Capítulo IX

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A caverna do Dragão nada mais é do que um buraco pequeno entre algumas pedras; o interessante mesmo do ponto turístico é a grande rocha na beira d'água de onde as pessoas costumavam pular no rio.

Ainda é bem cedo: o Rolex no pulso de Kate mostra oito e meia da manhã. E está ficando calor rápido: Kate sente o suor escorrendo em suas costas e acumulando no peito, mas não tem coragem de tirar a roupa de surfista.

Ela e Ben ficam trinta minutos na beirada d'água descansando da subida do mirante. A correnteza leve faz cócegas entre os dedos dos pés dela e peixinhos se escondem entre as pedras com musgo, espiando de vez em quando.

Após o descanso, Kate e Ben pegam as bicicletas de novo e continuam seguindo a trilha perto do rio. Eles pedalam por um bom tempo nas margens até avistarem a ponte de pedra mais à frente. Ela também está fechada por uma cancela amarela.

A trilha de terra os leva, por entre as árvores, até a estrada que se conecta na ponte. Da linha de árvores eles veem um campo aberto enorme do outro lado da estrada, com grama alta e verde e alguns veados pastando ao longe. Deste lado da estrada, uma cabine de madeira da polícia rodoviária exibe sua bandeira canadense sacudindo com o ventinho. E essa estrada segue até onde a vista alcança, em linha reta, na direção de Calgary.

Kate olha o mapa: ele não mostra o que tem antes da ponte, mas ela identifica as árvores do parque da cidade do outro lado do rio, cobrindo a vista do pequeno lago. Felizmente a ponte está inteira e vazia, e a rua em que ela desemboca parece deserta. O único barulho é o do vento nas árvores e um ou outro canto de pássaro.

Kate segue Ben até a cabine da polícia, olhando ansiosamente ao redor. A cabine está na beira da estrada e tem todas as janelas e a porta fechadas. As pedrinhas no chão estalam com os passos e os pneus.

— Segura minha bicicleta. — pede Ben. Kate segura no guidão e o vê erguer o bastão de baseball na frente do corpo antes de pisar na pequena varanda de madeira e espiar pela janela.

A ansiedade de Kate retumba na barriga. O plano todo depende dessa cabine estar em boas condições.

Ben vai até a outra janela da frente e olha para dentro de novo. Ele vira para Kate e ela entende: nada dentro. Bem coloca a mão na maçaneta e empurra a porta. Cree voa do ombro de Kate direto para os pés de Ben e pula para dentro da cabine, inspecionando tudo junto com ele. Kate fica apreensiva pelos segundos de silêncio, mas logo ambos aparecem na porta.

— Vazio.

Kate dá um suspiro de alívio e estaciona as bicicletas na parede da cabine. Lá dentro é agradável: dois sofás e uma poltrona estão de frente para a lareira, como se fosse a sala de espera; do outro lado, uma pequena mesa que serve de recepção e duas cadeiras; as paredes e o chão de madeira, felizmente, estão bem conservados. Duas portas pequenas e brancas revelam ser a cozinha e um escritório cheio de papéis.

— E não vamos ter que dormir no chão — Ben aponta para os sofás. Eles não parecem estar nas melhores das condições, mas qualquer coisa é melhor do que dormir no chão frio e duro a noite toda.

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