Capítulo 37

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Lucero começou a chorar, continuando o que estava fazendo, mas eu me sentei preocupada, achando que ela estava pensando que tinha me machucado mais.

− Ei, não precisa ficar assim, não foi sua culpa.

− Você não percebeu do que me chamou, meu amor? – Lucero me encarou, emocionada.

Eu pensei em tudo que eu havia dito até ali, mas realmente não vi nada de diferente.

− Não, o quê? – eu perguntei confusa.

− Você me chamou de mãe. – Lucero sorria e chorava ao mesmo tempo.

Eu abri minha boca, surpresa. Eu sabia que Lucero era minha mãe e a amava como tal, mas ainda não conseguia chamá-la assim. Foi tão natural que nem mesmo eu me dei conta do que havia falado.

− Chamei, mas... – eu sorri sem graça e abracei Lucero. – Eu sei que você é minha mãe e não me força a nada, mas dessa vez eu senti vontade de te chamar assim, não sei quando vou conseguir de novo. Me perdoa se eu não te chamar assim sempre?

− É claro, meu amor. – Lucero se soltou e limpou as lágrimas. – Eu sei que você me ama como mãe e é isso que importa. – ela falou e eu assenti sorrindo. – Vou terminar aqui. – Lucero voltou a fazer o curativo bem devagar.

Eu fiz careta algumas vezes e Lucero parava me olhando, preocupada, mas eu sorria para tranquilizá-la. Logo Lucerito e José Manuel colocaram a cabeça para dentro do quarto.

− Podemos entrar? – Jos perguntou.

Eu assenti sorrindo depois de Lucero também confirmar e Lucerito e José Manuel entraram. Minha irmã correu para o colo da mãe.

− Você está bem, mamãe? – Lucerito perguntou.

− Estou, meu amor, é que eu sou besta mesmo. – Lucero riu.

− Besta não, sensível. – eu corrigi.

− Tudo bem, sensível. – Lucero rolou os olhos, sorrindo.

− O que é isso na sua perna, maninha? – Lucerito se levantou e veio tocar no meu joelho, mas eu o afastei.

− Não toca, isso dói! – eu falei e Lucerito se afastou.

− Como foi isso, Leti? – Jos perguntou.

− A mãe gritou e eu corri para cá, daí escorreguei. – eu expliquei e Lucero sorriu emocionada, só assim me toquei que havia a chamado de mãe de novo, retribuindo o sorriso. – Mas ela cuidou de mim e vou ficar bem, não se preocupem. – eu sorri para Jos e Lucerito.

− Vocês vão dormir aqui comigo hoje, não é? Não vou conseguir dormir sozinha. – Lucero abaixou a cabeça.

− Vamos sim. Fica tranquila, manhosinha. – eu sorri e Lucero retribuiu.

Nós resolvemos assistir a um filme lá no quarto mesmo, vimos Frozen e a Lucero era tão sensível que ainda conseguiu se emocionar. Assim passamos o dia e após o jantar, adormecemos. Na madrugada, Lucero se balançava de um lado para o outro e sussurrava coisas incompreensíveis, até que ela se sentou de vez e ofegante. Acariciou nossos cabelos e se levantou, saindo do quarto. Eu também levantei devagar e fui atrás dela a encontrando ajoelhada sobre os cacos de vidro do porta retrato com nossa foto.

− O que você está fazendo?

− Quebrou. – Lucero me mostrou o porta retrato.

− Vem, sai daí antes que você se machuque. – eu desviei dos cacos e fui até Lucero, a levantando e levando para o sofá, me sentando do lado. – O que houve?

− O quê? – Lucero desviou o olhar abraçando o porta retrato quebrado.

− Você se acordou assim por quê?

− Eu tive um pesadelo. – Lucero abaixou a cabeça. – Nesse terremoto, você e seus irmãos se machucavam feio, desmaiavam e você... – ela colocou a mão nos lábios. – Oh meu Deus, não quero nem pensar.

− Calma, nós estamos bem, não é? – eu abracei Lucero. – Você tem que tirar isso da cabeça, não pode ficar assim cada vez que houver um terremoto ou coisa do tipo aqui. Se lembra do que a gente conversou mais cedo? – eu perguntei e ela assentiu sem me soltar. – Então, é preciso superar, encontrar a força que você tem aí dentro para conseguir dar a volta por cima.

Nós passamos algum tempo em silêncio, abraçadas. Eu conhecia a Lu, muitas vezes ela não queria conversar sobre o que a afligia, ela só precisava de um abraço e um pouco de silêncio para colocar os pensamentos em ordem. Ela me soltou e segurou no meu rosto.

− Promete que nada e nem ninguém nessa vida vai te tirar de mim?

− Prometo. – eu abracei Lucero novamente. – Agora vamos dormir? O dia foi cheio hoje e amanhã precisamos arrumar isso tudo.

− Você me abraça até eu dormir?

Eu assenti sorrindo e tirei a foto da mão de Lucero, colocando em cima do sofá e a abracei de lado, indo para o quarto. Ela se deitou e eu me deitei por trás, a abraçando e beijando seu rosto. Eu sabia que ela precisava de todo o meu carinho e atenção, por isso tentava suprir a falta que eu fiz por muito tempo.

                                                                                       ~ * ~

Elas são muito fofassssss <3

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