Trinta

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Meus passos vão de encontro aos seus assim que avisto a cabeleira levemente cacheada de Harry. Minha expressão ao o ver pela primeira vez não é de exata alegria, Harry pouco me visitou nesses últimos meses, e por mais que eu tenha sentido a falta de um amigo, o que me preocupa de verdades são os últimos acontecimentos. 

- Quanto tempo - não deixo de lhe soltar uma indireta. Harry não parece com o mesmo tipo de humor negro que o meu, já que solta um sorriso de leve, deixando leves covinhas aos lados de seu rosto. 

- Mais do que eu gostaria, de verdade Nina. - Seu tom é sério, me pergunto o que aconteceu com ele nesse meio tempo. 

Não sei como as coisas funcionam nesse mundo louco de anjos e seres sobrenaturais, só sei o pouco que me contaram, e não posso fazer muito com ele, a mais do que ficar imaginando mil e uma possibilidades. Seus olhos tem um verde dominante, como uma planta selvagem e ao mesmo tempo a calmaria de um oceano.

- Jav está planejando uma coisa selvagem, algo que os anjos jamais fariam, ele está apelando até ao uso e descarto de humanas inocentes. 

- Eu sei, e Keshy é uma delas. 

Assim como eu já esperava, as minhas palavras não lhe causam um efeito de choque ou algo do tipo. Harry não me conta tudo sempre, o pouco que descubro sozinha é só a cabeça das informações que os anjos não me contam.

- Eu não... não queria te preocupar, você já tem muito com o que lidar sem ter toda essa confusão de anjos e demônios ao seu redor. 

- Fala do fato de eu ser completamente odiada graças a uma maldição que foi lançada muito antes de eu sequer nascer? - Minha sobrancelha se arqueia, meus olhos ainda não deixaram os seus e vejo seu olhar sobre mim como o de um gato ao ver um objeto curioso. Talvez ele tenha passado muito tempo sem mim, tanto que esqueceu meu jeito. Talvez eu quem esteja mudando. 

- Nina eu não vou faltar com a minha palavra, acredite, nesses meses o que mais fiz quando não estava te vigiando era procurar uma solução.

Meu coração bate com um pouco mais de força, meu peito se aquece com a descoberta de que nesse tempo, além de todos os problemas que ele tem que resolver, nessa verdadeira guerra entre seres de poder inestimável, esteve procurando uma solução para lidar com os meus problemas, para cumprir a promessa que nem ao menos devia ter feito. Minha relação social não deve ser nem de perto a maior preocupação dos seres celestiais agora, e a sua ajuda me fez gostar ainda mais da amizade de Harry. 

Mas um outro ponto do que ele disse também prendeu a minha atenção, e por mais que eu queira o agradecer imensamente pela ajuda, a outra parte da conversa parece ser importante o suficiente para eu tocar no assunto dela primeiro, com medo de que eu possa esquecer o assunto se deixar para mais tarde. 

- Como assim estava me vigiando? - minha voz sai cautelosa demais, apreensiva demais. 

- Eu sou um anjo da guarda acima de tudo Nina, não posso te deixar sem proteção, não posso te abandonar, então sempre passava só para ver se estava tudo bem com você, nem sempre eu podia ficar para uma conversa. Eu podia usar a nossa ligação, mas não quis invadir a privacidade de seus pensamentos.

- Se eu quiser então eu posso tentar falar com você mentalmente? - Pergunto pela primeira vez pensando de verdade na possibilidade. 

- Isso seria ótimo, me economizaria um tempão. - diz sorrindo de leve. 

Estamos no gramado da escola, em uma parte mais isolada do jardim, por mais que saiba que Harry pode simplesmente se fazer sumir e falar comigo em publico, não quero ser dada como louca por ser vista falando sozinha por aí. Me sento um pouco na grama e olho para algumas flores que tem em frente ao enorme muro desse lugar. Mais parece um muro de uma prisão. 

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