Capítulo 22

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Gizelly estava angustiada. Não era só isso, ela estava angustiada, preocupada e curiosa, tudo ao mesmo tempo. Marcela simplesmente desaparecera depois da noite de quarta; ok, para ser justa a loira respondia suas mensagens e atendia algumas ligações, mas o assunto era sempre vago demais.

– Com os pensamentos na lua?

Mari sorriu ao perceber que havia assustado a irmã mais nova. Era verdade, Gizelly mantinha o olhar distante como se estivesse divagando.

– Oi Mari – respondeu desanimadamente – Já cuidou da sua mulher hoje?

– Tá falando de que?

– Acho que o problema da Bianca é falta de sexo, deveria resolver isso – Gizelly falou ainda sem olhar para a irmã mais velha.

– Esse não é o problema, Bianca e eu não estamos em abstinência de sexo, você e Marcela que estão – Mari arquejou ao ver a careta de Gizelly ao ouvir o nome de Marcela – É por isso que está com essa cara? Algo errado com Marcela?

Mari sentou-se ao lado dela - as duas costumavam fazer muito isso ultimamente, sentar-se naquele banco na varanda e divagar sobre as coisas - e esperou por uma resposta, mas Gizelly hesitava. Afinal, se Gizelly não pudesse confiar na própria irmã, confiaria em quem mais? Pensou por um momento antes de responder a pergunta, e quando o fez foi quase em um sussurro.

– Ela me pediu em casamento e eu não aceitei.

– O que?! Acho que não entendi direito.

– Foi isso mesmo que você entendeu, ela me pediu em casamento e disse que me amava, mas eu disse não.

– Ok – Mari tomou um minuto para se situar com tudo – Porque disse não?

– Eu não sei exatamente, só estou tão confusa... – Gizelly gemeu – Marcela está mudando como prometeu, e sendo fofa como sempre, mas não temos condição alguma pra isso agora. Como vai ser?!

– Acho que você só está com medo, isso é normal. É um grande passo, e vocês serão uma família, você precisa pensar nas suas filhas.

– Estou fazendo isso! E se não der certo, e elas ficarem marcadas por uma separação? Não quero isso pra minhas meninas.

Gizelly acariciou a barriga de forma inconsciente, ela vinha fazendo muito isso nos últimos tempos. Um gesto de proteção que demonstrava todo seu amor por aquelas duas pequenas vidas dentro dela.

– Qual o problema? - Mari perguntou – Marcela não aceitou bem a rejeição?

– Ela só disse "já sei o que tenho que fazer" e saiu pela porta. Isso foi na quarta-feira! E hoje já é domingo! Toda vez que eu ligo ela diz que está ocupada e não pode vir, quando pergunto o que ela está fazendo simplesmente recebo respostas vagas.

– E qual é o seu medo exatamente?

– E se... – Gizelly tomou coragem e respondeu de uma vez – E se ela desistiu de mim e encontrou outra? E se está com aquele cafajeste do Prior, caçando garotas por aí? Quero dizer, eu estou enorme e exigindo demais dela...

– Gizelly... – Mari falou carinhosamente enquanto abraçava a irmã pelos ombros – Deixa de ser paranoica.

– Por que...

– Marcela está bem ali – Mari a interrompeu e beijou seu rosto – Vou deixar vocês a sós, faça a coisa certa.

Mari saiu e quando Gizelly se virou, Marcela estava realmente vindo até ela com um buquê de rosas na mão e aquele olhar fofo capaz de derreter qualquer um – menos Gizelly, que no momento exigia por respostas.

Ligeiramente grávidas ( GICELA)Onde histórias criam vida. Descubra agora