Capítulo 47 (FINAL)

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LETÍCIA NARRANDO

MESES DEPOIS

Era Natal. Eu já estava completamente recuperada da cirurgia, para o nosso alívio. Lucero também estava mais feliz, depois de um tempo, resolveu seguir meu conselho e se aproximar mais de dona Lu. Elas não haviam falado mais sobre o assunto e também não voltaram a ser como antes, mas pelo menos não brigavam mais. Minha avó também se aproximou de mim e eu não me afastei, talvez isso a ajudasse a fazer as pazes com a Lu. Eu terminava de me maquiar em frente ao espelho, já vestida. Usava um vestido vermelho frente única e um salto preto. A maquiagem estava própria para a noite e combinava com a roupa.

− Está pronta, filha? – Lucero sorriu entrando no meu quarto. – Já está todo mundo aqui, minha mãe, Toño, Michel, Micho e... Manuel. – ela falou hesitante e abaixou a cabeça.

− O quê?! – eu arregalei os olhos olhando para Lucero através do espelho. – Você chamou esse homem para cá?

− O que eu poderia fazer se ele quis ver vocês? – Lucero deu de ombros.

− Eu não, Lucerito e José Manuel. – eu enfatizei.

− Veio ver você que também é filha dele. – Lucero falou como se fosse óbvio e eu revirei os olhos. – E eu agradeço se você tratar a ele e a namorada bem.

Eu arregalei os olhos novamente. Como se não bastasse Manuel bancando o papai do ano, levou a namoradinha à tiracolo. Há alguns meses ele conheceu uma mulher em algum lugar que não me interessei em saber e resolveu apresentá-la a mim e meus irmãos. Eu fui almoçar com eles praticamente obrigada pela Lucero e José Manuel que achavam que já estava na hora de eu conviver com o meu pai, mas eu não aguentei muito tempo da conversinha fútil da Camila, a escolhida da vez pelo senhor Mijares, que falava o tempo todo sobre roupas e sapatos e demonstrava odiar crianças, já que faltou morrer quando Lucerito derramou sorvete nela sem querer. Eu inventei que precisava trabalhar e voltei para casa com meus irmãos antes mesmo do fim do almoço.

− Está brincando que a magrela veio também? – eu perguntei com tédio e Lu revirou os olhos. – Michel sabe disso?

− Sabe sim, eles estão lá fora esperando. – Lucero suspirou. – Filha, por favor, controle seus impulsos um pouquinho, ok? – ela fez careta e fez sinal com o dedo.

− Tá, mãe. – eu levantei as mãos como se estivesse me rendendo. – Por você, eu vou tentar parecer simpática com aqueles seres. – eu sorri falsa.

Lucero negou com a cabeça e pegou na minha mão. Fomos para a sala e Micho sorriu ao me ver. Ele era um dos filhos de Michel e havíamos feito uma linda amizade.

− Boa noite. – eu sorri e todos responderam.

Eu abracei cada um, inclusive minha avó, mas quando cheguei no meu pai e em Camila apenas sorri de leve e voltei para perto da Lu. O meu "ser simpática" não incluía abraços, a menos que eu estivesse mastigando um chiclete para colar no cabelo de Camila.

− Bom, vamos jantar? – Lucero sorriu e todos assentiram se sentando à mesa.

Eu me sentei entre Micho e minha mãe que estava do lado de Michel. Nós conversávamos animadamente e eu não dirigia a palavra e muito menos o olhar para Manuel e Camila que estavam na minha frente.

− E então, Letinha, arrumou um trabalho mesmo? – Camila sorriu falsa.

Eu abri um sorriso mais falso ainda. Odiava esse apelido e Lu sabia disso, tanto que me olhou suplicante para que eu não desse uma resposta grossa.

− Sim, graças a Deus. – eu voltei a comer.

− É estranho, porque seus pais são ricos e você não precisa trabalhar. – Camila continuava com aquele sorriso cínico no rosto.

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