Capítulo Sete

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Minha respiração falha, minhas mãos tremem, minhas pernas fraquejam e eu me sento na cama para não cair, minha boca está formada em um completo "O". Isso não pode ser verdade. Mas também não vejo outra explicação senão. Não tem como eu tacar água no celular e não lembrar, é meu único meio de distração, eu não me esqueceria disso.

Lembro dos olhos verdes hipinotizantes que vi, dos cabelos que ficaria nos ombros, flutuando na água. E do rosto acima do meu, os cabelos espetados para cima. E da minha tentativa de não me afogar em vão, da minhas forças se acabando e eu desistindo. Mas a cada segundo essas lembranças se tornam mais profundas e distantes, como um sonho que você vai esquecendo aos poucos mas não totalmente. Estou em conflito comigo mesma sobre isso, não consigo entender.

Olho novamente para o meu celular e tiro a capinha e em seguida a bateria, tem água nele. Mas isso não prova nada, eu posso ter vindo para cá e deixado ele cair na pia do banheiro, ou... Não sei, mas isso não pode ser real.

Se fosse, quem seria o homem de olhos verdes e cabelos longos que me salvou? E, ele me salvou? Quem me prendeu na água? Não, não foi ninguém, por que, isso foi uma alucinação, eu devo ter visto alguma sombra, e pensei que fosse um homem, devo ter caído sozinha e o desespero me deixou confusa, me fazendo pensar que tinha alguém me impedindo de nadar, eu devo ter visto esses rostos por causa daqueles homens que vi.

Devo ter caído na água e alguém me socorreu, me trouxe aqui e trocou minha roupa. Mas em meu corpo não tem sinal algum de afogamento, e se alguém tivesse me achado me afogando teriam me acordado certo?

Meus pensamentos estão confusos e a cada vez que eu começo a pensar que foi só um sonho, vejo meu celular molhado por dentro. Sim eu caí na água com ele. Isso não foi um sonho. Mas também não foi inteiramente verdade, não tem como ter sido.

Penso nos homens que vi aqui ontem, eles estavam no jardim, pouco antes de... Eles mataram a Anny? Só tinha eles lá. Fico nos meus pensamentos conturbados até olhar para o despertador de Anny novamente e ver que já é quase hora de começar as aulas, mas não acho que vá ter hoje.

Me levanto e vou ao banheiro do quarto, me dispo e entro na água, é quente e relaxante, mas não consegue limpar minha meus pensamentos, não conseguem me fazer entender o que está acontecendo.

Junto minhas pernas ao corpo as abraçando, ponho meu queixo nos joelhos e tento achar uma explicação para tudo, o que mais me frustra é que não acho, não acho nada, nada que possa entender! Não entender o que aconteceu consigo mesma é uma droga.

Termino meu banho e vou até o quarto, visto o uniforme daqui, e término de me arrumar, não posso faltar as aulas hoje de novo, deixo o meu cabelo solto e ponho só uma base para vê se melhora minhas olheiras, nunca fui de usar maquiagem, mas mesmo assim tenho, por que muitas foram as vezes que eu precisei passar para disfarçar as olheiras, os olhos inchados de chorar,  ou algo do tipo.

Me sento na cama e espero ouvir alguma movimentação no corredor, não há nada. Me levanto e vou até o mesmo. 

+ + +

Os corredores estão vazios. Ando pelos mesmos, mas deixo as coisas das aulas no quarto, sinto um certo frio, mas ignoro, devia ter pego uma blusa de frio, nem que fosse a do uniforme, não percebi que o tempo estava com temperaturas tão baixas antes de sair do quarto, ele deve estar abafado por nunca abrir as janelas.

Pelo que eu sei, é a hora do café da manhã por aqui, poderia comer no quarto, mas vou ter que sair de qualquer forma para comprar a comida, ou pegar algo no refeitório já que tenho a leve suspeita de que os alunos só podem sair finais de semana e com autorização, e voltar para o quarto, mas depois do que aconteceu não quero ficar sozinha nele. Na verdade não quero ficar sozinha em lugar nenhum. Eu quero meu irmão comigo.

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