Trinta E Dois

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Deixamos o metamorfo sozinho com Harry, não sei o que ele faz, mas pelos gritos do bicho parece machucar bastante, é estranho imaginar um anjo, um ser da luz, agindo de maneira brutal. Mas o brilho que eu vi nos olhos do Harry antes de sair se parece mais com o fogo do inferno do que com a luz divina. 

Alguns minutos Harry volta e voltamos juntos para o colégio, me pego estranhando passar por tudo isso sendo uma estudante. Não consigo me preocupar com escola como antes, sinto que é algo tão pequeno e fútil se comparado a todo o mundo louco que me cerca. Chegado no dormitório, vejo Ed e Luke no mesmo. Não consigo segurar os passos apressados para chegar no meu irmão. 

- Quanto tempo - é a coisa mais besta possível, mas é a única coisa que consigo dizer a ele. 

Luke me abraça por um segundo e noto Ed desviar o olhar. Por mais que no momento seja estranho tal pergunta, me lembro de algo sobre ele que achei diferente dos outros anjos, na batalha que vi alguns meses atrás. Resolvo matar a minha curiosidade, sempre fui conhecida por ela mesmo.

- Por quê as suas asas são diferentes? - pergunto de repente, me lembrando da única vez que vi as asas do anjo. Ele pondera sobre a minha pergunta apenas alguns segundos, antes que me dê a resposta que tanto almejo.

- Eu não sou um anjo nascido - sua resposta me deixa ainda mais confusa, mas logo ele continua com uma rápida explicação. - Existem vários tipos de anjos, os anjos da guarda nascem, eles são como uma força da natureza, nascidos para dedicar as suas vidas imortais a ajudar a humanidade. Existem outros tipos de anjos também, mas eu sou um da guerra. Sou um anjo criado por Deus para manter a ordem em todos os lugares, fui criado para governar, e guerrear se for preciso, entre os anjos de todos os tipos. Me ditam como o anjo da Guerra, mas prefiro pensar em mim e aos meus companheiros como anjos da Paz. 

Harry da de ombros e Luke faz um gesto estranho com a boca. Me pergunto o quão forte esse anjo de asas brancas é, e mesmo com a minha recente descoberta de poder, me sinto fraca perto dele. Acho que até meus anjos da guarda favoritos se sentem. Ed e Harry falam que vão dar fim a toda essa loucura, sem muitas despedidas, eles se preparam para me deixar na segurança de meu irmão, e na companhia dele e de Hellen.

Harry e Ed abrem a porta e saem, provavelmente somem assim que saem de meu campo de visão, estou muito extasiada para ir checar. Minha colega de quarto aproveita a deixa e sai avisando que vai para a bicicleta, a porta foi fechada na saída dos anjos então simplesmente encaro o meu irmão e pergunto tudo o que posso, mesmo sabendo que poucas vão ser as perguntas respondidas. Meu irmão ficou aqui para não me deixar sozinha, segundo Ed ele é bom em comunicação então vai nos manter informados, caso algo dê errado. Mas não acho que vão falar conosco a não ser que seja extremamente necessário, sinto como se Ed tivesse trago Luke mais como um presente para a gente, para podermos matar um pouco a saudade um do outro. Seja qual for o caso, eu agradeço.

Meus pensamentos se mudam de Ed para Harry, e a forma como me falou que posso me comunicar com ele quando quiser. Eu tentei hoje mais cedo, mas falhei miseravelmente, então tenho uma ideia.

- Quero ajuda em uma coisa. - falo um tanto quanto seria para meu irmão.

Luke tem a total atenção enquanto lhe digo que quero ajuda para aprender de alguma forma a entrar na cabeça de Harry, e de quem mais for preciso. Meu irmão concorda em me ajudar e depois de várias perguntas bobas que faz sobre meu bem estar e minha vida em geral - diz que quer se manter informado de tudo o que acontece comigo, porque apesar de tudo ainda é meu irmão e ainda se importa, o que para ser sincera me deixa bastante comovida embora eu não demostre - se senta na cama da minha coléga, do outro lado do quarto. 

- Nina, você vai ver que é simples, só precisa se concentrar, só precisa pensar no que quer me dizer e imaginar essa informação caindo de paraquedas na minha mente. - Ele dá um sorriso. Realmente do jeito que ele falou pareceu ser fácil, mas depois de quase dez tentativas de colocar uma frase como "escutou isso" na sua cabeça, percebo que é mais complicado do que imaginava. Me pergunto se Harry ouviu algum chamado meu hoje mais cedo ou se foi conscidência falar comigo naquela hora. 

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