Capítulo Um - Primeira Parte

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(Willian)

A sensação de perda e descontentamento pairava por todo o ambiente ao

meu redor. Tão forte que era praticamente palpável. Mas desconsiderei a sensação

e continuei andando, tamanho o alívio que sentia de poder estar aqui novamente.

Transportado para perto dela.

Aonde será que esse sonho vai me levar desta vez?

Não que isso realmente importasse. Pois sempre que a encontrava dentro

de meus sonhos era uma experiência nova e surpreendente. E toda vez ela está

um pouco diferente em relação à última vez em que a vi. As mudanças podiam

ser sutis, quando ficava pouco tempo sem vê-la. Mas quando os sonhos demoravam

para acontecer, as mudanças eram bem evidentes. Pelo menos para mim.

Nos últimos dias, meus sonhos têm sido cada vez mais frequentes e conturbados.

A urgência que sinto vindo dela é desesperadora. E mesmo sem saber

para onde sou levado, prefiro mil vezes estar em qualquer lugar com ela, do que

longe, sem saber o que pode estar acontecendo.

Mesmo quando não a vejo logo no início do sonho, como hoje, sei que

ela está em algum lugar por perto. É por ela que eu estou aqui. Sempre por ela.

Desde as primeiras vezes em que a vi soube que era por ela.

Não foi preciso procurar muito. Andei alguns poucos passos e, a menos

de dez metros, lá estava ela. Deitada na grama aos pés de uma árvore quase sem

folhas. Reconheci onde estávamos assim que o sonho se tornou nítido. Tantas

vezes antes estive aqui em sua presença. Estávamos no jardim dos fundos de

sua casa.

Mesmo a essa distância e não conseguindo ver seu rosto direito, podia

sentir que ela não estava bem. Fui me aproximando devagar. Não que isso fizesse

qualquer diferença, pois tomar cuidado não era realmente necessário, era mais

por costume. Pois em todos os sonhos que tive com ela até hoje, e não foram

poucos ao longo dos anos, nunca consegui me mostrar presente. Nunca. Por

mais que tentasse, é como se eu não existisse.

Há alguns anos me conformei de que aqui, em seu ambiente, eu era apenas

um simples espectador. Mas nem por isso eu deixaria de tentar. Pelo menos

eu podia fazer parte disso tudo e por alguns instantes era parte de sua vida, mesmo

estando em segundo plano.

Aproximei-me o suficiente para poder observá-la melhor, ela estava adormecida.

Olhei ao redor com a sensação de que não estávamos sozinhos. Como se

alguém estivesse nos espreitando de longe. Não era a primeira vez que sentia isso.

Mas era impossível outra pessoa estar aqui sem que eu notasse.

Queria poder alertá-la, precavê-la de que alguém mais estava por perto.

Labirinto de Espelhos  (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora