Capítulo 21

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Nós chegamos e eu desci do carro quase correndo antes mesmo dele estacionar. Ernesto me levou até uma porta e a abriu, revelando Lucero que chorava e Manuel sentado no canto da cama conversando com ela. Ela se virou ao ouvir o barulho da porta e quando me viu, seus olhos se iluminaram e ela passou a chorar mais intensamente.

− Você voltou, filha, finalmente.

Eu larguei a bolsa no chão e fui até Lucero, a abraçando com força enquanto nós duas chorávamos feito crianças. Eu também senti falta dela, dos nossos abraços, conversas e risadas. Definitivamente eu precisava dela tanto quanto ela de mim.

− Me perdoa. – eu solucei e encarei o rosto de Lucero. – Eu juro que nunca mais vou escutar ninguém que queira me tirar de você de novo. – eu enfatizei.

− Eu senti sua falta. – Lucero me apertou. – Não me deixe mais, por favor. Você não tem ideia do quanto sofri quando descobri que você foi embora.

− Eu estava confusa, tive medo de te prejudicar mesmo.

− Não, meu amor, olha para mim. – Lucero segurou o meu rosto. – Esquece o que ela disse, está bem? Você é tão importante para mim quanto seus irmãos, não duvide disso. Eu tenho certeza que todos vão entender e se não, também não importa, se você estiver comigo eu estarei feliz.

Eu assenti, limpando o meu rosto e o de Lucero.

− Manuel, essa é sua filha. – Lucero encarou Manuel, séria.

Só então eu me lembrei de que Manuel estava ali, visivelmente emocionado por nossa conversa. Ele era o meu pai, mas eu nunca gostei dele, nem mesmo na minha época de Lucerina, eu sentia que ele havia feito muito mal a Lucero, mas nem imaginava que esse mal também respingava em mim.

− Você é tão linda. – Manuel foi me tocar, mas eu escondi o rosto na Lu que acariciou meu cabelo. – Me perdoe por tudo, agora eu vi o carinho que vocês sentem uma pela outra e nunca devia ter tirado você de sua família.

− Percebeu um pouco tarde, não? – eu encarei Manuel. – É muito cedo para eu te perdoar e não quero mais deixar ela nervosa, então por favor, não fale comigo.

O silêncio pairou por alguns segundos, até Manuel se levantar e sair junto com Ernesto. Eu respirei fundo, cheirando o rosto da Lu e tentando me acalmar. Estava ali por ela e não devia deixar que nada a perturbasse, mas não me controlei quando vi aquele homem que se dizia meu pai pagando de bom moço depois de ter aprontado com a gente.

− Desculpa por ter feito isso.

− Não se preocupe, eu entendo você. Não podemos guardar rancor das pessoas, mas ele nos fez muito mal. Só o tempo nos fará perdoá-lo. – Lucero falou e eu assenti, deitando apertadinha na cama e a abraçando. – Eu te amo.

− Eu também te amo, minha manhosinha. – eu sorri.

− Que saudades de ouvir isso. – Lucero retribuiu o sorriso.

Nós ficamos por muito tempo naquela posição em silêncio e fazendo carinho uma na outra. Lucero sorria como antes e nem parecia estar doente. O médico entrou no quarto junto com uma enfermeira que trazia o lanche dela.

− Boa tarde, como vai? – o doutor falou simpático.

− Boa tarde, doutor, estou muito bem. – Lucero sorriu.

− Nossa, parece outra mulher, está até mais corada. – o doutor brincou impressionado.

− É que minha felicidade voltou. – Lucero sorriu para mim que retribuí emocionada. – Essa é Letícia, minha filha mais velha.

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