Capítulo Um

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- Oi - fala Luke da porta do meu quarto. - Como você está? - pergunta suavemente.

Seu rosto tem uma expressão calma e um pouco triste, Luke sempre fica assim quando algo do tipo acontece. Mas parece que só ele se liga nisso, de ficar se preocupando comigo, nem que seja uma vez na vida, meus pais sempre me tratam mal. Não tenho amigos e só com quem eu posso conversar e contar é Luke. Meus dias se perdem em um mar de tristeza e solidão, não requedira por minha parte, isso é o pior de tudo. Não tenho como evitar esse isolamento.

- Oi? - falo assim que chego em casa. Que pelo visto está vazia.

Ando até o meu quarto e começo a fazer a tarefa de química, não me dou bem com a matéria, mas acho que se me esforçar consigo tirar notas boas. A última vez que tirei notas a menos de sete nessa matéria, mesmo nas outras conseguindo boa nota, meus pais brigaram muito comigo. Não sei por que, seis e meio não é tão ruim. Minha cabeça falta explodir diante da hipocrisia deles em me cobrar algo quando parecem nem ligar se estou viva.

Passo um tempo no meu quarto até resolver ir para a sala, para ver se Luke já chegou, ele depois da escola foi sair com alguns amigos, eu não fui por que tenho a impressão que os amigos dele não gostam de mim e só me aturam por causa que eu sou irmã dele. Não tenho a impressão, tenho certeza. Certa vez até conversei bastante e joguei jogos de tabuleiro sentada ao lado de meu irmão e seus amigos, mas com sua saída, mesmo que só para buscar água, senti olhares de nojo para cima de mim. Me senti uma pequena formiga num ninho de vespas. Não contei isso ao meu irmão, ele se esforça para me ajudar no lado social e não quero que pense que estou não ligando para seu esforço.

Olho no meu celular e vejo que é tarde.

- Nina! - grita minha mãe quando estou guardando meus materiais de volta na mochila. Pelo seu tom de voz sei que fiz alguma coisa errada, ou melhor, vão falar que fiz algo errado.

- Já estou indo! - falo na altura o suficiente para que eles ouçam no cômodo ao lado. Assim que termino de guardar tudo vou até eles só para encontra-los super zangados.

- O que você faz na escola?! - pergunta meu pai - Por que suas notas estão horríveis! - ele fala com a voz bem irritada. Seus olhos brilham de uma forma única quando olha para minha mãe, e mais ainda quando olha para Luke. Mas comigo não vejo brilho, é como se sua vida se esvaise e ele virasse um fantoche cheio de ódio e podridão dentro de si. Todo o seu lado ruim é voltado para mim.

- Mas eu tirei notas boas esse ano! - me defendo.

- Não quero saber, seu professor me falou muito mal de você e eu já não aguento isso! - fala meu pai irritado.

- Ele não gosta de mim, eu não fiz nada de errado! - Minha voz sai quase alta demais, minha mãe me olha com os olhos arregalados e sinto uma dor emocional forte ao lembrar o que aconteceu na última vez que perdi o controle. Quase fiquei sem família e sem movimentos na mão de tanto que bateram nela. Eu tinha dez anos.

- Então atacar o professor e tacar suco em todos os seus documentos não é errado?! - meu pai começa a gritar e eu me assusto, as lágrimas já vem e não tenho força para as impedir. Viro o rosto na tentativa de as esconder, mas só piora a situação.

- Fique de frente para nós, tá com medo de encarar a verdade sobre o desperdício que você é?! - grita minha mãe pondo a mão em meu queixo o puxando para cima, para fazer-me a encara-la. Desde muitos anos atrás ela fala coisas assim, que eu sou um desperdício de tudo. Que destruo tudo o que toco, não vejo assim. Todos ao meu redor parecem sempre tão felizes, quando não estão me atacando é claro.

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