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POV Phillip Valerie

Durante o resto do dia tentei não pensar muito no ocorrido, ou em Lucas. Apenas foquei no trabalho e em adiantar a entrega do material. Mesmo que não tenhamos uma data de estreia ainda. É melhor prevenir.

Saí da editora ao lado de Isabela e Henrique. Chase me esperava na calçada com as mãos nos bolsos do casaco preto de cabeça baixa.

- Vejo vocês amanhã.

- Tchau, cara. - Se despediu de mãos dadas com a namorada.

- Até mais. - Ela sorriu antes de se afastarem pela calçada.

Me aproximei do advogado, hesitante, cruzando os braços.

- Oi.

Ergueu o olhar forçando um sorriso.

- Oi. Kevin e Victor ainda estão na editora?

- Sim. - respondi, regrando minhas palavras.

- Quer conversar em algum lugar?

- Ah, sim. Aqui perto, pode ser.

Fomos a pé até uma lanchonete na outra esquina. Tiramos os casacos, pondo no encosto das cadeiras. Pedi um copo de suco de laranja, e ele um capuccino cremoso.

- Quer começar?

Suspirei buscando as palavras mais adequadas.

- Eu queria me desculpar com ele pela minha família. Sei que não mudará nada, mas se possível, gostaria de conversar com ele.

- Não sei se ele vai querer falar com você. Mas eu vou falar com ele. Só que primeiro quero que me responda uma coisa.

- Claro. Pode falar. - Tomo um gole do suco.

- Qual foi o real motivo para se mudar para Los Angeles?

Engasguei com o suco, tossindo até limpar a garganta.

- Você está bem?

- Sim, estou bem. O que quer dizer com isso?

- Phillip, sabe perfeitamente o que quero dizer. Era sua zona de conforto, não saíria de lá por causa de um mísero término de namoro. E Lucas me contou que vocês confiavam muito um no outro. O que significa que vocês não terminariam do nada. Então, por quê?

Fiquei em choque por alguns segundos antes de suspirar. Bebeu um gole do capuccino, pensativo.

- Você não deixa nada passar mesmo. Parece meu irmão. E isso não é potencialmente bom. - Ri de nervoso, endireitando a postura. - Tudo bem. Nós estávamos mentindo para nós mesmos muito antes de terminar nossa relação. Namoramos por dois anos, porque nenhum dos dois tinha coragem de terminar. Chegou um momento que voltamos a ser só amigos. Mas fico feliz que minha primeira vez tenha sido com ele. Lucas é alguém muito especial. Minha família extrapola todos os limites quando querem me proteger, eu sinto muito. Eu não deveria ter deixado eles atrapalharem a vida dele dessa forma. - Quase tudo era mentira, a não ser pela parte sobre o que sinto quanto ao que aconteceu e por Lucas.

- Então, foi isso? Vocês só não queriam magoar um ao outro. Que tolice.

- Não menospreze, doutor Bragança. - digo, chateado.

- Desculpe. Você me entendeu mal. Eu quis dizer que poderiam ter resolvido com uma conversa. Se tivessem sido sinceros teriam evitado todo o sofrimento de ambos. - disse, calmo, bebendo outro gole do capuccino.

- Não adianta se arrepender pelo passado agora. Já foi. Ficar se remoendo não vai concertar nossos erros. Ah! - Arfei frustrado.

- Vou falar com Lucas ainda hoje. Te mando a resposta dele por mensagem depois, okay?

Não Era Um Ponto Final | 1° Livro || Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora