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Hoje

Nova York

Final do quarto dia de ensaio


Quando entro no meu apartamento encontro ruídos de florestas tropicais. Uma desgraça de som de água correndo e cantos de pássaro com alguma merda irritante melódica/eletrônica que me faz querer arrancar os cabelos.

— Porra. 

— Ouvi isso. — diz uma voz muito relaxada da sala. — Por favor, não polua nosso santuário com linguagem agressiva. Está cortando meu barato.

Minha exaustão emocional cai sobre mim como um cobertor de chumbo. Jogo a mochila no corredor antes de andar como um zumbi até a sala e despencar no sofá.

— Por favor, desliga essa merda — suspiro quando viro minha cabeça e olho para o teto. — Não é relaxante. Me faz querer torturar cachorrinhos. E você.

Meu colega de quarto, Niall, está sentado num tapete grande na minha frente, pernas cruzadas, mãos nos joelhos. Seus olhos estão fechados e sua respiração é regular e controlada. Está usando um minúsculo short. Nada mais. Levo um século para refletir sobre quantos anos de ioga esculpiram seu um metro e setenta e três no suprassumo da perfeição masculina.

Diferentemente de mim, ele é o epitome de um desgraçado de um zen.

— Dia ruim? — ele pergunta.

Passei a maior parte do dia me esfregando com meu ex-namorado bem atraente de quem eu ainda não deixei de gostar nem remotamente. Ruim não é nem apelido.

— Você não faz ideia.

Niall abre os olhos e me avalia com um olhar.

— Ai, Deus, Lou. Seus chacras estão uma bagunça. Que diabos aconteceu?

— Harry e eu nos beijamos.

Minha voz está cansada e grasnada, meu cérebro está derretendo. Estou tão transtornado que mal consigo falar.

Niall suspira e balança a cabeça.

— Louis, depois de tudo que conversamos. Depois que você jurou que não ia se enfiar em nada com ele de novo. Depois que você escreveu o Juramento da Autopreservação...

— Não foi espontâneo, Niall. Foi parte da cena.

Ele desliga o som. Graças a Deus.

— Ah. E?

— E...

Ele está esperando, mas não consigo falar. Se abrir a boca, um furacão de amargura vai passar por mim e arrancar minha carne.

— Lou?

Balanço a cabeça. Ele sabe. Ele se senta ao meu lado e me envolve em seus braços.

— Meu querido. — ele suspira quando eu o abraço como se ele fosse a única coisa ancorando à realidade.

— Niall, eu estou tão fodido.

— Você sabia que isso ia ser difícil.

— Não tão difícil.

— E quanto a ele? Como ele está lidando com as coisas?

— Ele está sendo um babaca.

— Sério?

— Não exatamente. De modo geral ele está sendo semidecente e preocupado, mas isso é quase pior. Não sei como lidar com ele assim.

— Talvez ele tenha mudado.

Rosing Star (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora