Capítulo XIII

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— Kate?

Ben, apoiado na porta do banheiro, rói as unhas.

— Kate? — ela continua não respondendo. Ele bate na porta mais algumas vezes e gira a maçaneta. A porta abre, e Kate não está lá dentro. — Kate? Cree?

Nenhum sinal deles.

Ben acordou desorientado de sono e demorou alguns segundos para perceber que Kate e Cree tinham desaparecido, junto com a mochila azul. E eles não estavam no banheiro, aparentemente.

Ela tinha ido embora. Kate tinha ido embora no meio da noite, sem se despedir, sem um bilhete sequer. E Ben sente-se completamente deprimido e cheio de medo. Finalmente quando tinha encontrado outro sobrevivente e depositara sua confiança nela...

Ben senta no degrau do topo da escada e afunda a cabeça nos braços. A garganta dele fecha. Ele ficaria sozinho de novo-

Então, a maçaneta de ferro da porta lá embaixo gira.

Ben se coloca em pé em um segundo, erguendo o taco de baseball.

Um pássaro preto pula para dentro quando a porta abre. E depois vem uma garota de capacete de hockey na cabeça.

Ben suspira aliviado, abaixando o taco. Kate fecha a porta atrás de si e parece surpresa ao vê-lo acordado e vigiando-a.

— Oi. Não sabia que você tava acordado já.

— Acordei agora.

— Ah. Tá bom.

Ben vê que ela traz debaixo do braço alguns galhos grandes das árvores lá fora, pelo menos quatro. Ele dá espaço para que ela suba a escada e os dois voltam para a sala do prefeito.

— Uh- — o choque ainda deixa Ben meio lento. — Já- Já comeu?

— Ainda não.

Kate coloca a mochila no chão e passa alguns gravetos para Ben. Ele acende o fogo e coloca a água dos chás para esquentar na ponta da lareira.

Ainda de dentro da mochila, Kate tira também uma das grandes e afiadas facas da loja de pesca. Ela senta no chão junto com seus galhos e começa a examiná-los com cuidado. Perto do sofá, Cree se lava num potinho com água, feliz.

Kate usa a faca para arrancar pedaços da madeira e moldar o galho, rapidamente, em um bastão comprido, e faz igual com os outros três galhos. Então começa a afiar um dos lados numa ponta perigosa.

Oh.

— Seu chá. — Ben lhe entrega a caneca.

— Obrigada.

Ela termina de afiar os bastões enquanto come biscoitos de flocos de arroz com Ben. Quando termina, levanta e empunha os bastões na frente do corpo.

— Como você é mais alto que eu, deixei as suas mais compridas.

— O-Ok. Obrigado.

Kate vê a expressão engraçada de Ben e se diverte.

— Olha, lanças são as armas mais úteis que tem. Confia em mim. — ela oferece as lanças mais compridas para ele. — Sempre bom ter um plano B, certo?

Aos olhos de Ben, Kate ainda não tinha desapontado na questão de preparo — por isso ele aceita as lanças e as amarra na lateral da mochila, que nem ela. Ben entende que ela faz coisas por um motivo, e normalmente esse motivo vem da experiência em sobreviver que ele não tem.

— Claro.

Ela sorri.

— Lá fora ainda tá um pouco escuro. Podemos sair agora e chegar na clínica antes de o sol aparecer no topo da montanha.

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