Capítulo 39

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HORAS DEPOIS

Eu acordei já sozinha no quarto, na mesma posição de antes, mas no lugar do colo da Lu, estava um travesseiro e eu estava coberta com dois edredons, coisas da Lucero. Sentei-me passando a mão no rosto e todos os acontecimentos do dia vieram à tona. Eu senti vontade de chorar novamente, mas me segurei, pois me lembrei das palavras da Lu. Ela entrou no meu quarto devagar e sorriu de leve ao me ver acordada.

− Oi, meu amor, que bom que acordou. – Lucero se sentou do meu lado. – Nem vou perguntar como se sente. – ela suspirou e eu assenti.

− Que horas são? – eu perguntei sonolenta.

− Quatro horas da manhã.

− E o que você faz acordada há essa hora e ainda arrumada? – eu franzi o cenho, percebendo que Lucero estava vestida com roupa casual e não de pijama como de costume.

− Porque nós precisamos ir ao Brasil e eu consegui passagem para daqui a pouco. Já vinha te acordar.

− Falou com o Ernesto? – eu ergui a sobrancelha.

− Nem nesse momento você deixa de se preocupar comigo. – Lucero negou com a cabeça sorrindo de leve. – Já falei sim, meu amor. Ele queria ir com a gente, mas achei melhor não, sempre não vamos demorar. – ela deu de ombros e eu assenti.

− Então eu vou me arrumar. – eu me levantei e fui ao banheiro.

Eu tomei um banho e ao sair, encontrei uma roupa minha bem confortável em cima da cama. Eu não sabia o que faria se a Lucero não estivesse do meu lado naquele momento. Sempre tive somente minha mãe e ela a mim, eu sabia que se eu estivesse sozinha enlouqueceria sem ela, mas graças a Deus, eu encontrei minha mãe biológica antes da minha outra mãe partir. Vesti a roupa que ela escolheu e fui para a sala, a encontrando sentada à mesa.

− Fiz suas panquecas preferidas. – Lucero anunciou assim que me viu.

− Obrigada, mas eu estou sem fome. – eu suspirei me sentando ao lado de Lucero.

− Mas come nem que seja um pouquinho, meu amor. – Lucero suspirou. – Se você não comer, vai adoecer e eu vou ficar muito preocupada.

− Tudo bem, eu vou comer. – eu revirei os olhos e me servi. – Ainda quero saber como você faz para conseguir tudo o que quer quando faz essa carinha. – eu ri de leve e Lucero me acompanhou.

Só a Lucero para me fazer bem num momento como aquele. Depois de nos alimentarmos, pegamos nossas mochilas e fomos em direção ao aeroporto em seu carro.

− Quem vai buscar o carro depois que embarcarmos?

− O Toño. Combinei com ele para assim que amanhecer, ele vim buscar o carro e ficar lá em casa com os meninos até a gente voltar. – Lucero me explicou e eu assenti.

Eu virei para a janela, pensativa, enquanto a cidade que já acordava passava com rapidez. Estava até mais conformada com a situação, não tinha mais o que fazer, só aceitar que agora minha mãe estaria comigo lá de cima e também a presença da Lu era indispensável, ela me fez ver as coisas por outro ângulo, ainda triste, mas nunca insuperável. Logo embarcamos e minutos depois, Lu já dormia. Seu pescoço estava virado de lado e se ficasse muito tempo naquela posição, ficaria muito dolorido. Então eu resolvi acordá-la.

− Lu, manhosinha... – eu chamei baixo e Lucero se mexeu. – Vem, se encosta em mim senão você vai sentir dor.

Lucero nem contestou, apenas encostou a cabeça no meu peito e eu afaguei seus cabelos. Ela estava um pouco gelada, então peguei seu casaco e joguei por cima de nós duas enquanto ela dormia serenamente. Passei muito tempo acordada até que fui vencida pelo cansaço e adormeci. Acordei alguns minutos depois com uma mão no meu ombro. Era a aeromoça que trazia junto um carrinho cheio de comida.

− Desculpe acordá-la, senhorita, mas o lanche já será servido. – a aeromoça sorriu. – A senhorita deseja alguma coisa?

− Eu não, mas acho que minha mãe vai querer. Você me dá só uns minutinhos para que eu a acorde?

− Claro, eu vou servindo as outras pessoas, daí vocês me chamam. – a aeromoça falou sem tirar o sorriso do rosto e eu assenti, agradecendo.

A aeromoça se afastou e eu comecei a mexer no cabelo da Lu, querendo acordá-la devagar.

− Lu... Ei, meu amor. – eu chamei baixinho, mas Lucero se levantou assustada.

− Oi, filha, já chegamos? Está sentindo alguma coisa? – Lucero disparou a perguntar e passou a mão no cabelo.

− Não, Lu, calma. – eu acariciei o rosto de Lucero. – Estamos longe de chegar e eu só te acordei para você comer um pouquinho.

Lucero assentiu e eu apertei o botão que chamava a aeromoça. Ela veio imediatamente trazendo o lanche de Lu que começou a comer.

− Você quer? – Lucero apontou o lanche para mim.

− Não, obrigada. – eu suspirei em casa e Lu me olhou, repreendendo. – Eu já comi em casa, mãe. – eu bufei.

− Adoro quando você me chama de mãe. – Lucero falou emocionada e eu sorri triste. – Se lembrou dela, né? – ela percebeu e eu assenti, suspirando. – Não fica assim, amor, se lembra do que conversamos.

− Por que você acha que eu não pirei ainda? – eu falei e Lucero me abraçou.

Lucero insistiu muito para que eu deitasse em seu colo e descansasse um pouco, assim como ela fez e eu coloquei meu travesseiro em suas pernas e deitei, esticando minhas pernas sobre minha poltrona. Não dormi, mas senti seu carinho no meu cabelo até ela adormecer novamente. Nós desembarcamos e pegamos um táxi até minha antiga casa. Ao chegarmos lá, já estava lotado de gente e de longe, vi o caixão da minha mãe. Sem perceber, voltei a chorar e Lu me abraçou de lado.

                                                                                          ~ * ~

Finalmente Letícia e Lucero no Brasil, pena que por um motivo triste :(

Então, terça-feira (26) eu vou fazer exame de vista de manhã bem cedo e costumo passar o resto do dia sem enxergar direito por conta do colírio que usam para o exame, por isso para não deixar vocês sem post, amanhã (segunda-feira, 25) eu postarei dois capítulos <3

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