— Kate?
Ben, apoiado na porta do banheiro, rói as unhas.
— Kate? — ela continua não respondendo. Ele bate na porta mais algumas vezes e gira a maçaneta. A porta abre, e Kate não está lá dentro. — Kate? Cree?
Nenhum sinal deles.
Ben acordou desorientado de sono e demorou alguns segundos para perceber que Kate e Cree tinham desaparecido, junto com a mochila azul. E eles não estavam no banheiro, aparentemente.
Ela tinha ido embora. Kate tinha ido embora no meio da noite, sem se despedir, sem um bilhete sequer. E Ben sente-se completamente deprimido e cheio de medo. Finalmente quando tinha encontrado outro sobrevivente e depositara sua confiança nela...
Ben senta no degrau do topo da escada e afunda a cabeça nos braços. A garganta dele fecha. Ele ficaria sozinho de novo-
Então, a maçaneta de ferro da porta lá embaixo gira.
Ben se coloca em pé em um segundo, erguendo o taco de baseball.
Um pássaro preto pula para dentro quando a porta abre. E depois vem uma garota de capacete de hockey na cabeça.
Ben suspira aliviado, abaixando o taco. Kate fecha a porta atrás de si e parece surpresa ao vê-lo acordado e vigiando-a.
— Oi. Não sabia que você tava acordado já.
— Acordei agora.
— Ah. Tá bom.
Ben vê que ela traz debaixo do braço alguns galhos grandes das árvores lá fora, pelo menos quatro. Ele dá espaço para que ela suba a escada e os dois voltam para a sala do prefeito.
— Uh- — o choque ainda deixa Ben meio lento. — Já- Já comeu?
— Ainda não.
Kate coloca a mochila no chão e passa alguns gravetos para Ben. Ele acende o fogo e coloca a água dos chás para esquentar na ponta da lareira.
Ainda de dentro da mochila, Kate tira também uma das grandes e afiadas facas da loja de pesca. Ela senta no chão junto com seus galhos e começa a examiná-los com cuidado. Perto do sofá, Cree se lava num potinho com água, feliz.
Kate usa a faca para arrancar pedaços da madeira e moldar o galho, rapidamente, em um bastão comprido, e faz igual com os outros três galhos. Então começa a afiar um dos lados numa ponta perigosa.
Oh.
— Seu chá. — Ben lhe entrega a caneca.
— Obrigada.
Ela termina de afiar os bastões enquanto come biscoitos de flocos de arroz com Ben. Quando termina, levanta e empunha os bastões na frente do corpo.
— Como você é mais alto que eu, deixei as suas mais compridas.
— O-Ok. Obrigado.
Kate vê a expressão engraçada de Ben e se diverte.
— Olha, lanças são as armas mais úteis que tem. Confia em mim. — ela oferece as lanças mais compridas para ele. — Sempre bom ter um plano B, certo?
Aos olhos de Ben, Kate ainda não tinha desapontado na questão de preparo — por isso ele aceita as lanças e as amarra na lateral da mochila, que nem ela. Ben entende que ela faz coisas por um motivo, e normalmente esse motivo vem da experiência em sobreviver que ele não tem.
— Claro.
Ela sorri.
— Lá fora ainda tá um pouco escuro. Podemos sair agora e chegar na clínica antes de o sol aparecer no topo da montanha.
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Mortos Revivem
Ficção Científica"Cientistas argentinos descobrem vírus milenar em geleiras da Patagônia" Essa foi a manchete que Kate leu na tarde de 30 de junho. Uma cepa antiga e mutada de vírus da raiva é descoberta na Argentina e se espalha pelas Américas em duas semanas, mata...