Labirinto de Espelhos (Livro 1)

Capítulo Nove - Segunda Parte

– Onde quer ir agora? – falei, virando-me para ele.

– Quais as opções?

– Bem, se fosse verão, eu diria o parque de diversões. Mas fica fechado durante todas as estações e só abre no verão – disse, lembrando de todos os verões que fui com Noah até o parque. – Alguma ideia? – perguntei, tentando não pensar em Noah.

– Soube que tem um morro onde as pessoas vão para ver o pôr do sol.

O morro dos apaixonados. Onde os casais vão para ver o pôr do sol e muito mais.

Engoli em seco pensando nisso. Será que Willian queria a parte do pôr do sol ou o "muito mais"? Eu ainda não estava nem um pouco pronta para o muito mais.

– Está tudo bem, Eva? – Willian estava virado para mim com as sobrancelhas franzidas com cara de preocupado. Quanto tempo fiquei sem falar?

– Eva – insistiu ele, segurando meu queixo, movendo meu rosto para que ficasse virado para o dele –, o que foi?

Era melhor eu falar de uma vez o que estava pensando para que ele não achasse que eu era "fácil".

Não sei como, mas eu sabia que Willian não era esse tipo de cara que sai por aí ficando com várias garotas e se aproveitando delas.

Bem, pelo menos era o que eu achava. Ou queria que fosse verdade.

Se ele estava esperando algo mais de mim assim tão cedo, eu tinha que falar para ele que eu não era esse tipo de garota.

– Eva, você está me matando aqui – falou, aproximando-se ainda mais.– Diga alguma coisa – exigiu.

– Eu não sou fácil. – As palavras pularam para fora de minha boca.

Willian levantou as sobrancelhas arregalando os olhos para mim.

Achei melhor refazer a frase.

– Eu só queria dizer isso para você não ficar pensando mal de mim – sussurrei para ele.

Seu olhar se suavizou quando ele entendeu onde eu queria chegar
com isso.

– Eva, eu não estava pensando mal de você – falou, com doçura, olhando para mim

– Só queria que soubesse isso – falei, mordendo o lábio.

– Que você não é fácil?

Fiz que sim com a cabeça concordando sem coragem para olhar para ele.

– Então você é difícil? – Dessa vez olhei para ele. Willian estava obviamente se divertindo com meu sofrimento tentando esconder um riso.

– Não... Digo sim... – Ele estava se divertindo com o meu desespero de tentar encontrar as palavras certas. – Eu só queria deixar claro. Imagino que todas as garotas devam se jogar aos seus pés. Mas eu não sou...

– Fácil – completou ele.

Fiz que sim de novo com a cabeça.

Já estava ficando brava. Como ele podia ser tão confiante e me deixar tão sem jeito de falar uma coisa que era só uma verdade?

Willian deve ter visto que eu não estava gostando da situação e com gentileza pegou minha mão levando-a aos lábios e dando um beijo nela. O local ficou formigando por alguns segundos.

– Eva – falou meu nome suspirando e olhou intensamente em meus olhos. – Eu não me importo com outras garotas. E nem você deveria. Eu me importo com você. Você só não sabe ainda – e falando isso colocou uma mecha de cabelo que estava solta atrás de minha orelha.