Epílogo

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POV John Smith

Era sábado.

Trabalho de segunda à sexta, seis horas diárias. Então, consigo descansar mais do que no máximo sete horas. Acordei com o barulho do celular tocando, então me afastei de Kevin. Devagar para não acordá-lo, já que estava o abraçando por trás. Atendi, vendo que era quase 10:00 horas da manhã.

- Alô? - Sentei na cama, olhando para o sol que adentrava pela janela.

- Bom dia. Te acordei? Desculpe.

Quase podia ver que ele sorria do outro lado da linha. Charlie Terry era o vice diretor do hospital onde trabalho e a causa de boa parte dos meus problemas com Kevin.

- Não tem problema. Aconteceu alguma coisa?

- Sim. A chefe deixou que eu te falasse a novidade. Então, eles aceitaram. Você viaja assim que eles chamarem. Não é ótimo?! É o seu sonho!

Congelei.

Algumas semanas antes de mudar de área, pedi a solicitação para ser voluntário em uma campanha na África. Achava que não teria resposta, já que se passou tanto tempo. Todo o processo burocrático, provavelmente, atrasou a resposta.

- Não... espera, como? Eu achava...

- Ei, você não pode recusar. Colocamos alguém no seu lugar. São apenas dois meses. E eu também estarei lá.

Olhei para Kevin. Ele dormia serenamente e parecia ainda mais bonito.

- Sim, eu sei. Tem razão. Eu só preciso de um tempo para conversar com todo mundo. Entende?

- Claro. Não se preocupe.

- Charlie, não comente com ninguém ainda.

- Hum? Ah, claro. Não vou abrir a boca. Vou ficar esperando sua confirmação. Preciso ir. Tenha um ótimo dia, doutor.

- Claro. Você também.

Desliguei, arfando.

- Hmm... Mama, no. No me dejes! - Kevin sussurrou em espanhol se remexendo.

Pôs a mão na cabeça, chorando. Desde quando ele fala espanhol?

- Amor, acorda. Isso não é real. É só um pesadelo. - Balancei seu ombro, deitando ao lado dele.

- Por favor, por favor! - Continuou falando em espanhol.

- Kevin, está tudo bem. - falei mais alto o abraçando.

Ele acordou gritando. Lhe abracei com mais força até ele se acalmar. Seu grito era como se estivesse em agonia. Me senti impotente por não conseguir ajudá-lo. Só podia ficar ao seu lado e esperar que não piorasse. Quando parou, estava chorando ainda mais.

- Kev?! Ei, Vida? - Segurei seu rosto, o fitando.

Seus olhos estavam inquietos e confusos.

- O que? Foi... um sonho? Parecia que já tinha acontecido. - Sua voz saiu arranhada.

- Tudo bem. Se acalme. Depois falamos sobre isso. Vem cá, Amor?

Se aproximou me abraçando com força.

- Não sei o que seria de mim sem você. O que me conforta é saber que você sempre está ao meu lado quando acordo.

Foi como arrancar meu coração do peito. Ele estava reafirmando que eu sou seu porto seguro, e eu estava tentando dizer que vou ficar dois meses longe. Não podia ser pior!

O abracei com mais força, sem saber como resolver isso.

(...)

A campainha tocou e abri a porta, ficando aliviado.

Não Era Um Ponto Final | 1° Livro || Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora