Collision

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Hoje

Nova York

Teatro Gershwin

Primeiro dia de ensaio

Corro pela calçada movimentada e um suor nervoso surge nos meus lugares menos glamorosos.

Niall, meu colega de apartamento/conselheiro, está convencido de que nunca deixei de gostar dele, mas isso é besteira.

Deixei totalmente.

Deixei há muito tempo.

Atravesso a rua com pressa, desviando do trânsito frenético de Nova York, vários motoristas de táxi me xingam em diversas línguas. Saio mostrando o dedo do meio alegremente, por que estou bem certo de que isso significa "vai se foder" no mundo todo.

Olho para o relógio quando entro no teatro e sigo para a sala de ensaios.

Droga.

Cinco minutos atrasado.

Quase posso ver o olhar de prazer na cara do idiota, e fico aterrorizado por estar com uma vontade avassaladora de dar uns tapas nele antes mesmo de colocar os pés na sala.

Paro do outro lado da porta.

Consigo fazer isso. Consigo vê-lo e não desmoronar.

Sei que consigo.

Suspiro e pressiono a testa contra a parede.

A quem estou enganando?

Sim, claro, posso fazer uma peça romântica com o ex-namorado que partiu meu coração, não uma, mas duas vezes. Sem problemas.

Bato a cabeça contra a parede.

Se houvesse um "Reino de Grande Idiotas", eu seria o rei.

Respiro fundo e solto o ar lentamente.

Quando minha agente ligou com as novidades dessa grande chance na Broadway, eu devia ter imaginado que não seria tão simples assim.

Era a primeira peça homossexual que seria exibida no palco principal com todo o glamour de uma peça "normal", segundo Cliff McGuiness, meu ex-colega de apartamento. Não que eu mantenha contato com ele, ele apenas foi alguém que me ajudou em tempos ruins.

Ellie, minha agente, vibrou comigo por causa do ator que também havia sido escolhido.

Harry Edward Styles: o atual It Boy do mundo do teatro, um dos atores mais bem sucedidos. Tão talentoso. Vencedor de prêmios. Adorado por fãs histéricas. Insuportavelmente lindo.

Claro que ela não sabia sobre a nossa história. Por que saberia? Nunca falei sobre ele. Na verdade, eu me afastava quando outras pessoas mencionavam o nome dele. Era mais fácil de lidar quando ele estava do outro lado do mundo, mas agora ele está de volta e ameaçando o trabalho dos meus sonhos com sua presença.

Típico.

Canalha.

Jogar esse jogo não vai ser fácil, mas é preciso.

Seco o suor da minha testa com as costas da mão e arrumo meu cabelo, quando percebo o que estou fazendo me irrito. Será que eu não aprendi nada? Cogitar ficar bonito para ele? Pelo amor de Deus, Louis.

De olhos fechados, penso em todas as formas como ele me magoou. Suas razões idiotas. Suas desculpas esfarrapadas.

A amargura toma conta de mim, e suspiro aliviado. É desse isolamento que preciso. Tudo isso traz à tona minha raiva. Rapidamente me envolvo com ela como ferro e me consolo com o fervor da agressividade.

Rosing Star (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora