NO OUTRO DIA
Eu acordei e já estava sozinha na cama. Fui ao banheiro fazer minhas higienes e quando estava me trocando, Lu entrou com uma bandeja de café da manhã.
− Oi, minha vida. – Lucero sorriu de leve. – Dormiu bem? – ela colocou a bandeja na cama e veio me abraçar.
− Graças a Deus e a você sim. – eu fechei os olhos, cheirando o cabelo de Lucero.
− Vamos tomar café? – Lucero me levou até a cama e nós nos sentamos.
Nós comemos em silêncio e logo dona Neide entrou no meu quarto depois de dar duas batidinhas na porta.
− Com licença. Minha filha, está na hora. Vou esperar vocês na sala. – dona Neide informou e saiu.
− Vamos? – Lucero se levantou e estendeu a mão para mim.
Eu suspirei, assentindo e segurando a mão de Lucero. Só queria que aquele enterro passasse o mais rápido possível mesmo sabendo que aquela dor de perder uma mãe nunca passaria.
− Sim. – eu me levantei. – Você vai poder ir a pé?
− Sim, nós vamos. – Lucero respirou fundo e me conduziu até a sala.
Todas as pessoas do dia anterior já estavam lá e o caixão já estava fechado. Lu me entregou uma flor branca e segurou outra. Logo os rapaz que moveriam o caixão começaram a andar e todos acompanhávamos. Lu me abraçava de lado e eu andava perdida em pensamentos, me lembrava de todos os momentos com minha mãe. Quando dei por mim já estávamos no cemitério e depois de breves palavras do padre, me aproximei do caixão para dar adeus à mulher que me criou.
− Vai com Deus, mãe. Eu nunca vou te esquecer. – eu joguei a flor depois de beijá-la e voltei a abraçar a Lu.
Enquanto jogavam a terra para cobrir o caixão, eu escondi meu rosto no pescoço da Lu e chorei silenciosamente. Ela me apertava e acariciava meu cabelo. Logo o enterro acabou e nós decidimos voltar de táxi. Chegando lá, tudo estava normal, como se não houvesse nenhum velório no dia anterior. Eu subi direto para o quarto e me deitei na cama.
− Não vai trocar a roupa? – Lucero perguntou.
− Eu só quero dormir e esquecer que esse dia existiu. – eu fechei os olhos.
Eu senti Lucero se deitar do meu lado e passar o dedo levemente pelo meu rosto.
− Eu garanto que se pudesse, eu não deixaria você viver esse dia, mas infelizmente é a realidade e nós temos que aceitá-la. – Lucero falou depois de um tempo e eu assenti, a abraçando, ainda de olhos fechados. – Perdoe se for cedo para isso, mas o que você pretende fazer com essa casa?
− Eu acho que vou vender. – eu me sentei suspirando e cocei a nuca.
− Confesso que me pegou de surpresa. – Lucero também se sentou. – Não esperava que você fosse querer vender e ainda mais tão cedo. Tem certeza disso?
− Sim. – eu desviei o olhar. – Ela não está mais aqui e nem eu vou ficar, não tem por que manter essa casa. As lembranças que eu tenho com minha mãe estão todas aqui. – eu coloquei a mão no coração.
− Você tem razão. – Lucero assentiu. – Mas como você quer fazer isso?
− Eu ia te pedir ajuda justamente para isso.
− Então a gente pode pedir para o Ernesto arrumar um corretor de imóveis aqui no Brasil e podemos resolver lá do México.
− Certo, obrigada. – eu falei e me deitei. – Vou dormir um pouquinho.
− Eu vou ficar aqui com você. – Lucero sorriu e se deitou, me abraçando.
Eu adormeci com o rosto no pescoço de Lucero e sentindo seu carinho no meu cabelo.
HORAS DEPOIS
Eu acordei ainda no colo de Lucero, mas ela estava sentada e assistindo televisão, concentrada.
− O que você está vendo? – eu perguntei de repente, fazendo Lucero se assustar e eu rir. – Desculpa.
− Que susto, danadinha. – Lucero riu. – Estou vendo Carinha de Anjo.
− Mentira. – eu me sentei surpresa. – Está reprisando? – eu sorri de leve.
− Está sim, eu nem sabia. – Lucero também sorriu.
− Nem eu. – eu dei de ombros e prestei atenção na televisão. – Hoje tem Teresa. – eu me ajeitei no colo de Lucero para assistir.
− Como sabe?
− Porque eu assisti completa, ué. – eu falei como se fosse óbvio e Lucero riu.
Logo começou a cena de Teresa e como sempre eu me emocionei, fazendo Lucero sorrir.
− O que foi, amor? – Lucero passou a mão no meu rosto.
− A Teresa é tão você. – eu olhei para Lucero. – Ela é doce, sempre sabe dar conselhos, tem os melhores abraços, é fofa, carinhosa e ao mesmo tempo tem um pouquinho de criança dentro dela, exatamente como você.
− Não sei por que vocês me veem tão perfeita. – Lucero abaixou a cabeça, envergonhada.
− Nós sabemos que você não é perfeita, mas suas qualidades são tão grandes que os defeitos se tornam quase invisíveis.
− Eu não sou tudo isso. – Lucero fez careta.
− É muito mais. – eu abracei Lucero. – Você é maravilhosa.
− Você que é. – Lucero beijou meu rosto e nós voltamos a assistir a novela.
Assim que a novela acabou, nós fomos para cozinha fazer algo para comer. Lucero insistiu para que eu fizesse miojo, já que nunca havia comido um e eu fiz. Levamos para o quarto e comemos assistindo mais novelas, ela também era viciada como eu, não era a toa que ela era uma das melhores atrizes do México. Depois de comermos, eu voltei a deitar no colo dela e comentar sobre a novela até adormecermos. Horas depois, acordei e Lucero dormia sentada e eu deitada no meio de suas pernas. Eu puxei o travesseiro de suas costas, arrumei numa posição confortável e a deitei facilmente, pois ela não era pesada. Fui à cozinha e lavei a louça suja, voltando a me deitar do lado dela. Como sempre ela se aconchegou a mim e encostou a cabeça no meu peito.
~ * ~
O jeitinho que elas são unidas <3
Como prometido, dois capítulos, sendo assim só voltarei na quarta-feira (27). Até logo <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segredos Revelados
FanfictionLetícia era uma bela moça recém formada em Psicologia e muito fã da artista mexicana Lucero Hogaza. Sem muitas oportunidades de atuar em sua profissão, a psicóloga encontra um emprego qualquer para ajudar nas despesas da casa, onde vivia com sua mãe...