DIAS DEPOIS
Minha relação com a Lucero não podia estar melhor. Nós éramos amigas, cúmplices, mãe e filha exemplares. Como já conhecíamos os gostos uma da outra não foi difícil de adaptarmo-nos a morar juntas. Apesar dela não demonstrar, eu via sua tristeza por toda a saudade que ela sentia dos meus irmãos e da mágoa que ela sentia de sua mãe. Lu nunca foi de guardar sentimentos ruins de ninguém, ainda mais da própria mãe, mas ela mexeu na pior ferida da Lucero que era eu. Como a mãe protetora que sempre foi, ela não queria correr o risco da mãe dela me machucar e preferia ficar ali do meu lado. Nós estávamos sentadas no sofá, como sempre, Lucero estava encostada no meu peito me abraçando e eu fazia carinho em seu cabelo.
− Filha, acho que vou lá em casa. – Lucero falou de repente.
− O quê?! Como assim? – eu soltei Lucero, arregalando os olhos, assustada.
− Eu preciso ir pegar algumas roupas e além do mais... – Lucero parou de falar e brincou com as próprias mãos. – Eu estou com saudades dos seus irmãos. Juro que volto logo, é só o tempo de arrumar uma mala.
Eu jamais impediria Lucero de fazer o que queria, muito menos de ver Lucerito e José Manuel que eram muito mais novos do que eu e por isso precisavam mais da mãe. Apesar dela já estar bem, eu nem imaginava qual seria a reação de dona Lu ao vê-la de novo e não iria deixá-la sozinha.
− Eu vou com você. – eu afirmei por fim.
Foi a vez de Lucero arregalar os olhos. Claro que ela iria negar.
− Não... Não precisa, meu amor. Minha mãe pode estar lá e dizer algo para te magoar.
− Pois eu não ligo para o que ela diz ou acha de mim. Não vou deixar você ir sozinha, porque você sim pode ficar magoada se ela te disser algo.
− Está certo, minha menina, eu entendo que você esteja preocupada comigo e fico feliz por isso. – Lucero sorriu. – Eu vou trocar a roupa rapidinho, hã? – ela falou e eu assenti.
Lucero foi para o quarto e eu ajeitei somente meu cabelo na sala mesmo já que minha roupa estava boa e logo Lu voltou com um vestido bem fofo, amarelo com algumas flores coloridas. Eu fui dirigindo até a antiga casa dela e ela olhava a janela, pensativa. Nós chegamos lá e descemos do carro. Lu parou em frente à porta e mordeu o lábio aparentemente nervosa, mas eu segurei sua mão e a virei para mim, a abraçando.
− Eu estou aqui e não vou deixar ninguém te machucar, está bem? – eu enfatizei e Lucero assentiu com os olhos marejados, me soltando.
Nós entramos devagar e Lucerito e José Manuel correram na nossa direção, nos abraçando.
− Mamãe! Leti! Que saudades. – Lucerito falou.
− Eu também estava, meus amores. – Lucero fechou os olhos com força, abraçando Lucerito e Jos ao mesmo tempo.
− Você foi buscar a Leti no Brasil, mãe? – Jos encarou Lucero.
− Não, meu amor, eu... – Lucero tentava falar, mas Lucerito a interrompeu.
− Vocês vieram buscar a gente ou para ficar? – Lucerito perguntou.
Lu me olhou e eu reconheci seu olhar de súplica. Ela não queria que Lucerito e José Manuel soubessem sobre mim daquela forma, eu mesma a convenci de que ela precisava se estabelecer primeiro, pois ela ainda não estava completamente bem depois dos últimos acontecimentos.
− Mas vocês perguntam, hein? – eu forcei uma risada tentando parecer convincente. – A gente não pode buscar vocês ainda porque vamos viajar, mas logo viremos visitá-los de novo. – eu menti e Jos e Lucerito abaixaram a cabeça. – Não fiquem assim, nós voltaremos o mais rápido possível, não é? – eu busquei a confirmação de Lu.
− Sim. – Lucero me olhou, agradecida. – Leti, você pode ir guardando as minhas coisas enquanto eu os levo para o quarto? – ela me pediu, eu assenti e depois de Lucerito e Jos me beijarem no rosto, ela abraçou os dois e foi para o quarto deles.
Eu fui para o quarto de Lucero e coloquei a mala em cima da cama, abrindo e começando a guardar suas roupas dobradas.
LUCERO NARRANDO
Quando eu descobri que minha filha foi embora, eu me afundei novamente na depressão a ponto de terminar internada, com anemia profunda. Minha mãe tentava me convencer de deixar Letícia para lá, mas como eu poderia fazer isso sabendo que ela existia e estava longe de mim? Até que ela a chamou novamente para mim, não entendi o motivo dela ter feito isso e mesmo assim continuar indiferente comigo e com Letícia, eu sentia falta dela, mas enquanto ela não aceitasse a minha filha, eu não queria nenhum tipo de contato com ela. Desde então eu morava com minha menina em seu apartamento e apesar de estar muito feliz, me partia o coração viver longe de meus outros filhos. Resolvi ir à minha antiga casa para vê-los e buscar mais algumas roupas, já que eu só tinha as que Ernesto me levou ainda no hospital, Leti quis vir comigo, tinha medo de minha mãe me magoar e eu tinha o mesmo medo em relação a ela, mas eu sabia que minha filha era forte, ao contrário de mim que me magoava fácil e chorava por tudo. Pedi para Letícia ir arrumando minhas coisas enquanto eu matava a saudade dos meus pequenos. Nós conversamos um pouco, mas logo os mandei tomar banho e quis ir ajudar minha filha. Quando fui saindo do quarto de José Manuel, minha mãe apareceu se assustando ao me ver.
~ * ~
O que será que dona Lu vai fazer? :(
Após vir aqui postar ontem, eu soube que era o dia do leitor, então só hoje é o post de comemoração kkkkkk. Obrigada a cada um que me acompanha, desejo vocês sempre comigo <3
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Segredos Revelados
FanficLetícia era uma bela moça recém formada em Psicologia e muito fã da artista mexicana Lucero Hogaza. Sem muitas oportunidades de atuar em sua profissão, a psicóloga encontra um emprego qualquer para ajudar nas despesas da casa, onde vivia com sua mãe...