Oito meses... Sim eu já estava de oito meses e ainda não conseguia acreditar em como o tempo passava rápido. As coisas estavam acontecendo rápidas de mais e minha rotina estava me deixando louca junto aos hormônios, essa seria a última semana que eu trabalharia, pois meu maravilhoso chefe resolveu me ceder por conta da sua preocupação comigo. Embora eu já pudesse saber o sexo da criança eu optei por não saber, seria mais fácil nunca saber o gênero que trouxe ao mundo.Minha mãe havia se mudado pra a cidade, mesmo com muitas discussões nossas, resolvi dar uma trégua e percebi que sua vinda pra cá foi algo que me ajudou de certa forma, já que a mesma me ajudava de todas as formas possíveis. Aliás a mesma respeitou e decidiu morar sozinha em um apartamento me deixando na minha privacidade. Embora sempre que pode esteja aqui.
Anahí como sempre se juntou a Maitê e insistiram em me presentear com um berço. A meses elas tentam me convencer a mostrar o quarto da criança mais eu sempre invento desculpas pra não mostrar. Só posso imaginar a mágoa que ambas ficarão de mim ao souber o que fiz, ou melhor, o que vou fazer.
Respirei fundo mais uma vez sentada em minha mesa, eu já estava totalmente exausta de mais para poder pensar nessas coisas. Em minhas mãos um cartão de visitas a um orfanato da cidade. Eu batia a caneta na borda da mesa enquanto analisava aquilo. Olho para minha barriga e vejo o quanto está enorme, e visível por cima do vestido. Por mais que eu quisesse não conseguiria esconder mais. Agora todos sabiam que eu estava grávida e prestes a ganhar. O problema era ouvir as pessoas me elogiando, e me perguntando coisas referentes a esse ser humano tão pequeno habitando em mim.
Como se sentisse alguém me chamando olho para frente e vejo meu chefe me chamando.
- Dulce.. está bem ? Precisa de algo ?
- Ah.. oi.. está sim estou bem senhor. Precisa de algo ?
- Se possível que vc vá almoçar - Diz sorridente - E isso não é um pedido é uma ordem. - Disse e caminhou para o elevador. - Vamos ? - ficou me olhando, eu estava parada no mesmo lugar, então me levantei e sorri caminhando em sua direção.
- Okay.. vou obedecer porque estou faminta.
- É claro que está. - Diz.
Não demorou e logo eu estava sentada em uma mesa comendo uma deliciosa macarronada com um copo enorme de suco de laranja natural gelado.
- Faminta era pouco - diz brincando.
- Isso está muito bom - confesso.
- É verdade. - logo seu telefone começa a tocar - Alô !
Ele atendeu e logo sua feição mudou, ficando sério, com certeza era um cliente. Logo sua ligação terminou e ele se levantou.
- Dulce tenho que ir, um cliente precisa de mim nesse exato momento. - Beijou meu rosto e saiu. Como se fosse um pai, eles assim me tratou. Apenas sorri e terminei de comer.
Quando deu minha hora decidi voltar para o escritório. Chegando lá encontrou minha mãe, dona Blanca sentada me esperando.
- O que faz aqui ? - pergunto surpresa.
- Vim ver minha filha e perguntar o que isso está fazendo nas suas coisas ? - me estende um papel com a foto do orfanato ao qual eu pretendia visitar.
- Porque esteve mexendo nas minhas coisas ? - pergunto com raiva.
- Eu espero que vc apenas esteja querendo visitar estás crianças e não abandonar uma lá - Ela não ligava para aonde estávamos, apenas jogava suas palavras.
- Por favor podemos conversar sobre isso em outro lugar.
- Claro que podemos. E vamos. Vc pode sair agora ? - Se recompõe.
- Vou avisar meu chefe, espere um momento. - Pego o telefone e ligo pra ele, não demorou e atendeu todo preocupado. Avisei que teria que ir mais cedo e ele concordou - Pronto, agora vamos.
Adentramos o carro e fomos até minha casa, o caminho todo em silêncio. Eu poderia recusar a conversa, mais eu sabia que uma hora ou outra isso aconteceria mesmo.
- Podemos conversar agora ? - Sua voz já impaciente.
- Sim.
- Dulce.. me diz pelo amor de Deus, que tudo isso não é o que eu estou pensando - Eu via a suplica em seu olhar.
- Eu na tomei minha decisão, sozinha.
- É.. eu sei que foi sozinha. Percebi mesmo. E eu só consigo, só consigo, sentir Dulce Maria pena dessa criança.- suas palavras carregadas de mágoa, de dor.
- Como pode se importar com alguém que nunca nem pegou no colo ? E deixar de se importar com alguém que saiu de dentro de vc ? Por acaso está me julgando ? Se esqueceu de tudo que já fez ? - Eu gospia tudo pra fora.
- É melhor vc calar a sua boca e me escutar ! - Ela gritou feroz. - Senta a porra dessa bunda porque quem vai falar e gospir tudo agora sou eu.. depois vc fala ! - Eu fiquei chocada com suas palavras, e meus olhos se arregalaram com tamanha a sua irá. Me sentei a contra gosto.
- É melhor ser breve - disse baixo e ela fez sinal para ficar calada. Ela respirou fundo e prosseguiu.
- Eu tinha 16 anos, quando conheci o teu pai, aquele miserável que tanto amei. Eu estava apaixonada de mais pra me importar com o que diziam dele. Ele era um mulherengo, que cursava administração, um filhinho de papai, e eu ? Eu era apenas a filha de alguém. Eu o conheci me envolvi nas suas mentiras, e quando meus pais descobriram que eu fiquei grávida de um garoto de 19 anos sem nenhuma responsabilidade, foi o fim. Eu tentei entrar em contato com ele, mais quando ele descobriu sobre o bebê, ele resolveu desaparecer do mapa e me deixar sozinha. Eu fiquei sozinha, sem chão, então meus pais queriam que eu abortasse vc. Mais eu não deixei ninguém arrancar vc de mim. Foi então que eu fui embora, fiz meu próprio caminho. Tive vc, cuidei de vc como pude, mais não era o suficiente, então uma colega me orientou a ser prostituta por um tempo, o dinheiro iria me ajudar a cuida melhor de vc e de mim. E eu consegui Dulce, consegui me erguer, mais eu já estava atolada de mais naquele mundo para sair. Eu queria ser amada, mais todos os relacionamentos que encontrei foram abusivos. E eu acabei perdendo vc. Eu lamento por tudo, por tudo mesmo. Mais saiba que por mais difícil que foi. Eu jamais quis um dia me livrar de vc, ou te abandonar ou te esquecer. Eu te amo, e vc é a razão da minha vida. - Seu rosto molhado sobre suas próprias mãos me mostrou o quão indefesa ela estava. Me levantei e fui em sua direção já aos prantos.
- Me desculpa.. me perdoa mamãe...
- Eu que te peço perdão meu amor...
O choro durou um longo tempo, mas tudo aquilo nos fortaleceu criando um relacionamento mais íntimo e próximo entre nós duas. Antes de ir embora ela fez questão de jantar comigo, de me abraçar a todo momento possível e de me pedir uma coisa.
- Pense direito em tudo o que faz filha. Algumas decisões só podem ser tomadas uma vez na vida. - Beijou me na testa e saiu.
Meu coração estava feliz, e minha mão acariciou minha barriga involuntáriamente, e logo sinto ela se mexer. Sorrio.
- Vc tem uma vovó incrível. Vc gosta dela né ?
Oii
Turu bom ?
🔥✨
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vizinha de luxo
RomanceO destino não brinca, ele debocha. a vida é uma professora de mão cheia e com esta história você vai se divertir. Dulce María Savinón é a Vizinha de luxo.