Acordei sentindo todos os músculos do corpo rígidos. Dessa vez não demorei para entender onde estava. Assim que abri os olhos reconheci a sala de equipamentos de educação física de imediato.A noite anterior poderia mesmo ter acontecido? Fiquei presa no colégio durante uma noite inteira e com ele... e ele me beijou.. Ou quase!
E assim que pensei nisso notei que não o vi em lugar algum. Onde ele está? Olhei para todos os lados procurando.
– Willian – chamei em voz alta. Mas não houve resposta. Estava sozinha.
Pelas janelas retangulares da sala entrava uma luz fraca mas já deveria ter amanhecido há um certo tempo.
Os dias estavam sempre bem fechados nessa época do ano e as manhãs eram sempre escuras, chuvosas e muitas vezes com neblina.
Achei melhor não me demorar ali, tinha que levantar e sair do colégio.
Se ele não estava mais lá, era porque tinha achado uma forma de sair.
Eu ainda usava sua jaqueta. Peguei a gola dela e a cheirei. O perfume dele estava impregnado nela. Era um perfume que eu nunca senti antes. Não era doce, era mais amadeirado, um perfume singular. Cheguei à conclusão de que era um cheiro único. Cheiro de Willian.
E nós havíamos nos beijado. Bem, quase. Será que ele gostou? Será que ele está pensando bem de mim? Eu não saio por aí beijando pessoas que acabei de conhecer. Mas por outro lado, ele não tem como saber disso.
Fiz uma anotação mental de que precisava falar isso para ele. Não com essas palavras, mas dizer que isso não acontecia com frequência. Bem, nunca aconteceu, na verdade. Mas não precisava falar que aquele tinha sido meu primeiro quase beijo. Isso seria bem tapado da minha parte.
Por minha cidade ser um lugar minúsculo, antes mesmo de você considerar beijar uma pessoa, metade da cidade já comentava que você estava namorando. Então isso para mim sempre foi uma barreira. Odiava que todos sempre ficassem sabendo de tudo tão rápido.
Do andar de baixo veio o barulho de fechaduras sendo destrancadas.
Sentei-me rapidamente colocando as botas e correndo para a porta.
Não podia arriscar ser pega. Tinha que sair do colégio o mais rápido possível.
Sabia que o dia já estava perdido. Mesmo tendo dormido, estava com muitas horas de sono atrasado.
Nem precisaria fazer uma lista de prós e contras para saber se deveria faltar no colégio. Pois não encontraria nenhum contra para colocar na lista.
Corri pelo corredor na ponta dos pés. Mas os barulhos agora não estavam mais tão sutis. Podia ouvir pessoas conversando, baldes sendo arrastados e pisos sendo varridos.
Desci as escadas espiando sempre antes de virar uma curva, para não dar de cara com ninguém.
Chegando ao primeiro andar, pude ver que a porta principal de entrada já estava aberta.
Respirei fundo escutando se alguém estava por ali. Não escutei passos por perto e saí correndo para fora do colégio.
Pronto.
Estava a salvo. Mesmo que me parassem, agora poderia inventar uma desculpa falando que tinha chegado cedo no colégio. Bem cedo.
Bem, ninguém podia me culpar por querer ser uma aluna exemplar e chegar cedo. Ri sozinha desse pensamento.
Mamãe não voltaria para casa antes das 8h da manhã. Por isso não precisaria me preocupar.
Fui andando com passos rápidos para casa, o vento frio açoitava meu rosto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Labirinto de Espelhos (Livro 1)
RomanceSinopse Quando a estudante Eva Lins conhece o misterioso e sedutor Willian não imagina quais segredos ele podia esconder por trás de tanta beleza. Que ele é perigoso, ela pôde ver em seus olhos desde a primeira vez que se encontram, porém, a vontad...