eu me importe com o que você sente... – Anna sentou na ponta da cama. — Você gosta dela? Porquê se gosta, você devia dizer à ela. Talvez seja pior manter esse sentimento dentro de si.

— Não gosto dela... Gosto de falar com ela. Gosto da companhia dela. Mas eu não gosto dela.

— Caralho, você é muito burro. – Anna disparou e eu tirei o travesseiro do rosto, logo olhando-a com uma cara de ódio. — Olha o jeito que você saiu ontem. Cara, está óbvio. Aparentemente, só você e ela não perceberam isso.

— Não quero falar sobre. – falei, cabisbaixo. — Vou me trocar. Vaza daqui. – disse e Anna riu.

— Eu amo você. – Anna falou, logo que chegou na porta. Sorri para ela e ela fechou meu quarto.

Respirei fundo e me encostei na cabeceira. Talvez hoje fosse o dia de falar com Nora.

Assim que desci, todos estavam na sala, inclusive Nora e sua mãe. Aparentemente, Nicholas tinha muita consideração por elas e queria que minha mãe e Karen fossem amigas.

— Daniel, filho! – mamãe me puxou e deu um beijo em minha bochecha. — Karen, esse é Daniel!

Sorri fraco e cumprimentei a mulher. Nora me encarava, com uma taça de vinho nas mãos.

Enquanto todos conversavam sobre como a apresentação de Nora tinha sido incrível, senti meu celular vibrar. Tirei-o do bolso e vi uma mensagem de Nora.

"Precisamos conversar. Vou subir. Faça o mesmo."

A olhei e concordei com a cabeça, disfarçadamente.

— Se vocês me dão licença... – ela falou, colocando a taça de vinho em cima da mesa de centro. — Vou ao banheiro. – ela disse e sorriu.

Seus passos eram rápidos. Quando ouvi uma porta bater no andar de cima, cochichei para minha mãe.

— Vou me deitar... Me chame na hora do almoço. Minha cabeça está doendo muito.

cold as ice ⌗ daniel seavey.Onde histórias criam vida. Descubra agora