Capítulo 32

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– E então Mari? – Bia perguntou nervosamente.

– Bia... – Mari murmurou segurando a vara de plástico entre os dedos.

Mari não precisou dizer mais nada, Bia entendeu o olhar e o tom de voz da esposa. Conhecia Mari bem demais para saber quando tentava poupá-la de algo, estava implícito no tom da esposa que algo não estava bem. Seus planos não haviam dado certo.

– Eu sinto muito...

Amorena abraçou a esposa que chorava copiosamente em seu ombro. Afagou seus cabelos e chorou junto a ela, mas não se permitiu isso por muito tempo, Bia precisava de um porto seguro agora e Mari precisava ser forte para ela, sua dor podia vir mais tarde.

– Mari... – Bia murmurou com a voz embargada – E-eu fiz tudo certo, mantive repouso e me cuidei...

– Querida, algumas vezes essas coisas só acontecem – Mari apertou Bia em seus braços – O médico disse que podia não dar certo na primeira vez, mas não devíamos desanimar.

– E se o problema for realmente eu? – Bia se soltou de Mari e começou a andar pelo banheiro enquanto gesticulava e falava nervosamente – E se meu corpo estiver rejeitando uma nova criança? Tem algo de errado comigo e...

– Bia! – Mari puxou Bia pelo braço para que a encarasse - Me escuta! Não é você! O médico nos avisou que isso poderia acontecer e infelizmente aconteceu. Tudo o que temos a fazer é esperar o tempo necessário entre uma inseminação e outra e tentar outra vez...

– Não.

– O que?

– Não – Bia abraçou-se novamente a Mari – Não vai adiantar...

– Mas e o nosso bebê?

– Lembra do que eu disse? Sobre uma adoção?

Mari encarou os grandes olhos castanhos da esposa, diante daquela pergunta escondida em meio às palavras de Bia, uma pergunta que a maioria das pessoas acha difícil, ela sabia que concordaria. Havia muita pouca coisa no mundo com o que ela não concordaria por Bia, ainda mais num momento como esse.

– Tem certeza? – perguntou num sussurro.

– Sim... – Bia sorriu tristemente – Vamos ter mais um bebê em casa e uma criança vai ganhar um lar estável.

– Então, nós vamos adotar um bebê – Mari beijou os lábios da esposa.

– O que eu fiz para merecer alguém como você?

Era aquele olhar que Mari adorava. O olhar carinhoso, cheio de admiração e amor que Bia lhe enviava em ocasiões como essa.

– Você é Bianca Andrade, é tudo o que é preciso para me tornar uma pessoa melhor.

[...]

A tarde passou e Gizelly cuidava das meninas, com alguma dificuldade as alimentou ao mesmo tempo e a hora do banho foi um pesadelo. A única notícia que teve de Marcela até o momento foi um recado na secretária eletrônica dizendo simplesmente:

"Vou demorar um pouco mais do que o esperado, assim que saí de casa Prior me ligou porque precisamos procurar o Daniel, parece que ele está em Chinatown. Volto antes do jantar."

Era tudo. Não faltava muito tempo para a hora em que costumavam jantar, e por ter que ficar tomando conta das meninas Gizelly não pode fazer nada, apenas mandou uma mensagem para que Marcela não se atrasasse e trouxesse uma pizza. A morena deixou que Alice e Avril brincassem pela sala, mas durante todo a tarde as meninas pareceram inquietas.

Ligeiramente grávidas ( GICELA)Onde histórias criam vida. Descubra agora