Hopeful Indifference

88 5 0
                                    


Seis anos antes; 

Westchester, Nova York; 

Grove.

Duas semanas. Duas semanas sem falar com Harry. Duas semanas em que cada olhar tem sido furtivo e ligeiro. Não posso dizer que o efeito que ele tem sobre mim esteja diminuindo, mas certamente estou ficando melhor em ignorá-lo. 

Só quando sou obrigado a olhar para ele é que meu controle vacila. Quando fica na frente da sala para atuar, o magnetismo profundo que me puxa para ele entra em modo turbo e tenta destruir minha determinação. 

É nesses momentos, longos e surreais, quando só consigo pensar no quanto eu ainda o quero, que os muros de ferro fundido em torno de mim ameaçam se dobrar. 

Então, aumento o volume da minha amargura e, num instante, a raiva vira minha proteção. Ela faz a enchente de desejo descer pelo ralo. 

As atuações dele são sempre boas, mas reviro os olhos quando percebo que ele continua se reprimindo, mantendo aqueles últimos pedaços frágeis de si mesmo escondidos em segurança, impedidos tanto de se estilhaçar quanto de brilhar. 

Quando Harry termina, aplaudo com todos os outros, mas aplaudo mais suaauto ilusão que sua atuação.

Bravo por fingir mais uma vez, Harry. 

Você é uma perfeita cópia falsificada de alguém que eu acreditava amar. 

**

Estamos cantando alto. Girando e dançando depois de ter fumado um pouco da maconha que Lucas cultiva em casa. A aula não começa antes de meia hora, e estou alegre porque faz tanto tempo que eu não ria assim que não quero que acabe. 

Não sei como conheço a letra de "Can't Take my Eyes Off of You", mas conheço. Todos nós a conhecemos. 

Somos horríveis e desafinados, mas um pouco do peso que tenho carregado em meu peito desde o rompimento está finalmente diminuindo. Zayn  me gira na direção de Liam. Ele pega minha mão e me passa para Lucas. Jack abraça nós dois e acaricia meu cabelo. Lucas grita para chamar a atenção de Connor, e então me joga em seus braços. Connor ri quando se desequilibra, e de repente estamos no chão. Todo mundo está rindo. Connor está com os braços em torno de mim, e enquanto eu rio com ele, seu sorriso se desmancha lentamente, como tinta escorrendo por uma tela. 

Ele me olha fixamente, e antes que eu dê por mim, também não estou mais rindo. Seu rosto está perto demais. Sua expressão está suplicante demais, enquanto ele canta para mim sobre eu ser bom demais para ser verdade. 

Durante vários segundos, acho que ele vai me beijar, mas em vez disso ele cai para trás e me puxa contra seu peito. As pessoas cantam e dançam à nossa volta, como se fôssemos o centro de algum bizarro ritual pagão, e apesar da sensação de que está errado ficarmos assim tão íntimos, permaneço quieto, testando minha reação. Ele é quentinho e cheira bem, e gosto do jeito como ele acaricia meu braço de leve.

Mas não o quero. 

Quando Harry terminou comigo, enchi todos os vazios que ele deixou com concreto. Isso me protege de ter sentimentos muito intensos. Por outro lado, não sobrou espaço para mais nada, nem ninguém. 

Fecho os olhos. Tudo o que me vem são imagens de Harry. 

Eu me sinto claustrofóbico. 

— Ei, você está bem? — Connor está preocupado. Eu também estou. 

Aquela é a voz errada. O rosto errado. Quero estar em outros braços. Ter outro coração batendo sob minha mão. 

Fico de pé e cambaleio até o bebedouro. 

Rosing Star (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora