Capítulo I

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Na floresta, o ar é limpo e fresco. A grama é macia e o único barulho é o canto dos pássaros nas árvores altas ao redor. As bétulas, os pinheiros e os abetos são enormes e deixam passar só parte dos raios de sol da tarde, mas felizmente a clareira onde fica a antiga cabine dos guardas florestais é bem iluminada. Aquele pedacinho de mundo parecia isolado de todo o caos.

Os pulmões de Kate se enchem de ar puro. Ela sentira muita falta da floresta. Aqui ela não precisa se preocupar em ser atacada por mortos, não precisa ficar vigiante todas as horas do dia. Como é bom estar em casa.

— Desculpa. — Kate sente-se um pouco constrangida vendo Mia ir embora brava na direção do rio. — Prometo que ela vai se acostumar e vocês vão se dar bem.

— ...

— E faz tempo também que vivemos só entre mulheres. Ela deve ter estranhado.

— Tudo bem.

Oh. Ben parece um pouco desanimado. Kate bate as palmas e sorri, dizendo:

— Bom! Vamos passar a rede nas árvores e acender a fogueira pro jantar — Kate olha para cima, pensando. — Tá ficando um pouco tarde já. 5h52. Quer ajudar, Ben?

— ... Claro.

Kate dá um último afago em Cree e o deixa voar de novo para o meio das árvores. Ele também era mais feliz em Jasper.

Kate leva Ben até o armarinho de ferramentas na parte de trás da cabine. Ben pode ver lanças, flechas, machados, pás e outras coisas lá dentro. Ao lado, dois barris enormes de latão vermelho estão fechados com uma tampa de plástico preto. Há também um terceiro barril, dessa vez cinza, um tanto amassado e com um galho comprido dentro. Um varal longo se estende de um gancho alto na parede até a árvore mais próxima, e algumas camisetas e calcinhas estão secando ao sol.

— Aqui estão as ferramentas. Lembra sempre de guardar depois de usar. — Kate explica. — Esses barris vermelhos são de água potável. Tem um galão com água na cozinha e a gente enche ele aqui. — Kate dá batidinhas com os nós dos dedos e o metal ecoa, revelando pouca água no fundo. — Depois fervemos mais. Esse barril cinza é... Uh, nossa máquina de lavar roupa.

Ben dá uma risadinha.

— Depois separa sua roupa suja. Amanhã lavamos.

— Tá.

— Aqui no armário a gente deixa as coisas da fogueira também.

Kate pega uma grade larga de metal e a coloca apoiada na parede. Depois pega uma mala preta no canto do armário e abre o zíper, mostrando para Ben uma rede — daquelas que vão atrás do gol.

— No final da tarde nós sempre colocamos essa rede pendurada nas árvores do perímetro da clareira, assim nenhum animal selvagem ou outra coisa se aproxima durante a noite. Vamos colocar a rede e acender a fogueira. Depois te levo pra conhecer a casa.

Nas cascas das árvores, Ben vê pequenos ganchos de metal encravados nos troncos na altura de sua cabeça. Ele ajuda Kate a pendurar a rede nos ganchos e a estica até o chão, onde prendem no lugar com pedras. Eles cercam toda a clareira com a rede branca, formando uma barreira de proteção.

— Já pensou em construir uma cerca? — Ben pergunta ao amarrar o tecido no último gancho.

— Tentamos, mas... — Kate dá de ombros. — Eu me senti uma prisioneira. Pelo menos a rede dá pra tirar durante o dia. Aqui não tem muita coisa perigosa, Ben, prometo. É seguro.

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