New Roles

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Hoje

Nova York

Noite do encontro


Quando Harry e eu voltamos para a mesa depois do nosso encontro no banheiro, há um conjunto de jazz tocando num canto. O som entristecido do sax passa por nós enquanto a cantora de voz rouca diz o primeiro verso de "Nature boy".

"There was a boy ... a strange romantic boy ..."

Eu bloqueio a canção. Realmente não preciso de mais toques sentimentais na minha noite.

Harry olha para mim e, pelo arrepio que me percorre minha espinha, sei que ele está prestes a dizer algo que vai me deixar desconfortável.

— Dance comigo. — ele diz baixinho.

Não é um pedido.

— Hum... por quê?

Ele sorri e observa alguns casais na pista antes de olhar de volta para mim.

— Porque há coisas que preciso dizer para você, mas não quero que fiquemos separados por esta maldita mesa. — ele toma um gole de vinho e encara os próprios dedos. — Quero ficar perto de você.

Só essa ideia me deixa irritado. Não porque não quero dançar com ele, mas porque quero tanto que dói.

Tomo um gole de vinho. Um gole grande. É inútil. Não há vinho suficiente no mundo que me ajude.

Em um estado de terror crescente, observo Harry ficar de pé e caminhar ao redor do meu lado da mesa.

— Acho que não devemos.

Ele segura minha mão.

— Por favor, Lou.

Baixo o olhar para essa mão. A mão quente e perfeita de Harry. Há uma esperança tão frágil em seus olhos. É impossível dizer não.

Nossas palmas se tocam e nossos dedos se entrelaçam. Eles se encaixam mais perfeitamente do que lhes é permitido.

Ele me guia para a pista de dança e me leva em seus braços. Suspiro sem querer.

— Lembra a primeira vez que dançamos juntos? — ele pergunta com a boca perto da minha orelha.

— Não. — nego porque quero ouvir sua versão dos acontecimentos.

— Foi na noite que fizemos aquele comercial para aquele restaurante na rua 28, lembra? Você, eu, Lucas e Zoe fomos escalados. Todos deveríamos ser jovens, descolados e apaixonados.

— É, mas meu par era o Lucas e você estava com aquela Barbie que não cansava de se atirar em você. Ela colou em você que nem sarna.

— Você morreu de ciúme.

— Olha quem fala, o homem que passou a noite parecendo querer arrancar o braço do Lucas.

— Ele estava quase pegando a sua bunda.

— Ele era seu amigo.

— Ninguém que te toca assim é meu amigo.

Eu me lembro bem do ciúme dele. No começo achei que sua possessividade era sexy. No final, foi apenas mais um prego no caixão.

— Lembra que puseram uma garrafa de vinho na nossa mesa para usar como objeto de cena? — eu pergunto para preencher o silêncio. — Lucas a abriu com seu canivete.

— Ah, foi.

— Então ele bebeu tudo sozinho e vomitou na Zoe inteira. 

Ele se afasta para olhar para mim enquanto ri.

Rosing Star (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora