Capítulo Vinte

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[N/A: esse capítulo não será narrado por Nina, como estão acostumados, terá um ponto de vista diferente e contará um pouco sobre outra personagem :3 espero que gostem. <3 Boa leitura.]

***

Anos atrás 

Ela anda em meio a varias pessoas, mas ela se sente sozinha, como se não tivesse ninguém ao seu redor. Mais sozinha que nunca. Pessoas falam com ela, pessoas tentam a acalmar, mas é impossível, se sente cansada, morta por dentro, completamente destruída, cansada demais para falar para qualquer um ali uma só palavra, se sente perdida e é como se a sua existência não importasse nada.

Ela olha para onde Lucy está, imóvel, deitada naquela famosa e odiada posição em que os mortos ficam, sua querida amiga. Nunca mas vai poder fazer nada com ela, as novidades alegres que elas trocavam passam por sua mente, as vezes que choraram juntas uma pela outra, as vezes que trocavam conselhos que nem sempre eram os certos, as noites em claro ao telefone, tudo passa pela sua cabeça.

Vem a sua mente que esses momentos nunca mais vão se repetir, que ela se foi para sempre, a sua ficha começou a cair e seus joelhos cedem, amolecem e ela se vê no chão, ao lado do caixão de madeira pintado de branco com detalhes femininos, Lucy tem o rosto neutro, o nariz um pouco pontudo demais, o rosto meio arredondado, sobrancelhas volumosas bem cuidadas e aparadas, seus olhos estão fechados e sua expressão é neutra, como se tivesse apenas dormindo.

- Você fez a sua escolha... espero que onde quer que esteja... esteja... melhor do que estava aqui.

Diz em voz baixa. Quando a deram a noticia não acreditou, sua ficha não caiu até o momento que viu os pais de Lucy, chorando desesperadamente se abraçando, só quando até a pessoa mais sorridente estava tentando segurar as lágrimas para tentar consolar os outros. E foi nesse momento que se lembrou de seu sonho, aquele sonho estranho que tivera poucas horas antes. 

O sonho descreveu exatamente a cena do ocorrido segundo os investigadores, mas tinham alguns detalhes a mais, detalhes que só ela mesma ou Lucy sabia, mas não tem como ela provar o que realmente aconteceu, e é melhor ela ficar sozinha com a verdade.

"Lucy caminha pela noite escura e sombria, está só e se sente pior do que já esteve qualquer vez em sua vida, seus olhos podem estar secos, mas está chorando por dentro. Está se sentindo destruída e só. Isso já é normal para ela, já está se acostumando a se sentir um nada. 

Todos acham que é uma pessoa alegre, mas ela na verdade está bem longe disso. Todos falam que ela é linda, mas ela não concorda com isso. Seu nariz é um polco pontudo demais, seu lábio superior um pouco maior que o inferior, seu queixo é um pouco pequeno e seu rosto arredondado, a pele pálida tem muitos sinais. Está - sempre esteve - desgostosa com a sua aparência. Ela pensa em como ficaria se seu corpo já não funcionasse, se sua alma já não nele estivesse.

Não tem muitos amigos, mas os que tem são os melhores, é muito caseira para uma menina de treze anos. Costuma sair para tomar ar mas nunca vai muito longe de casa, não depois do ocorrido, está praticamente em frente a sua casa, ela precisava tomar um ar e se acalmar, era sempre assim quando ficava estressava demais ou pensava no que aconteceu, e nesse momento estava excessivamente estressada e deprimida. 

Lucy sente alguns passos atrás da mesma, mas não se vira, responde pensando ser seus pais: 

- Estou só tomando um ar, daqui a pouco eu entro, sabe que não gosto que fiquem  no meu pé, que merda!

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