Cinquenta E Nove

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A notícia da morte de Kashy deixou o ar da casa um pouco mais pesado, apesar de poucos a conhecerem de verdade como Luke e Jonas. Eles cuidaram para que seus pais soubessem de forma calma e que ela tivesse um enterro descente. Isso aconteceu já faz alguns dias, meu anjo e Ed retornaram hoje, a algumas horas, embora eu mal tenha tido a chance de falar com Harry, devido a sua demorada reunião com Jav e Ed em seu escritório desde que chegara. 

O bebê de Kashy, o qual meu irmão e seu namorado se incumbiram de cuidar, com a permissão de Ed para ficarem algumas décadas a mais na terra, já que a grande guerra de centenas de anos fez os anjos serem levados ao céu mais cedo do que o que seria o tempo certo, está sendo cuidado em uma uti neonatal, sendo vigiado por Jonas, Luke ou até mesmo por mim, por precaução de caso algum médico suspeite de algo estranho sobrenaturalmente da criança, embora ela esteja basicamente como qualquer outra criança humana prematura. 

Um banho revigorante era tudo o que eu precisava para quebrar o clima sombrio que foi acompanhar o pequeno no hospital por quase todo o dia de hoje, meu irmão quer passar todo o tempo do mundo com ele, igual a Jonas, mas eles merecem um descanso. Saio do banho com a toalha ainda no corpo, eu me lembro de ter fechado bem a porta, como sempre, antes de entrar para o banheiro tomar o meu banho, mas pela forma escura que vejo ao lado da minha cama, imagino que eu deva ter me enganado e só recostado a mesma. 

- Oi - digo com a voz um pouco ansiosa. 

Caminho até a porta e tranco a mesma, assim me dando a chance de ter mais privacidade com meu anjo, embora não ache que ninguém aqui vá entrar sem bater, me sinto mais confortável assim, considerando as minhas vestimentas e o tempo que passei longe de Harry. Ele se vira para mim e percebo que o mesmo também tomara banho a pouco tempo, já que alguns pingos teimosos descem pela gola de sua camisa, a visão que só tenho por alguns segundos, antes que meu anjo pare à minha frente, passando de leve as mãos no meu cabelo.

- Você está bem? - meu anjo me põe acima de si mesmo, querendo falar de mim mesma, antes que falemos dele e de suas aventuras com o anjo ruivo, em busca de esclarecimento. 

- Estou. Estão tendo algum progresso? - pergunto com os olhos ansiosos, estou ansiosa pelos anjos, imagino como deva ser horrível não se lembrar de partes de sua vida. 

- Não tanto quando gostaríamos - meu anjo me diz sem tirar os olhos de meu rosto, levo menos de um segundo para perceber que a direção de seu olhar não é meus olhos como de costume, e sim a minha boca. 

Minha cicatriz no rosto me faz me sentir horrível às vezes, mas Harry parece não a notar, a dor dela e da cicatriz no pescoço está quase nula, raras as vezes que lembro delas sem me olhar no espelho, do tanto que estou acostumada com a sua presença. Apesar da falha na pele, que já está sarada o suficiente para eu tocar sem doer, Harry mantém o olhar firme na minha boca. 

Meus olhos seguem para a seus próprios lábios e um impulso vindo de meus pés, não muito bem calculado, faz a minha boca raspar com a sua. Harry segura minha nuca com uma mão, esquecendo o assunto anterior, nos concentramos no beijo, este que ficara mais e mais intenso a cada segundo. Meu anjo caminha as mãos por meus braços e um leve gemido me escapa quando seus dedos frios invadem a minha toalha por cima, assim fazendo o nó se soltar e a mesma ficar quase solta em meu corpo. 

Mantenho as minhas mãos nas costas de meu anjo, sem pensar duas vezes, levanto a sua camisa ao máximo que eu consigo, deixando claro as minhas intensões, Harry não demora a entender e logo todo o tecido está jogado no chão, me deixando abraçar o seu corpo seminu, sentindo o seu calor de encontro a minha pele ainda coberta pela toalha, a qual seguro com força. 

Eu sei que estamos nos controlando sobre o que queremos a algum tempo, e por mais que pareça que estou me levando pelo desejo, não quero e nem consigo me segurar mais. O beijo com mais força, com mais vontade, borboletas explodem de emoção em meu estômago, me deixando cada vez mais ansiosa pelo seu corpo, por sua alma, por ele inteiro. 

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