Capítulo 13

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LETÍCIA NARRANDO

Após alguns minutos que a Lucero saiu do quarto, eu ouvi vozes alteradas. Eu reconheci a voz dela e de Michel e achei melhor não intervir por mais que eu quisesse, mas ao ouvir a porta batendo, me levantei e fui até lá correndo. Como eu imaginei, Lucero estava sentada no sofá chorando compulsivamente e eu sentei no sofá, a abraçando.

− Eu nunca vou ser feliz no amor. – Lucero soluçou, escondendo a cabeça no meu pescoço.

− Nunca mais repita isso. – eu enfatizei, tirando o rosto de Lucero do meu pescoço e a encarei, limpando suas lágrimas que não paravam de cair. – É claro que você será muito feliz porque você merece mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Todo casal briga, meu anjo, isso vai passar.

− Mas dessa vez foi diferente. – Lucero passou a mão no cabelo, desesperada. – Ele desconfiou do amor que eu sinto por ele, logo eu que demorei tanto tempo para me apaixonar de novo. – ela voltou a chorar.

− Ow meu amor. – eu acariciei o rosto de Lucero, quase chorando também. – Vem, vamos para o quarto, senão os meninos podem acordar.

Nós nos levantamos e eu levei Lucero para o quarto em que eu dormiria, pois era o mais afastado dos outros e não corríamos riscos de Lucerito e José Manuel escutarem seu choro ou nossas conversas. Sorte a nossa que dona Lu e Antônio continuavam viajando. Nos sentamos na cama e eu segurava sua mão, demonstrando apoio. Ela estava um pouco mais calma, mas ainda chorava.

− Fica calma, respira e me conta o que está se passando nesse coração. – eu pedi.

Lucero passou alguns segundos em silêncio, mas logo começou a falar.

− Quando eu me separei do Manuel, eu sofri muito. Eu me perguntava todos os dias onde eu errei, sempre procurei ser a melhor mulher do mundo para ele, mas ele continuava a me evitar dentro de casa. Eu sofria calada, chorava escondida, até que um dia eu cansei. Me sentei com ele e perguntei se ele queria a separação, ele aceitou e eu sofri mais ainda porque no fundo desejava que ele dissesse que me amava, que queria continuar comigo e todas aquelas palavras que mulher apaixonada gosta de escutar. A separação aconteceu e todo aquele problema envolvendo mídia, falando que eu era infiel e uma péssima mãe fez a gente se afastar. Mas depois vimos que isso era uma besteira, não fazia bem para as crianças que já estavam abaladas com o que estava acontecendo e nos tornamos amigos. Foi aí que eu conheci Michel, inicialmente eu não quis nada dele. Ele demorou a me conquistar, nossa, um ano. – Lucero riu de leve. – Eu me apaixonei por ele, pela forma dele me tratar e aceitar sem reclamar minha vida corrida. Mas depois vieram os problemas e por mais que eu diga que esse ciúme dele sem cabimento algum me machuca, ele continua fazendo isso.

Eu me deitei na cama e bati no cantinho para Lucero fazer o mesmo. Ela deitou de frente para mim e me abraçou, encostando a cabeça no meu peito. Eu comecei a fazer carinho no cabelo dela que fechou os olhos.

− Eu entendo que você tenha se magoado, mas tenta entender ele também. Ele sabe que a história de vocês foi forte, tanto que vocês têm um vínculo eterno e por mais que você não dê motivo para esse ciúme todo, acontece dele não gostar dessa aproximação de vocês.

− Então eu devo me afastar do Manuel de novo? – Lucero levantou a cabeça me encarando com os olhos marejados.

− Claro que não. – eu respondi e Lucero voltou a se deitar no meu peito. – Como você disse, não é bom para as crianças que vocês se evitem e nem para vocês, não vale a pena criar inimizade, ainda mais se foi ele que te fez feliz por um tempo. – eu falei como se fosse óbvio e ela assentiu. – Apenas tenha paciência, respire fundo sempre que ele quiser brigar e depois deixe ele se acalmar para você conversar. Não gosto de te ver chorando, me dá vontade de matar cada pessoa que te machuca. – eu falei entredentes e Lucero riu.

− Ainda bem que você está aqui. – Lucero me apertou.

− E vou estar sempre do seu lado. – eu beijei a testa de Lucero.

− Fica aqui para sempre? – Lucero levantou a cabeça e fez bico.

− Você sabe que eu não posso. – eu fiz careta e Lucero suspirou. – Ei, mas também não precisa ficar assim. Por mais longe que eu estiver, eu vou estar sempre aqui. – eu coloquei a mão no coração dela.

− É que eu não preciso mais de psicóloga, eu preciso de você, da minha... − Lucero se sentou e parou de falar abruptamente.

− Da sua? – eu me sentei também e fiz sinal para Lucero continuar.

− Amiga. – Lucero falou rápido e sorriu nervosa. – Não é isso que nós somos?

− É isso mesmo. – eu sorri. – Somos amigas e mãe e filha postiças também, esqueceu?

Lucero me abraçou com força e depois de um tempo, eu a notei passando a mão nos olhos freneticamente. Tentei soltá-la para ver seu rosto, mas ela me apertava cada vez mais, só então percebi que ela chorava de novo.

− Eu sei que você está chorando. Não fica assim. – eu passei a mão no cabelo de Lucero.

− Não se preocupe, é bobeira minha. – Lucero me soltou e enxugou as lágrimas. – Vamos dormir. – ela forçou um sorriso.

Nós nos levantamos e Lucero levantou o lençol para que eu me deitasse, assim eu fiz e ela se deitou do lado, me abraçando.

− Lu? – eu chamei e Lucero me olhou. – Eu te amo muito, nunca se esqueça.

− Eu também te amo e vou estar sempre contigo, não importa o que aconteça. – Lucero voltou para a mesma posição, sorrindo.

Eu sorri e continuei fazendo carinho em Lucero até ela adormecer. Somente depois fiz o mesmo.

                                                                                          ~ * ~

Perceberam que Lucero quase contou a verdade de novo??? O dia se aproxima <3

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