Capítulo 8

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Gizelly observava a paisagem mudar pela janela do carro, o grande amontoado de prédios cinzas se afastava dando lugar a casas familiares com um jardim verde e cerca branca. Aquilo era o que Gizelly imaginava como perfeito para criar seus filhos, ela podia montar um quadro perfeito em sua cabeça: ela cuidando do jardim enquanto Marcela e os meninos brincavam no gramado, receber um beijo da esposa e observarem juntas, seus filhos correndo e usando capas de super heróis. Ultimamente ela vinha imaginando Marcela desse jeito, como alguém para o hoje e para o amanhã. Gizelly podia ser feliz assim.

E quanto aos meninos, bem ela criara essa imagem mental depois de tudo o que Marcela listara que fariam juntos: jogar baseball, videogames e é claro se fantasiar de personagens das revistas em quadrinhos. Gizelly ainda não pensara nos nomes dos dois, mas gostava de Brandon; ela podia se imaginar segurando seu garotinho no colo e chamando-o de Don.

– Eu gostaria de morar em um lugar assim...

– Você gosta?

Gizelly só se deu conta que havia falado em voz alta quando Marcela lhe fez a pergunta sorrindo.

– Sim, é muito bonito.

– Meu pai é dono de algumas casas aqui, ele compra reforma e as aluga – Marcela deu de ombros – Quando Enzo e Eu nos formamos ele vendeu uma delas e nos deu o dinheiro, foi assim que abrimos a loja.

Marcela seguia pela estrada. Até que avistou uma bela casa azul com a grama bem aparada e o jardim cheio de rosas... Um ar nostálgico se instalou em seu peito. Ali naquela residência, ela passou boa parte de sua vida e viveu os seus melhores anos.

A loira estacionou seu carro ao lado do carro do seu irmão, que já se encontrava lá, desceu e foi abrir a porta para Gizelly, que sorriu de leve para atitude de Marcela.

– Pronta para conhecer a parte negra da minha família? – Marcela perguntou sorrindo.

– Mais preparada que isso, impossível. – Gizelly respondeu entrando na brincadeira.

– Eu não acredito nisso! – uma voz melodiosa veio até elas – Marcela Mc Gowan está de volta!

Ao se virar Gizelly se deparou com uma ruiva de parar o trânsito, alta e com um corpo invejável. A morena observou o sorriso de Marcela aumentar enquanto soltava sua mão e se afastava em direção à tal ruiva deixando Gizelly para trás. Jamais admitiria isso em voz alta, mas a ruiva deixava-a insegura; se tinha algo que Gizelly havia aprendido com a mãe – e até com Mari – é que ninguém era melhor que um Bicalho, e ali estava aquela garota perfeita que conseguia estampar um sorriso bobo no rosto de Marcela com apenas um olhar fazendo Gizelly se sentir um lixo.

– Valerie! – Marcela a abraçou enquanto ria – Há quanto tempo!

– Digo o mesmo! Você some... Parece que se esqueceu dos amigos que deixou aqui. E falando em amigos... – Ela desviou seu olhar para Gizelly – Ela é sua amiga?

– Sim, esta é Gizelly – Marcela virou-se para Gizelly que se recompôs dando seu maior olhar gelado Bicalho – Gizelly, está é Valerie.

As duas se encararam em silêncio. Gizelly só podia pensar que Marcela não a apresentara como sua namorada.

– Hum... – Marcela pigarreou quebrando o clima tenso – Vamos entrar Gizelly, papai está esperando. Até mais Val.

– Até Marcela.

Gizelly não disse uma palavra, mas tomou a mão de Marcela e entrelaçou seus dedos de forma possessiva. Se Marcela notou não disse uma palavra.

Foram atendidas por aquele que só podia ser o pai da loira, ele não tinha os castanhos de Marcela, mas tinha o mesmo nariz reto e sorriso cativante.

Ligeiramente grávidas ( GICELA)Onde histórias criam vida. Descubra agora