Capítulo Onze

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Meu sorriso se desfaz quando começo a perder a consciência, escuto a porta ser fechada e logo passos vem em minha direção correndo, os braços quentes me seguram e me levantam um pouco. Minha consciência está quase nada, e acho que finalmente estou indo. Luke, eu vou encontrar Luke. Vou encontrar Anny.

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- Eu... - escuto a voz de Harry dizer, ele está ofegante e parece muito cansado.

- Calma! - Ed diz rápido - Ela vai ficar bem, a gente não chegou tarde demais de novo. Você vai ver!

- Ela não pode, vocês tem que dar um jeito, ela não pode... - escuto uma voz conhecida, estou tão tonta que não consigo decifrar de quem é, pós não tem como ser de quem eu penso ser, eu acho que agora não tem mais nada, sem sofrimento, a paz eterna, vou ficar com quem eu amo, nunca mais vou ter que me preocupar com nada, vou finalmente estar livre. E a voz que escuto - se não for uma miragem - é a prova viva de que eu estou morta, ou morrendo pelo menos.

- Ela está morrendo! - Harry quase grita e eu perco a consciência de vez.

+ + +

Meus olhos pesam e eu os mantenho fechados. Minha cabeça está doendo e estou tonta, mas me sinto extremamente confortável. Eu queria que esse conforto representasse que eu consegui o que eu tentei, mas a dor de cabeça que surge repentina me diz outra coisa. Abro os olhos e vejo o quarto exatamente da forma que eu deixei. Não sei o que aconteceu, não sei como estou viva, lembro que alguém entrou, mas como ia conseguir me salvar sendo que os remédios já estavam fazendo efeito? Por que me salvaram? Por quê saíram sem falar nada? Sinto que foi tudo um sonho.

Me levanto devagar e percebo que estou um pouco tonta. Olho para o chão e o vidro com alguns medicamentos ainda estão no mesmo lugar. Me sento na cama mas logo levanto indo até a porta, trancando a mesma.

Vou até o banheiro e me olho no espelho, penso em jogar os remédios no lixo, mas não vou fazer isso, eu não pedi para que me salvassem, eu não quero mais viver, e não me importo em perder tudo o que nunca tive, Anny era forte, ela suportou tudo isso, não, não era, assim como eu, ela ia se matar. Ela só era uma criança em depressão com tendências suícidas, não queria que ela tivesse ido, mas parando para pensar, ela ia de qualquer forma. Provavelmente assim que eu me afastasse ela ia se matar. Ela era boa demais para esse mundo.

Ouço passos se aproximando do quarto e aperto o vidro rápido em minhas mãos, não quero mais, não quero mais ficar assim, prefiro ir de vez. Por que não? Ninguém gosta de mim. Por que quem gostava não está mais aqui.

Lembrar disso faz meus olhos encherem de lágrimas, não quero passar a vida sofrendo a morte de Luke, não quero mais chorar e nem ficar assim o tempo todo, eu não quero mais ficar assim. E só tem uma forma de eu conseguir me libertar de tudo.

A minha porta se abre e passos vem correndo em minha direção, pego os comprimidos e encho a mão com eles, levo a mão com os mesmos a boca mas Harry aparece correndo e puxa a minha mão para longe do meu rosto, fazendo alguns dos comprimidos caírem.

- O que você está fazendo? - ele pergunta, a sua voz é desesperada.

- Como você entrou aqui? - pergunto com os olhos cheios de lágrimas. Harry não me responde, ele tenta abrir a minha mão e eu tento não deixar. - Me solta! O que está fazendo aqui?

- Você não pode se matar! - ele fala a sua voz está triste rouca como se ele estivesse fraco por algum motivo. Olho para seu rosto e vejo que seus olhos estão tristes e cansados. As esmeraldas dos seus olhos sofrem, como as joias podem se perder seu olhar também parece perdido. Não entendo toda essa preocupação com uma estranha.

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