Capítulo 12

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LUCERO NARRANDO

Estar em minha casa com minha menina (mesmo sem ela saber que era minha) era maravilhoso, ainda mais depois dela ter aceitado dormir aqui. Eu pude cuidar dela, ajeitar seu cabelo e até me tornei sua mãe "postiça". Naquela hora me segurei para não chorar, pois sabia que Letícia estranharia a minha emoção. Eu sabia o quanto ela era apegada à mãe adotiva e isso me dava até um pouco de ciúmes, ainda mais por saber da raiva que ela guardava da mãe biológica sem saber quem era. Eu tinha medo de que quando ela soubesse, ela reagisse mal e não me desse chance de recuperar o amor dela como mãe, por isso resolvi esperar um pouco até sentir que ela já me amava a ponto de não conseguir mais nem pensar em me querer longe. Quando a levei para o quartinho que enfim foi ocupado por ela, me enrolei mais uma vez para responder sua pergunta e fui salva pelos meus outros filhos que chegavam com Manuel. Aquilo me fez perceber que eu não podia esperar muito tempo, pois aquela história já estava se enrolando demais.

− Quase não vinham, hein, meus amores? – eu ri, abraçando José Manuel e Lucerito.

− Foi tão legal, mamãe. – Lucerito falou animada.

− Sei. Mas agora vão tomar banho e dormir que amanhã tem aula.

Lucerito e José Manuel se despediram do pai e foram fazer o que eu disse. Eu olhei para Manuel que sorria.

− Bom, eles estão entregues e eu já vou. Boa noite. – Manuel se aproximou e me abraçou.

Depois de tanto sofrer com o fim do meu casamento com Manuel, enfim superei e construímos uma amizade, o que fazia bem tanto para nós quanto para nossos filhos. Apesar da mídia e alguns fãs especularem que ainda existia algum sentimento entre nós, seguimos nossas vidas e éramos felizes assim.

− Atrapalho? – Michel perguntou sério.

Manuel e eu demos um pulo ao ouvirmos a voz de Michel. Meu namorado morria de ciúmes do meu ex marido e implicava pelo fato de sermos amigos e mantermos contato, mesmo sabendo que isso sempre aconteceria já que temos dois, ou três, filhos juntos.

− Bom, é melhor eu ir, nos vemos. Até logo, Michel. – Manuel sorriu de leve e saiu.

Michel nem sequer respondeu, pois continuava me olhando como se eu estivesse cometido o pior dos pecados.

− Amor, não sabia que você vinha hoje. – eu tentei começar um assunto normal.

− E por isso você ficou aqui se agarrando com seu ex em plena sala? – Michel riu irônico.

Eu respirei fundo, olhando para cima e pedindo paciência a Deus para aguentar mais uma discussão que estava por vir.

− Eu não estava me "agarrando" com ninguém. – eu fiz aspas com as mãos.

− Não? E o que foi que eu vi aqui quando cheguei? – Michel cruzou os braços.

− Um abraço de despedida entre amigos. – eu falei como se fosse óbvio e fiz o mesmo que Michel.

− Amigos? – Michel riu desacreditado. – Ora, faça-me o favor, Lucero. Ninguém é amigo de ex.

− Entre Manuel e eu existe uma relação de respeito, isso é bom para os nossos filhos. Eu já me cansei desse seu ciúme bobo e dessa desconfiança.

− Então já que está cansada de mim, por que não volta com ele?

− Não coloque palavras na minha boca! – eu me irritei. – Você sabe que não foi isso que eu quis dizer. Eu te amo, caramba, quando você vai entender isso? – meus olhos marejaram.

− Ama nada, você está comigo é para esquecer seu ex, mas pelo visto não conseguiu.

− Me respeite, Michel! – eu me alterei e deixei que minhas lágrimas escapassem. – Eu acho melhor você ir embora antes que me magoe mais.

− Eu vou mesmo, antes que eu diga coisas que posso me arrepender depois. – Michel saiu, batendo a porta.

Assim que eu ouvi o estrondo da porta, caí no sofá, colocando as duas mãos no rosto e me entregando ao choro de verdade. Eu estava muito magoada, não conseguia acreditar que mesmo depois de cinco anos, Michel ainda duvidava dos meus sentimentos por ele. Senti os braços de Letícia me envolverem e deitei a cabeça no seu peito, recebendo o apoio que eu mais amava na vida.

                                                                                        ~ * ~

Lá vem Michel estragando a felicidade da nossa Lulu :(

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